Pesquisar neste blog

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Imperdível!!!

A revista FFW Mag! traz um suplemento com mais de 150 páginas sobre Carmen Miranda. São textos (Ana Maria Bahiana, Caetano Veloso, Hermano Vianna, Pedro Alexandre Sanches, etc) e fotografias incríveis num resultado impecável. Tudo muito bem cuidado em mais de 150 páginas (só o suplemento), incluindo as reproduções dos artigos em inglês. É realmente uma preciosidade em tempos da comemoração dos 100 anos de imortalidade de nossa Carmen.

Agora é correr para as bancas e garantir um dos 40.000 exemplares.
Revista e suplemento não podem ser vendidos separadamente.
Site da revista: http://www.spfw.com.br/mag.php
Está realmente imperdível!!!

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Uma peça de estética camp?

Medida por Medida, montagem de Gilberto Gawronski para o texto de William Shakespeare, traduzido por Bárbara Heliodora, em cartaz até março no Teatro I do CCBB do Rio de Janeiro, é um bom exemplo de “espetáculo de diretor”.
Coerente com sua carreira, Gawronski assume os riscos de montar uma peça clássica sem ficar preso em academicismos. Interpretado a partir da ótica queer, que, segundo Guacira Lopes Louro, autora de Um corpo estranho – Ensaios sobre sexualidade e teoria queer” é o estranho e o esquisito, Medida por Medida ganha elementos importantes para sua fruição.
Reduzi-la a uma "peça gay" - Gayspeare -, como foi aventado, é certamente um reducionismo. Ler a peça a partir da teoria queer, amplia-lhe os nuances. A proliferação de elementos diversos me levou a tal leitura.
Queer é também “o excêntrico que não deseja ser integrado”, daí identificarmos na peça o clima de ludicidade e sado-masoquismo que atravessa seus cinco atos. Como o chicote indefectível que Ângelo (Ricardo Blat) usa a todo o momento, além do perturbador figurino concebido em couros, correntes e afins.
Já a atuação do debochado Luis Salém como o Duque de Viena e a presença cênica do afetado Lúcio (Celso André), e mesmo a do romântico Cláudio (Gustavo Wabner), preso, em pose à la São Sebastião, numa cela que mais faz lembrar uma “gaiola” de boate gay, reforçam a atmosfera queer, já que, para Guacira, “o sujeito da sexualidade desviante” – homossexuais, bissexuais, transexuais – também é queer.

Não é estranho, portanto, que Gawronski tenha recorrido a um elenco todo masculino, mesmo para os papéis femininos. Tanto para nos remeter ao modelo elisabetano, quando mulheres não subiam ao palco, como para acentuar a intenção caricata e drag, incorporando o desconforto da ambiguidade queer. Tudo isso se contrapõe, ou nem tanto, às inúmeras referências religiosas, a contar do título (trecho de passagem bíblica).
Tal “mistura” mostra que o diretor optou por entregar ao público um imbricado jogo de luz e sombra neobarroco. Problematizando o dualismo das relações entre o privado e a ordem pública e para impor leveza ao destino trágico dos fatos, o diretor faz girar a hipocrisia humana. Tudo sublinhado pelo exagero queer das insinuações de corpos nus embalados por Madonna, Cyndi Lauper, etc., causando estranhamento e provocação.
Com suas escolhas, a direção não nega que ainda hoje há opressão do Estado sobre o indivíduo, mas aponta que quem faz as leis são os indivíduos. Gawronski compraz-se no suplemento e nos detalhes para dar um choque nas falsas honras que cercam os autores canônicos, sem se perder em digressões tolas, nem se deixar engolir pelo texto.

Texto publicado no site Mix Brasil em 06/02/2009
http://mixbrasil.uol.com.br/mp/upload/noticia/3_51_71158.shtml

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
= Peça Hitchcock Blonde - Boas idéias, mas com resultado duvidoso. A tentativa de unir linguagens (cinematográfica e teatral) se perde no exagero do desejo de deixar tudo muito claro.
= Filme Doubt (Dúvida) - Fotografia, posicionamentos de câmera, (quase nenhuma) trilha sonora, atuações excepcionais e texto/roteiro precisos dão a este filme um clima absurdamente tenso e denso, para mostrar as incertezas que nos acompanham na surdina.
= Exposição Rico Lins: Uma gráfica de fronteiras - Coletânea de trabalhos do designer. Oportunidade de visitar uma exposição bem apresentada de um profissional que não se contenta com pouco. Até 15/03, na Caixa Cultural-Rio.
= Exposição Vik Muniz - O MAM-Rio abriga até 08/03 a exposição deste artista que aborda, de forma engajada (pelo material utilizado), mas sem panfletarismos, a significação e a importância da arte. As montagens de Vik Muniz ampliam e incomodam a percepção do nosso mundo contemporâneo.
= Exposição Roberto Burle Marx 100 anos: A Permanência do Instável - No Paço Imperial até 22/03 é possível ver como a obra deste paisagista vai muito além das fronteiras dos jardins. Pinturas, maquetes, tapeçarias, jóias e projetos diversos dão a amplitude do grande artista.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias

Livro: Literatura Brasileira em foco/O eu e suas figurações - Reunião de ensaios dos professores do Curso de Especialização em Literatura Brasileira UERJ. Os textos versam sobre a escrita em primeira pessoa e têm revelância devido às atuais revisões teóricas e críticas do tema.

Cinema: O cinema de François Truffaut - Mostra que oferece boa oportunidade de (re)ver os filmes deste que é um dos grandes diretores que criou discípulos. Até 08/02 na Caixa Cultural.

Cinema: Madagascar 2 - Tudo soa a imagens já vistas em outros filmes do gênero. Uma mistura de Rei Leão com Selvagens.

Cinema: The Curios Case of Benjamin Button - Importante material de discussão filosófica sobre o tempo, o conto de F. Scott Fitzgerald recebe tratamento adequado nesta adaptação para o cinema. Destaque (sempre) para as atuações de Cate Blanchett e Tilda Swinton.

Exposição: Brasil Brasileiro - O CCBB reúne 2 séculos de pinturas que mostram como a paisagem do Brail impactou nossos artitas. A mistura de técnicas e a variedade de artistas, além de pinturas que entraram para a nossa história, valem uma visita cuidadosa. Até 05/05.

Exposição: Hélio Oiticica/Penetráveis - Quanta gente tenta e até hoje não consegue chegar perto das soluções espaciais de Hélio? É com esta pergunta-resposta que fiquei ao sair da exposição que reúne seis penetráveis deste artista, alguns montados pela primeira vez. Imperdível. Até 21 de junho no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica.

Exposição: Eternamente Dulcina - Merecida homenagem póstuma (parece que sempre será assim) a esta mulher que dedicou uma vida ao teatro. É possível ver figurinos e objetos de cena, além de um vídeo com depoimentos de artistas. Até 15/03 na Grande Galeria do Teatro Nelson Rodrigues.

Teatro: Suíte 1 - Mais um bom trabalho da Companhia Brasileira de Teatro, com texto de Philippe Minyana e direção de Marcio Abreu. Em cena, os interditos, os melindres, as reservas, os conflitos e a melancolia das relações interpessoias.

Teatro: Medida por Medida - Peça de William Shakespeare dirigida por Gilberto Gawronski. O diretor compraz-se no suplemento e nos detalhes para dar um choque nas falsas honras que cercam os autores canônicos, sem se perder em digressões tolas, nem se deixar engolir pelo texto. Imperdível! Até 01/03 no CCBB.