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quinta-feira, dezembro 24, 2009

Os 10+1 melhores de 2009

Os discos que continuarão (me) tocando em 2010

segunda-feira, dezembro 14, 2009

A canção impura

Estudar a canção no Brasil é trabalhar com níveis de cultura que existiam separados e que em algum momento se combinaram. Torna-se importante analisar os (quase) aforismos, ora fragmentados, ora recolhidos em trechos completos e complexos das canções. Além do reconhecimento e da descrição de “influências” diversas, urge, para a compreensão das obras, entender o procedimento de hibridação em si, as estratégias adotadas para montagem da canção, tendo em vista a porosidade das fronteiras.
Tais pontos podem ser abordados quando pensamos a tradução que o artista efetua ao absorver as influências de fora – dos centros culturais hegemônicos –, como algo que não se opõe à suposta vulnerabilidade da cultura interna. Ou seja, não há absorção passiva, nem rigidez cultural, porém uma destreza em condensar em um produto (local) a tradição e as novidades. Isso vai além da misturas entre duas culturas pré-existentes. O artista entende que a incorporação do novo passa pela revisão total na estrutura da sua própria cultura, buscando novas perspectivas de/para a(s) herança(s).
Hibridizar é, portanto, desenvolver a competência para absorver o estrangeiro com olhar próprio, “devorar” o outro e introduzir na cultura interna o melhor – antropofagicamente. No caso da canção, absorver ritmos, técnicas melódicas, instrumentos, artifícios poéticos que possam promover a crítica do que é tido como local, de “raiz”, como fez o movimento da Tropicália, no final dos anos de 1960, e o Mangue Beat, nos anos 1990, por exemplo.
A “identidade cultural” está em permanente construção, para tristeza daqueles que defendem certa “pureza”. O mundo contemporâneo mostra cada vez mais que o passado deve ser incorporado e modificado com novos e estimulantes sentidos para a produção de cultura.
O fato é que só se tenta preservar aquilo que está se extinguindo. A revisão cultural não destrói, dá continuidade. Importa atentarmos para a mobilidade das questões e dos elementos do conhecimento, que estão sendo construídos permanentemente e não devemos ter medo de conhecer e relativizar “o que é nosso” e a nossa sensação de pertencimento de um lugar. A pós-modernidade nos ensinou que não há apenas um caminho para a história.


Texto publicado no Jornal A União 12/12/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Show Margareth Menezes - Uma das coisas mais lindas que vi em 2009. Margareth arrebenta sem precisar exagerar em nada. Tudo é extremamente impactante: a voz, o som, a presença (força) física...
= Filme 2012 - Muita coisa mal realizada.

= Filme Atividade paranormal - Muito barulho por nada. Mais um filme sob a veia Big Brother.

= Filme Planeta 51 - Lindo!

= Peça Hiperativo - Mais um stand up comedy, só que com a assinatura de Paulo Gustavo (ator de "Minha mãe é uma peça"). Muito bom, dentro do que se propõe.

= Peça O despertar da primavera - As pessoas em cena parecem (e "atuam") muito mais como modelos do que como atores, mas (no todo) é um bonito espetáculo.

segunda-feira, novembro 30, 2009

Avesso do bordado

Quando Maria Bethânia surge caminhando sobre um lago de pétalas (alimentado por uma fonte de rosas vermelhas) ela é mais que uma cantora: ela afirma que a canção é seu destino. Ela segue a lei do amor pela (via da) canção.
"Festa, amor, devoção" - título de seu mais recente espetáculo - traça um perfil introspectivo da artista: brejeira-sertaneja, nua para si e, de todo modo, feita na Bahia (dos terreiros e das igrejas, do Carnaval e do São João, de João Gilberto e do Olodum). Maria Bethânia se mostra generosa com seu público e com a vida, exatamente porque faz da canção um instrumento de prazer e glória. Ela executa seu ofício com o coração vertendo mel de abelha rainha. Ela evoca saudades e lampejos de dor, passeia pelo trem do desejo, abre e fecha pontos (profusão de entidades) e vira estrela clareando os breus.
A voz de Bethânia (ou das sereias que cantam através dela) faz da saudade (de um amor, ou de um lugar) uma luz que aquece o coração. Luz inventada, torcida no ponto exato e a serviço da vida e para o fim de cada ato da existência. A dor não tem lugar e o amor que desfaz todo mal enche os espaços de alegria. Dobra-se a esquina e as perdas do caminho são superadas. Afinal, o amor não termina no final. Tristezas e saudades deixam de fazer sentido e a devoção (à vida) passa a ser alimentada.
O repertório desenha as intenções do título (três palavras-lemas de Dona Canô, mãe da cantora a quem o show é dedicado): sob as bênçãos de "Santa Bárbara", "É o amor outra vez", "Você perdeu", "Balada de Gisberta", "Domingo"... ganham forças preciosas. Aliás, as canções dos discos "Encanteria" e "Tua", bases do espetáculo, mostram muito mais vigor (certamente pela presença física de Bethânia) no palco. Apenas "Queixa" ficou um tanto passional demais, apesar de bem contextualizada.
A iluminação favorece muito o conjunto cênico. Certa hora, o palco nu (apenas com a presença quase imperceptível de um ponto de luz - pagã ou auto de fé - que desce até o centro do palco), mas repleto da voz da dona, dá espaço para uma coleção de fotografias de lugares do "interior" (sertão). A doce viola não cessa de zunir no ar os acordes que tecem os fios do destino e desfazem os nós da apatia diante das intempéries. Ao invés das saudades em brasas, a certeza de que ficar só (também) é lindo.
A pessoa é para o que nasce, Bethânia (senhora de todos os amantes das canções) sabe disso. Sonho, sol, cor, vida são os motores de seu canto. A canção e a vida agradecem.

Texto publicado no Jornal A União 28/11/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Show Zii e Zie (Caetano Veloso) - A platéia demorou para esquentar, mas o show é muito bom. O som tava ótimo e eu continuo implicando com o uso da asa delta no cenário. Entendo, mas acho cafona!
= Show Eu não sou nenhuma santa (Silvia Machete) - A cantora continua aprimorando sua capacidade única de presença cênica.
= Filme Alô, alô, Terezinha! - Chacrinha merece coisa melhor.
= Peça A história de nós 2 - Irretocável! É ótimo quando uma comédia é feita sem agredir a inteligência do público.
= Peça Musicomédia - Mais do mesmo, mas sempre muito bom.
= Peça Farsa da boa preguiça - Deliciosa montagem do universo de Ariano Suassuna. Elenco ótimo!
= Peça Os difamantes - Para rir do início ao fim. Muito boa.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Apontamentos: Canção e Memória III

Não é sem motivo que programas como "Por toda a minha vida" tenham tido grande sucesso de público. Parece que começamos a despertar para a urgência do resgate da história de nossa canção. Para tanto, é preciso unir infraestrutura, mão de obra e canais de divulgação dos objetos. A TV, pela penetração cultural e apelo de público, pode ser um espaço pelo qual a canção pode ser guardada e disponibilizada. Sem falar da internet, com o Youtube promovendo a redefinição da imagem do ídolo pelo próprio fã.
Mas há ainda a pouca pesquisa sobre, por exemplo, as capas de discos; a semiologia da canção (responsável por apontar o que existe por trás da máscara da baiana de Carmen Miranda); e a "cena" contextual de cada canção e/ou movimento (algo que filmes como "Palavra (en)cantada", "Dzi Croquettes", "Loki", "Coração vagabundo"... parecem querer dar conta). De fato, estes filmes cujos arcos narrativos se apóiam na pesquisa da memória, iluminam caminhos que devem ser percorridos. O estudo do contexto histórico não desmerece (ao contrário) a apreciação técnica.
A diversidade de materiais a serem trabalhados é incrível. Faz tempo que o mundo come do nosso "biscoito fino", como queria Oswald de Andrade. A caduca discussão de letra de música é poesia (o que entrava muitas pesquisas) não tem eco no dia a dia. O contato com a literatura acontece diariamente no Brasil através das letras das canções. E este acesso é descentrado. Ninguém precisa "autorizar", como ocorre em outras artes.
Obviamente, nem todo poeta é cancionista (e vice-versa). Há letras que não se sustentam (teoricamente) sem a melodia. Vinícius de Morais tinha consciência desta distinção. Na canção a poesia parece perder o "ranço" acadêmico. Obviamente, isso não ratifica o mito da espontaneidade na canção versus o preciosismo literário. A canção, tendo raiz na fala, possui um tremendo poder de persuasão. Isto porque as falas cotidianas instruem a canção: O rap é exemplo máximo disso.
Assim, a canção é a fixação de algo que se "perde" todo dia, quando falamos. Mais uma vez, estamos no campo da memória. Precisamos de políticas públicas que estimulem a guarda delas: da memória e da canção. Senão continuaremos dependendo dos bravos colecionadores particulares para termos acesso às obras (quem é pesquisador sabe da dificuldade). E não nos enganemos, a mobilidade e a multiplicidade dos suportes não implica concluir, necessariamente, que estamos guardando algo.

Texto publicado no Jornal A União 14/11/2009


Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:


= Dança Répertoire (Ballet de Lorraine) - Boa amostra dos trabalhos de Isadora Duncan, Martha Graham, William Forsythe e Maguy Marin.
= Dança (Not) a love Song (Alain Buffard) - Mídias bem trabalhadas.

= Dança Uma misteriosa Coisa, disse o E.E. Cummings + A dança do existir (Vera Mantero) - Absurdo!
= Dança ATP (Tamara Cubas) - Angustiante e revelador.

= Dança True (10 Artists Collective From Japan) - Muita tecnologia e pouco corpo.

= Dança Va, Vis (Norma Claire) - A boa dança como êxtase. Muito bom!

= Dança Embodied Voodoo Game (Cena 11) - Muita tecnologia por nada.

= Dança De-vir (Fauller/Cia Dita) - Bons movimentos e plasticidade, mas com repetições desnecessárias.

= Dança Influx Controls: I wanna be wanna be (Boyzie Cekwana) - Político ao extremo. Forte!
= Exposição Pierre et Gilles: A apoteose do sublime - Pequena mas importante mostra do trabalho desta dupla que une fotografia e pintura para tematizar, barrocamente, a religião e o sexo, entre outros elementos culturais. Até 17/01 no Oi Futuro-RJ.
= Filme (500) days of summer - Um dos melhores filmes do ano. Roteiro, música, tema... tudo atinge o máximo de resultado.
= Teatro Solidão nos campos de algodão - Muito grito, boa cenografia, interpretações regulares.

terça-feira, novembro 03, 2009

Apontamentos: Canção e Memória II

Como diz Tom Zé: "Tudo só se acha no passado. O futuro é uma coisa que a gente tropeça nele". O Brasil tem muitos músicos intuitivos (etnólogos de ouvido). A importância do registro das apresentações se faz necessária e urgente. Avançamos muito em termos de remasterização e tecnologias de gravação, mas há muito por fazer com o que restou do passado, já que as gravadoras, quando demitiam seus artistas, jogavam fora, todo o material referente a eles. Quantos momentos de extensa importância para se pensar a cultura brasileira foram perdidos! Além do óbvio prejuízo financeiro.
Precisamos romper com a necessidade (imposição, devido à falta de arquivos) de recorrer às coleções de fora para que os pesquisadores possam desenvolver trabalhos sobre a canção brasileira. Os exemplos são inúmeros: O material de Carmen Miranda, o arquivo sobre Edu Lobo e as gravações de Tom Jobim são alguns. Se comparados com os feitos no Brasil da mesma época, os registros de lá denunciam a péssima qualidade de nossos recursos técnicos. Além disso, os arquivos brasileiros são caros e mal cuidados, até porque o restauro, por aqui, não dá visibilidade ao patrocinador.
Assim, a importância dos acervos privados é inegável. Felizmente não são poucas as pessoas que têm consciência de preservação. O pesquisador de música Almirante (pioneiro da conservação), cujo acervo está no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e José Ramos Tinhorão, com objetos sob a guarda do Instituto Moreira Sales, são dois bons exemplos. Afinal, são nas coleções privadas (e públicas) que encontramos a "memória genérica" da identidade brasileira.
Há ainda a questão dos direitos autorais (o triste episódio "Hélio Oiticica" aponta isso), que tem se tornado um sério problema para quem deseja pesquisar, divulgar e disponibilizar as obras. Como preservar o direito de herança e dar ao público em geral o direito de contato com as obras? Esta é uma questão cada vez mais premente.

Precisamos aprender a guardar nossas obras. Certamente, guardar não significa por em cofre, mas manter vivo e em circulação. Guardar é redefinir o que é "autêntico" e "nacional", dentro da perspectiva brasileira, um país cuja musa é híbrida. Entenda-se híbrida como mistura genética e estética. Isso não é teoria, é cotidiano. O samba - nosso "gênero primeiro" - é mestiço. Portanto, guardar é não hierarquizar, mas respeitar as especificidades. (Continua).


Texto publicado no Jornal A União 31/10/2009


Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:


= Peça Theatro Musical Brazileiro 1860-1914 - O espetáculo em cartaz no CCBB é imperdível para quem quer conhecer melhor a história da nossa canção popular. As influências, os temas, as apropriações... Imperdível. As atuações emprestam brilho imprescindível aos costumes de época.

= Peça Oui Oui a França é aqui - João Fonseca dirige um espetáculo que passa em revista (com certeiros exemplos) a influência que a música (e não apenas) francesa exerceu sobre a brasileira.
O elenco é fabuloso.
= Peça Primus - Muito barulho por nada, apesar da boa pesquisa.

= Livro Vinis Mofados (Ramon Mello) - Este tão aguardado livro é exemplar na afirmação do diálogo entre o "novo" e o "antigo" e nas apropriações que a palavra escrita faz da palavra cantada. Merece um texto próprio aqui no blog.

= Exposição Wifredo Lam Gravuras - Maior exposição do artista (surrealista) no Brasil. Até 03/01/2010, na Caixa Cultural.

= Exposição Obranome II - A importância de peças fundamentais para se pensar e estudar a poesia visual no Brasil ficou sufocada na péssima montagem da exposição no Parque Lage.

= Show Festa Amor Devoção - Bethânia é a senhora de todos nós, o avesso do bordado... reconvexo.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Apontamentos: Canção e Memória I

A PUC do Rio reuniu pesquisadores e artistas para debates sobre Música Popular, Literatura e Memória. Ficou evidente que, se por um lado temos cancionistas preocupados com a preservação da memória cultural do país, por outro lado o descaso, dos diversos níveis da sociedade, atrapalha os projetos.
No Brasil, a canção popular, desde sempre, é marcada por certa "voz libertadora". Mesmo em tempos ditatoriais, a canção, por seu apelo comercial e popular, agrega pensamentos de libertação. Ela dá direito de voz. Haja vista a penetração do rap hoje, por exemplo. Mas a canção também tem o dom de registrar aquilo que esquecemos. Basta ouvir os primeiros sambas, com seus sons inspirados na África.
De outra forma, a canção é um tipo artístico para o qual não é necessária nenhuma preparação. Ou seja, podemos estar fazendo coisas as mais variadas possíveis que sempre haverá uma canção tocando como pano de fundo. Dito de outro modo, não é preciso "parar para curtir uma canção". Muito embora alguns cancionistas sejam capazes de estranhamentos tais que arrebatam o ouvinte. Mas cada um toma a canção de seu jeito, sem hora marcada, nem local definido.
A canção por aqui reflete o paradoxo que constitui o Brasil. Do barroco e candomblé de Caymmi à seca e gêneros musicais nordestinos de Gonzaga: a canção serve, entre outras coisas, para pensar o país e lançá-la no mundo, como fez a Bossa Nova ao obrigar os americanos a falarem "Copacabana" e "Ipanema". Essa paisagística urbana híbrida do Brasil, com a "má influência do urbanismo" que Mário de Andrade tanto evitou também marca nossa canção. E não nos enganemos: Por mais paradoxal que possa parecer, a Bossa Nova tornou possível a leitura de Clementina de Jesus, por exemplo; e o Olodum sempre esteve presente em João Gilberto.
Desse modo, somos tanto a nacionalização de Mário de Andrade, com o preconceito em relação ao popularesco; quanto os estilhaços de Oswald de Andrade, cujo Brasil era pensado por colagem, deslocamentos e condensações de significantes. A canção no Brasil se cruza erudito com popular, culto com simples. Já conseguimos o direito ao uso de todos os instrumentos. Somos "Doces bárbaros" e "Brasileirinho", para citar dois trabalhos fundamentais de Maria Bethânia, a grande diva que sempre levou "poetas do livro" para o palco da canção. (Continua).

Texto publicado no Jornal A União 17/10/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:


= Peça Toda nudez será castigada - Tirando alguns gritos, a montagem da Armazém Companhia de Teatro é avassaladora, como o texto de Nelson Rodrigues.
= Peça Z.É. - Nada absurdo, mas faz qualquer um bolar de rir.
= Filme District 9 - Inovador! Este filme é uma sacada de mestre. Incrível!
= Filme A Orfã - Alguns clichês, mas assustador.
= Filme Los Abrazos Rotos - Almodóvar adensa (quase ao irreconhecível) ainda mais sua pespectiva intertextual de fazer cinema.
= Livro Velô (Santuza Cambraia Naves) - Lúcida análise sobre o disco Velô do Caetano. Boa Leitura!
= Livro A luz do farol (Colm Toibin) - O jogo de claro escuro (das voltas) de um velho farol serve de metáfora para as complexas relações afetivas apresentadas pelo livro.
= Show Jards Macalé e Maria Alcina - Corretíssima homenagem a Moreira da Silva, feita por dois grandes nomes de nossa música.

sábado, outubro 17, 2009

Lançamento de livro



Vinis mofados, de Ramon Mello.
20/10 - 19h30
Shopping dos antigários
Siqueira Campos, 143 - sl. 44 - 2º andar

segunda-feira, outubro 05, 2009

Lançamento de livro

Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Casa Laura alvim
convidam para o lançamento do livro

Federico Garcia Lorca: Pequeno poema infinito
de José Mauro Brant e Antonio Gilberto




Quarta-feira, 7 de outubro de 2009
a partir das 19 horas

Livraria Dona Laura:
Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema

No coração líquido da ilha

Ao colocar a imagem da bolha no centro nevrálgico das reflexões sobre a contemporaneidade, Peter Sloterdijk sublinha a intenção de revisar o fetichismo da substância, em um mundo cada vez mais desubstancializado. O filósofo nos dá a entender que não estamos mais apoiados na solidez, nem se pode mais procurar segurança numa verdade única. Tais ideias nos permitem uma leitura comparada do livro "O filho da mãe", de Bernardo Carvalho com o filme "The buble", de Eytan Fox.
A expressão aqui feita título foi tirada do livro de Bernardo de Carvalho. Ela, de fato, auxilia bastante qualquer tentativa de comentários sobre o livro em sua temática sobre as possibilidades das relações afetivas e/ou eróticas de hoje, quando o coração, sede mítica do bem-querer-romântico, passa a ser constantemente atacado em sua vulnerabilidade: os amores expressos. São os afetos frágeis em suas estruturas e sem substâncias, leves em seus estados, que engendram o texto de "O filho da mãe".
O fato é que, para fugirmos à ameaça de "explosão da bolha", ilhamo-nos, criamos sistemas imunológicos que só nos deixam seguros até o próximo segundo, quando muito. Isto está sugerido tanto no livro, quanto no filme "The Buble" nas suas cenas de fundamentalismo e extremismo religioso e na relação limite das personagens.
Nas duas obras, a ameaça de serem descobertos excita ainda mais os amantes, como a quaisquer amantes. O amor passa a ser associado ao risco e à guerra, no que há de mais eletrizante e aterrador nesta associação. No livro e no filme, temos o amor afetado e atravessado pela política: Enquanto no livro, a primeira noite de sexo acontece em um vagão de trem abandonado "como se não estivessem no epicentro da guerra"; no filme, as personagens de Fox se conhecem em uma fronteira de Tel Aviv - a "bolha" do título, por ser uma cidade que parece isolada do resto de Israel. Amores-ilhas e amores ilhados.
O sexo destes "amores entre escombros" é uma metáfora à trégua, com o desejo "deixando a realidade da guerra em suspenso". O amor é o "baixar da armas", talvez pela urgência. Por fim, as paisagens labirínticas dominam o leitor/espectador e as personagens, que fazem da guerra "um quarto em ruínas", ganham seus cúmplices.
Como sugere Sloterdijk, as esferas só chamam atenção quando rebentam. Ler o livro "O filho da mãe" e ver o filme "The Buble" fazem pensar que os homens são componentes de um intenso segredo relacional. Um doce mistério minando permanentemente.

Texto publicado no Jornal A União 03/10/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Peça Vestido de Noiva (Dir. Gabriel Vilela) - Ficou patente, apesar do ar de novidade, que o clown não soluciona a complexidade do texto de Nelson Rodrigues. Uma pena, pois, no todo, a peça é bonita.

= Filme Taking Woodstock (Dir. Ang Lee) - Incrível a fersatilidade deste diretor. O filme é lindo, em suas imagens, temas e trato com a história.
= Filme Dzi Croquettes (Dir. Tatiana Issa e Raphael Alvarez) - O doc. faz juz a este grupo/movimento/filosofia que redefiniu o maneira de pensar a arte e os (des)limites fronteiriços entre os gêneros sexuais.
= Livro Berkeley em Bellagio (João Gilberto Noll) - A narração é aflitiva, capta bem a personagem no limiar entre o real e o ficcional.
= Livro O quieto animal da esquina (João Gilberto Noll) - O melhor livro do Noll, que li.
= Livro Teatro (Bernardo Carvalho) - O modo como as histórias se tocam, se cruzam, ao mesmo tempo em que se distanciam é a grande chave deste trabalho incrível.
= Exposição Cartazes Cubanos = Todo estudante de arte precisa aprender um pouco com esta exposição. A qualidade das peças é absurda! Caixa Cultural Rio até 26 de outubro.

quinta-feira, setembro 24, 2009

sábado, setembro 19, 2009

Não Madame, não Satã

João Francisco dos Santos, o Madame Satã, mito da boemia carioca, é uma das figuras mais complexas e significativas para se pensar a sociedade brasileira. Temido e consagrado, ele colocou em xeque a moral de um longo período que o país viveu sob ditadura. Infelizmente não é este o Madame Satã que nos é apresentado na peça que leva seu nome, dirigida por Marcelo de Barros, em cartaz no Teatro do Sesi, no Rio de Janeiro. Logo na entrada do teatro, uma exposição com objetos pessoais do "homenageado", de precária comunicação visual (não há legendas em nenhuma foto ou objeto) e o mau uso das peças, já parece um prenúncio do que se vai assistir.
O espetáculo "Madame Satã", da Companhia Teatro Arte Dramática, estimula o preconceito e reforça a falta de informação sobre a figura pretensamente representada. As afetadas e caricatas atuações, que beiram o ridículo e desconstroem a força do mito, e as personagens criadas de forma rasa e pouco evocativa, decepcionam o espectador que procura algo mais do que uma sucessão de termos chulos que, gritados com insistência em certas cenas, conseguem adesão de apenas parte da plateia que ainda acredita neste expediente como forma de divertimento.
Há cenas constrangedoras, mal conduzidas e longas, esgarçando qualquer sentido contextual, e atores que não sabem o texto, assinado pelo diretor. Um texto, diga-se de passagem, construído sobre aspectos e marcas que se repetem a exaustão, buscando o riso fácil do público e eliminando qualquer possibilidade dramática.
Os movimentos e a (quase) inexistência de objetos de cena parecem pensados para uma peça de formatura de curso teatral, no pior sentido que isso possa ter. Somado a isso, a coreografia, se é que podemos chamar assim, dos dois narradores é primária, com gestos de falsa e desnecessária eloquência.A filipeta diz que o espetáculo foi montado em Paris, pela Universidade de Nice e, por mais inacreditável que possa parecer, já foi assistido por mais de 50 mil pessoas. Acreditamos que seja pelo exotismo de uma "macumba para turista ver", como rejeitava Oswald de Andrade, ao se referir à arte brasileira. Tudo no "espetáculo" parece propositadamente estimular um certo prazer sarcástico e preconceituoso de quem quer, efetivamente, manter-se alheio às discussões sobre preconceito e respeito à diferença.
O pernambucano Madame Satã não merecia isso.

Texto publicado no Jornal A União 19/09/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Exposição Argentina Hoy - Irretocável mostra do que de melhor há na contemporânea arte feita na Argentina. Até 22/11 no CCBB.
= Filme Up - Certamente um dos melhores filmes do ano. A comunicação visual é incrível e a personagens são muito bem construídas. A metáfora de "carregar a casa nas costas" versus a decisão de se libertar do "peso" do passado é trabalhada com texto impecável.
= Filme Drag me to Hell - É um bom suspense "classicão", não deve agradar ao público acostumado aos (d)efeitos dos filmes do gênero.
= Dança Appris par corps - A Cie. Unloup pour l'homme apresenta uma performance suave e agressiva nos momentos exatos. A relação quase simbiótica dos dois performans é decisiva na leveza dos movimentos que estão muito além dos gestos pesados e sem introspecção que costumeiramente se vê em espetáculos em que a força física é exigida.
= Show Pros que estão em casa (Tony Platão) - O setlist do show é muito bem montado, possibilitando Platão mostrar as várias competências de sua voz.
= Teatro Nervo craniano zero - É tudo tão canastrão que chega a ser divertido.
= Livro O filho da mãe (Bernardo Carvalho) - O cruzamento das narrativas, dos sentimentos, das perdas e conquistas, do verossímel ou não continua sendo o mote do autor, que agora usa a metáfora das ilhas (esferas) afetivas para construir sua história.
= Livro Hibridismos musicais de Chico Science & Nação Zumbi (Herom Vargas) - Pesquisa e boa leitura sobre a mistura antropofágica efetivada pelo movimento MangueBeat.

terça-feira, setembro 08, 2009

Orando sobre patins

No período escravocrata, no âmbito da religião, conviviam, não sem algum atrito, a ideologia do senhor e a do escravo. O catolicismo praticado aqui era uma religião doce, doméstica, de intimidade com os santos. Os padres se vangloriavam de conceder aos negros certas vantagens, como o direito de manifestar suas tradições nas festas do terreiro, como estudou Gilberto Freyre.
Nasciam então religiões miscigenadas como a Umbanda, com o São Jorge, católico, relacionado ao orixá Ogum, e Nossa Senhora, relacionada à Iemanjá, apontando para a transvaloração da estrutura simbólica do signo cultural trazido pelos escravos.

A canção "Feitiço" (Caetano Veloso) é um elemento importante para se pensar o sincretismo brasileiro. Ela é, de fato, uma repetição com distância crítica do samba "Feitiço da Vila", de Noel Rosa. O "Feitiço" de Caetano refrata a ideia da letra de Noel visto que, ao invés de ser um "feitiço sem farofa, sem vela e sem vintém", o "feitiço" tem farofa, tem vela e tem vintém. E inclui ainda as periferias e os excluídos sociais, saudando o movimento Manguebeat, a comunidade de Vigário Geral, o funk e o Candeal de Carlinhos Brown, proporcionando um "abraço acolhedor" nas manifestações culturais dos guetos.
Já na primeira estrofe da letra, percebemos a desconstrução realizada por Caetano no modelo de Noel Rosa, para quem, acreditamos, devido à visão marginal que o samba carregava à época, era preciso retirar e "limpar" os elementos típicos das crenças trazidas: "farofa", "vela" e "vintém".
Como sabemos, o samba em sua gênese é híbrido, sincrético, miscigenado. Para Antônio Risério: "Nossa população nunca foi obrigada a amputar antepassados. É majoritariamente mestiça. E se reconhece como tal". É assim que em "Feitiço" há um jogo de palavras que se "devoram" e demonstra a antropofagia cultural em que Zabé - redução amorosa para Isabel, a princesa - devora Zumbi, maior referência de comandante dos negros, no Brasil. E vice-versa.
Obviamente, quando Caetano faz releituras do cânone, não se trata de superação. O fato é que, em tempos de discursos racialistas é bom refletir, por exemplo, que, se a umbanda é um "branqueamento" do candomblé, também é o "enegrecimento" do catolicismo, resultando, por contrapartida, em algo distinto dos dois. "Deus está solto".

Texto publicado no Jornal A União em 05/09/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Mostra Saint-Étienne Cité du Design - Objetos criados tendo como foco a sustentabilidade do planeta. Até 27/09 CCBB.
= Mostra Casa Cor - O requinte da Casa Cor deste ano homenageia Burle Marx. Os ambientes estão muito bem distribuídos. No Jockey Club até 13/10.
= Exposição Madeleine Colaço - Belo e delicado trabalho de tapeçaria. Até 11/10 Caixa Cultural.
= Dança Suite Funk (Companhia Urbana de Dança) - A escolha da trilha é boa.
= Musical Hairspray - O país do carnaval merece uma apoteose como esta montagem dirigida por Miguel Falabella. Simone Gutierrez é um absurdo! Certamente a grande revelação do ano. No Teatro Casa Grande até 04/10.
= Show Jardim de Cactus (Dado Villa-lobos) - Som pesado e boas letras.
= CD Certa manhã acordei de sonhos intranquilos (Otto) - A melhor coisa que ouvi até agora em 2009. Valeu esperar tanto tempo por um trabalho (precioso e desigual) do Otto, artista que sabe entender a hibridação da cultura brasileira como ninguém.

terça-feira, agosto 25, 2009

Poetas hoje

A poesia contemporânea no Brasil avança em múltiplas direções e tem certamente como uma precursora a poesia concreta com suas investigações e soluções, que se originou de uma meditação crítica das formas da poesia. Ela fundiu, por exemplo, poesia, música e artes plásticas.
O poeta multimídia contemporâneo realça a importância de a poesia se incorporar às outras formas de expressão, tais como o cinema e o vídeo, para criar novas formas de linguagem. Mesmo que o livro de papel ainda resista bravamente.

Importa lembrar que, a tentativa de superar a superfície da página sempre foi uma obsessão dos poetas experimentalistas, e teve seu marco inicial com o poema "Um lance de dados", de 1897, de Mallarmé. Desde então, ocorreram as importantes contribuições de Pound, Joyce e Cummings, bem como a tradição das vanguardas européias e do experimentalismo oswaldiano. Até os suportes digitais e líquidos da atualidade.
De fato, a poesia, enquanto expressão, sempre buscou um formato ou "arquitetura" para expor-se como conhecimento registrado. Desde sua origem, o "registro" do texto poético sempre esteve condicionado às evoluções tecnológicas. Assim, a poesia migrou de sua forma oral para a escrita e desta para a impressa, até atingir o estágio atual.
Antes de ser manifestada na escrita, a poesia já requeria, portanto, uma forma de representação das ideias e dos fatos, pela codificação e consequente decodificação dos leitores. O poeta inscreve, arquiteta e diagrama sobre a superfície plana da página, da tela ou parte para suportes como o disco sonoro, o cinema e o vídeo, e a publicação digital, com recursos multimídia.
Este amplo painel de estilos caracteriza a mais recente antologia organizada por Heloisa Buarque de Holanda: "Enter - Antologia digital". No entanto, não é de se estranhar que na festa de lançamento tenha se perguntado onde comprar o livro. Parece que, em termos de recepção do que tem sido produzido, caminhamos em passos lentos.
Heloisa Buarque trata a questão com a mesma coragem com que ela tem tratado o "novo" na produção literária, há bastante tempo. Ela sabe o quanto fica cada vez mais difícil lidar com a velocidade e o efeito descartável que a era da mobilidade nos lança.
Sem dúvida, os 37 autores escolhidos não dão conta do todo, nem parece ter sido esta a pretensão da organizadora, mas constituem uma boa amostra sintomática do quão diversificada e irregular é a produção de poesia hoje, agora. Vale à pena ser acessado.


Texto publicado no Jornal A União em 22/08/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Peça Simplesmente Clarice Lispector (Beth Goulart) - O trabalho de atriz é no ponto. Falta dinâmica, mas nada que tire a qualidade do conjunto.
= Peça Vau da Sarapalha (Luiz Carlos Vasconcelos) - É uma das coisas mais belas que já vi em teatro. Assisti pela terceira vez e me emociono com se fosse a primeira.
= Peça Sonho de Outono (Emílio de Mello) - Complicado texto de Jon Fosse tem direção segura e encenação densa.
= Filme Brüno - Absurdo total! Rende boas risadas.
= Filme The hangover (Se beber, não case) - A melhor ressaca de toda! O roteiro é muito bom e cada cena traz elementos novos.
= CD Na veia (Simone) - Bom repertório e samba na veia.
= CD N9ve (Ana Carolina) - Ótimos arranjos e letras trabalhadas.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Convite de lançamento

A Editora Zouk, a Livraria Prefácio e o autor
convidam para a noite de autógrafos do livro

O trágico no teatro de Federico García Lorca
de Claudio Castro Filho


Terça-feira, 18 de agosto de 2009
a partir das 19 horas
(Noite em que se completará mais um ano da morte de Lorca.)

Livraria Prefácio:
Rua Voluntários da Pátria, 39 – Botafogo

segunda-feira, agosto 10, 2009

Coração galinha de leão

Com o material bruto para o making of de um dvd que não foi lançado, o diretor Fernando Grostein Andrade foi preciso ao montar um documentário leve e enxuto sobre Caetano Veloso. O filme "Coração Vagabundo" é apenas um delicado registro de um período na vida de Caetano. Não mais que isso. E isso não é pouco.
Para começar Fernando Grostein acerta o alvo ao apontar para universalidade da obra de Caetano exatamente no que ela tem de mais brasileiro. Suas canções carregam uma força imagética insuperável, e o diretor soube explorar isso com destreza, longe do óbvio. Com sensibilidade soube fundir e justapor imagem e som obtendo um resultado correto e eficaz. A magreza técnica das filmagens parece ter ajudado no conceito final da montagem e "Coração Vagabundo" seduz.
Há cenas de grande apuro estético como a tomada no metrô de Osaka ao som de "Neolithic man" e a saturação das imagens captadas nas rocambolescas ruas do Japão. Nestes momentos percebemos como a direção encontrou, talvez inconscientemente, a tradução e a transcriação da obra e do sujeito que "canta o mundo que roda". Sempre pautado sobre fragmentos de diálogos, shows e passeios públicos, "Coração Vagabundo" tenta revelar Caetano como "homem comum", coisa que, também sabemos, por tudo o que ele faz, pensa e diz, não o é.
Fugindo do formato clássico de documentário, aqui o diretor é "apagado". Só há o personagem e o universo deste. Mas não nos enganemos, o olhar por trás da câmera controla tudo e os "monólogos" de Caetano apontam para um ouvinte atento. Sem esquecer da força da personagem, o filme funciona nos termos emocionais atualíssimos. Cortes na hora certa. Falação "desleixada" no ponto.
A qualidade do som e da trilha sonora é incrível. Mesmo os registros mais antigos de Caetano tem bom tratamento final. Destaque para o sol que "arde" no Japão ao som de "Asa Branca". O roteiro é correto e sabe tirar proveito do personagem que dificilmente se deixa captar por inteiro, já que Caetano busca "entrar e sair de todas as estruturas" com mesma integridade.
A perspicaz mirada do diretor diante da obra - além do sujeito - de Caetano e a despretensão de ser definitivo ou definidor fazem de "Coração Vagabundo" um filme totalmente demais.

Texto publicado no Jornal A União em 08/08/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Peça Cachorro - Tratamento cuidadoso do universo de Nelson Rodrigues.
= Peça Continente negro - O cenário e a iluminação são incríveis! As nuances e sutilidades que atravessam as personagens é muito bem trabalhada.
= Peça Confronto - Mais uma sob a direção autoral de Domingos Oliveira. O resultado é bom, mas poderia ser menos panfletário.
= Exposição A arte de J. Borges / do cordel à xilogravura - Oportunidade incomparável de ver a reunião de um trabalho singularíssimo.
= Exposição Gary Hill - Taking time from plac - A capacidade de mistura instalação, poesia literária e visual é impressionante. Oi Futuro RJ.
= Exposição Dress Tents - É tenda, mas também é roupa e também é arte. Muito legal! Caixa Cultural RJ.
= Exposição World Press Photo 09 - Excelente seleção de fotografias. A maioria com legendas. O que seria da arte contemporânea se não fossem as legendas? (rsrs). Caixa Cultural RJ.
= CD Maria Gadú (Maria Gadú) - Tudo é muito bom, desde a embalagem, passando pela escolha do repertório e, claro, a voz.
= CD Luz negra (Fernanda Takai) - O show ficou muito bom, as regravações são personalísssimas!

quinta-feira, agosto 06, 2009

Piollin 30 anos

Espetáculo: A Gaivota - alguns rascunhos
Período: 05 a 09 de agosto de 2009
Horário: 20h
Local: Caixa Cultural - Teatro Nelson Rodrigues
Endereço: Av. República do Chile, 230, Rio de Janeiro (RJ)



Espetáculo: Vau da Sarapalha
Período: 12 a 16 de agosto de 2009
Horário: 20h
Local: Caixa Cultural - Teatro Nelson Rodrigues
Endereço: Av. República do Chile, 230, Rio de Janeiro (RJ)



Espetáculo: Silêncio Total
Período: 8 e 19; 15 e 16 de agosto de 2009
Horário: 17h
Local: Foyer da Caixa Cultural
Endereço: Av. República do Chile, 230, Rio de Janeiro (RJ)

segunda-feira, julho 27, 2009

O feminino em Garapa

Para ver o documentário "Garapa", de José Padilha, foi preciso reler "O Quinze", de Rachel de Queiroz e "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. Lendo os livros, saltam aos meus sentidos Cordulina e Vitória. Sentido-as, vislumbro o feminino no filme.
Cordulina, personagem de Rachel, reúne as características de "mulher filha da fome". Desde a paciência com o marido que chega embriagado, passando pelo "conformismo" diante da arribação do filho Pedro, ou ainda a resignação com que consola os filhos sedentos e esfomeados, até a aflição que toma conta de si, ao ver o Duquinha "tomar choro" e o desespero quando da morte do filho Josias. O aperreio resultante da miséria, da fome e da seca faz dela uma mulher impaciente e birrenta, chamando toda a sorte de apelidos "pejorativos" com os filhos. Porém, essa "superfície dura" se junta a uma fragilidade que traz em si o germe do heroísmo. Mesmo entre lamúrias e mendicâncias forçadas pela situação, ela carrega uma dignidade capaz de não deixar seu caráter se abater. O único medo é de ficar sozinha, pois assim morreria mais cedo.
Vitória, personagem de Graciliano, é mulher de Fabiano. Também sofrida. Mãe inconformada com a miséria em que vivem. Sua facilidade com a língua é demonstrada quando, já no primeiro capítulo, após uma pergunta do filho, Fabiano fica irritado e manda o menino conversar com a mulher, pois essas coisas de pensamento, para um homem, não levavam a nada. Depois, quando Fabiano é preso, tem dificuldade em conseguir uma explicação para enganar a mulher, devido à esperteza dela. E quando baleia fica doente, a racionalidade de Vitória é maior que sua estima pela cadela.
No plano da visibilidade textual, enquanto Vitória tem um capítulo todo dedicado a ela e intitulado com seu nome, as informações sobre Cordulina estão diluídas ao longo do texto. Entre outros aspectos, as personagens se aproximam pela fé e pelo cuidado com os rebentos. Ambas sonham com algo melhor, mesmo que este melhor seja representado por uma cama igual a do seu Tomás da Bolandeira, no caso de Vitória.
Personagens de teor psicológico extremamente rico, Cordulina e Vitória merecem certamente outros olhares, quiçá mais eficazes. Seja pelo descaso de políticas públicas, seja pelo descaso dos deuses, elas significam a vida à base de garapa e poeira encontrada e estetizada, como não poderia deixar de ser, no documentário Garapa, de José Padilha.

Texto publicado no Jornal A União em 25/07/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:


= Filme Coração Vagabundo (Fernando Grostein Andrade) - É um documentário bacana sobre o superbacana Caetano Veloso. Merece destaque a sensibilidade da edição ao "casar" lindamente imagens e canções.
= Filme A concepção (José Eduardo Belmonte) - Corajoso e ácido registro de um arco da juventude de Brasília. Atuações viscerais de Juliano Cazarré, Milhem Cortaz e Rosanne Holland.
= Exposição Milhões de Lula (Ricardo Stuckert) - O belo Castelinho do Flamengo abriga as boas fotografias que Stuckert fez durante a campanha de Lula para o segundo mandato. A paixão do povo é captada com paixão, sem pieguices.
= Show Áurea Martins e Emílio Santiago - Muito bom poder ver os dois juntos. Som do bom!
= Livro Olívio (Santiago Nazarian) - Ainda não sei se esta primeira obra do Nazarian tem algo bom de fato. De fato, apenas, percebi uma certa facilidade em criar imagens saturadas de referências fáceis, mas, nem por isso, é um livro fácil.
= Livro Remédio veneno: O futebol e o Brasil (José Miguel Wisnik) - Neste livro, de forma bem particular, como sempre, Wisnik discute sobre a cultura brasileira tendo o futebol e a mestiçagem como mote.

quarta-feira, julho 15, 2009

Teatro Municipal Rio - Festa de 100 anos

Figurinos de espetáculos

Sumi Jo e Orquestra Sinfônica




segunda-feira, julho 13, 2009

A crônica de Machado e Clarice

A palavra crônica vem do termo grego Kronos (tempo). Este gênero tem grande presença no Brasil. A crônica é a história escrita conforme a ordem do tempo, ou seja, de modo que os fatos narrados se refiram diretamente a ele. Na crônica, o tempo é o centro da narração dos fatos, mas estes não são narrados tal como aconteceram, mas tal como os recorda o cronista, que deve ser um hábil "artesão da experiência".
Mesmo com a proliferação de cronistas - na urgência de blogs, twitters, etc-, a crônica é tida como um gênero menor em relação aos outros. Em "Escrever para jornal e escrever livro", Clarice Lispector afirma que "num jornal nunca se pode esquecer o leitor, ao passo que no livro fala-se com maior liberdade, sem compromisso imediato com ninguém. Ou mesmo sem compromisso nenhum (...) não há dúvida de que eu valorizo muito mais o que escrevo em livros do que o que eu escrevo para jornais".
A atividade do cronista é narrar os fatos segundo um ponto de vista, sem se deter em nenhum, dando a eles certa "leveza" ao discutir núcleos problemáticos de uma sociedade. A "efemeridade" do suporte, seja o jornal impresso ou os espaços virtuais, faz com que a crítica também não atribua ao gênero a devida atenção.
Machado de Assis ironizou esta condição dizendo que "o folhetinista, na sociedade ocupa o lugar do colibri na esfera vegetal: solta, esvoaça; brinca; tremula; paira; espaneja-se sobre todos os caules suculentos, sobre todas as seivas vigorosas. Todo o mundo lhe pertence; até mesmo a política". Desprovida do rigor jornalístico das reportagens e do rigor literário dos romances, a crônica é, nas palavras de Machado, "uma fusão admirável entre o útil e o fútil".
Analisando a atuação dos dois escritores citados, enquanto Machado é um intérprete de um amanhã cada vez mais veloz e de uma cidade que começa a se partir, Clarice já está vivendo esta velocidade das informações e da fragmentação do Ser, numa sociedade que se torna cada vez mais "escrava" da imagem.
Evidente que para cada autor há uma modalidade de texto, o que dificulta precisar um gênero que acabou abarcando artigos, comentários, poemas em prosa, contos e relatos de viagem, entre outras coisas. Mas multiplicam-se os autores de crônicas e é preciso estar atentos para perceber quem faz da observação do ordinário o vislumbre de milagres. Ou seja, distinguir o deslocamento do real na ficção e vice-versa.

Texto publicado no Jornal A União em 10/07/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Filme A era do gelo 3 - O gelo fica na superfície, literalmente, e os personagens estão incrivéis. As cenas do esquilo Scratch continuam absurdas.
= Espetáculo Les Jardins D'Eden (Cia. Eolienne) - Técnicas circenses e coreografias que questionam a efemeridade da felicidade individual e coletiva de forma extremamente elegante e competente. A capacidade de diversificar os movimentos e as intenções e as aparentes diferenças temáticas entre um ato e outro são marcantes na obra.
= Espetáculo 9.81 (Eric LeComte) - Tecnologia e circo juntos numa performance de força e precisão técnicas. O conjunto visual é incrível!
= CD Pelo sabor do gesto (Zélia Duncan) - Sofisticação e cuidado no repertório continuam sendo a marca de Zélia. Descate para as versões em português de duas belas canções do belo filme Les Chansons d'Amour.

sábado, julho 11, 2009

Anima Mundi 2009



http://www.animamundi.com.br/

segunda-feira, junho 29, 2009

Muso Híbrido

"O jogo é fato mais antigo que a cultura". São com estas palavras que Johan Huizinga inicia o livro Homo Ludens e, a partir deste argumento, afirma que o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quanto o raciocínio (Homo Sapiens) e a fabricação de objetos (Homo Faber). E assim denomina o elemento lúdico como base do surgimento e desenvolvimento da civilização.
Huizinga caracteriza o jogo como uma "atividade voluntária", distante da "vida corrente" ou "vida real" e, consequentemente, uma atividade temporária, com finalidade autônoma, na busca de satisfação. Em outras palavras, o jogo é exercido dentro de certos limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana.
A vida racional pode interferir nos sentidos de tal forma que ela extingue e contraria a tendência própria e particular deles. A automatização prejudica a receptividade dos sentidos pela atividade do pensamento, antecipando – preconceitos – o que os sentidos deveriam aguardar. Como resultado, temos o empobrecimento da sensibilidade pela imposição de forma no tempo/lugar errado. Por outro lado, a sensibilidade pode exuberar de tal maneira que sufoque a espontaneidade e a autoafirmação da razão. Aí o homem fica sem rumo e se perde numa multiplicidade sem ordem.
Para Friedrich Schiller, o impulso lúdico se efetua entre o impulso formal (mutável) - "parte da existência absoluta do homem ou de sua natureza racional, e está empenhado em pô-lo em liberdade" - e o impulso sensível (temporal) - "parte da existência física do homem ou de sua natureza sensível, ocupando-se de submetê-lo às limitações do tempo e em torná-lo matéria".
O jogo, assim, torna o homem completo, pois a alternância dos estados se articula no homem levando ele a jogar para (sobre)viver. Ou seja, o cultivo adequado de ambos os aspectos da natureza humana é que assegura o equilíbrio interativo que em sua dinâmica complementar fundamenta a unidade da realização cultural do homem. Ideia que corrobora com o pensamento de Huizinga.
Michael Jackson, com seu pan-multi-pluri corpo, indefinido, inconformado, black and white, macho e fêmea, menino e homem, simboliza uma (des)(h)umanidade que caminha para a consciência da não busca por essencialismos, pai de conflitos infrutíferos. O corpo de Michael Jackson é puro impulso lúdico, sem função aparente, mas despoletador de nossa incapacidade de compreensão do humano.

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Peça Hamlet (Aderbal Freire-Filho) - Muitos gritos e caricaturas, pouca introspecção. Na vontade de inovar a peça soa um modelo gasto de montagem. Cenário e figurino são bons.
= Peça Regurgitofagia (Michel Melamed) - As ideias são excelentes. Angustiante como quando nos deparamos com nossas limitações.
= Peça Anti-Dinheiro Grátis (Michel Melamed) - Na tentativa de fazer uma anti-peça, Melamed acabou por anti-"agradar" seu público. Se ele não podia colocar a peça no palco (por motivos judiciais) poderia ter sido mais claro com quem esperava ver o espetáculo original.
= Peça Homemúsica (Michel Melamed) - Da "Trilogia brasileira" é a que tem melhor acabamento de direção e concepção.
= Filme A festa da menina morta (Mateus Nachtergaele) - Confesso que eu esperava mais - despudor. Nachtergaele mostra que aprendeu bem o ofício com os diretores com quem trabalhou. As cenas líricas cortando cenas mais dramáticas são uma excelente sacada.
= Filme Divã (José Alvarenga Jr.) - Os "tons pastéis" da fotografia são exagerados, mas tencionam a linearidade que a protagonista rejeita na vida.
= Exposição Virada Russa - Excelente oportunidade para ver raridades e obras fundadoras e fundacionais de novos tempos. Kandinski, Lariónov, Maliévitch, Chagall e outros até 23/08 no CCBB-RJ.

quarta-feira, junho 17, 2009

segunda-feira, junho 15, 2009

O Estrangeiro Jorge Mautner

A certa altura do disco "Eu não peço desculpa" Jorge Mautner sentencia: "Ou o mundo se brasilifica ou vira nazista". Esta expressão parece ser uma chave de entendimento da obra desse artista que soube sacar a relação amalgamada entre "Jesus de Nazaré e os tambores do Candomblé", pelo filtro da sombra do vulto de Zaratustra.
Assim, o livro "O filho do holocausto" é mais do que as memórias de infância e adolescência do "vigarista Jorge". O livro apresenta a trama total da gênese de uma obra impregnada pela dança das instabilidades do mundo. Nele, Mautner se permite ficar exposto aos raios da kriptonita e demonstrar como é possível entender a complexidade do Brasil, pela via da hibridização, ou amálgama, como ele prefere chamar, dos signos.
Como vampiro e supremo tarado, adepto da antropofagia oswaldiana, percebe-se que a obra de Mautner luta contra essencialismos com um amor flutuante acima do bem e do mal, mesmo seguido pela sombra do passado, e talvez por isso mesmo. É possível sentir lampejos de vida para a compreensão do demasiadamente humano no Brasil, onde a moral mantem-se por um fio dental. Pergunta-se: Maior liberdade ou maior repressão? Os dois, amalgamados. Samba jambo, samba japonês, feitiço indecente e vodu.
Jorge Mautner olha demais para o amor, mesmo sabendo, e talvez por isso também, que amor não é aquilo que a gente deseja que ele seja. Mautner ensina que viver sem grilo é possível, mesmo com a cricrilar da memória afetiva. Ao exemplo de Nietzsche em "Ecce homo", Mautner passa em revista suas inúmeras influências literárias e filosóficas e faz exaltações. Além de evocar sua chegada ao Brasil como filho do holocausto e da alegria de ter tido uma adepta do candomblé como babá. Tudo com linguagem bastante singular. Ele joga o anzol para pescar o sol e sabe (e como ele sabe!) que tudo que pesca é um rouxinol, que canta para causar um riso de amor.
No livro "O filho do holocausto", diante da emergência do sujeito, Mautner - profeta que sempre prega no deserto - experiencia o espaço incorporando a sabedoria do que é cotidiano e simples. Esconde as lágrimas negras, vez por outra, e tem a certeza da impossibilidade de ter paz no coração, por viver embriagado de paixão. Astronauta da saudade eletrônica, Jorge Mautner, sabedor de que a cor negra é um acúmulo de azuis, em "O Filho do holocausto", é um pensador contra a ideologia da agonia. "Belezas são coisas acesas por dentro / Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento", canta.

Texto publicado no Jornal A União em 13/06/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Filme Otto; Or, Up With Dead (Bruce La Bruce) - Imprescindível metáfora de nossos dias, em que um jovem (suposto) zumbi se questiona se vale a pena morrer quando já estamos mortos. Os recursos de sobreposições pornográficas dão o clima exato deste meta-filme.
= Filme Angels & Demons (Ron Howard) - A presença de Ewan McGregor entrega muita coisa. O filme vale pelas belas locações.
= Livro Culturas híbridas (Nestor Garcia Canclini) - A história da hibridização das culturas é contada e exemplificada em linguagem acessível.
= Livro Proteu ou a arte das transmutações (Luís Carlos de Morais Junior) - Pioneiro trabalho acadêmico sobre a obra de Jorge Mautner.

segunda-feira, junho 01, 2009

A agonia do cisne

Para Patrice Pavis "o performer é antes de tudo aquele que está presente de modo físico e psíquico diante do espectador". A afirmação é bastante categórica, mas serve para ilustrar um olhar sobre a performance "I’m not here ou A morte do cisne" de André Masseno.
De fato, a coreografia "A morte do cisne" foi criada é 1907 por Michel Fokine para a bailarina clássica-romântica Anna Pavlova. De 2004, "I’m not here ou A morte do cisne" – assim, com duas opções de título para que o espectador escolha uma, ou não – é a tentativa feliz de escapar dos podres poderes que teimam em querer aprisionar o corpo em movimentos estanques. André é ninfa, cisne, Ana e Michel: macho e fêmea esboroados.
Tudo é muito branco. Branco que inspira pureza e verdade, mas também frio e palidez da morte. O trabalho abre com balões de ar brancos cobrindo o chão do espaço cênico, no que se sugere uma festa que aconteceu, ou acontecerá. A dúvida cobre nosso olhar que é instante a instante desautomatizado pela presença física e psíquica do performer.
Dos balões que se enroscam no corpo em meio aos movimentos, aos outros que estouram enquanto Masseno tenta amarrá-los ao corpo, tudo é incerto e agônico. Porém, um bolo branco não deixa dúvidas de que estamos comemorando o aniversário da coreografia criada por Fokine para Pavlova. Há até um sacana "happy birthday" a la Monroe.
O espectador fica diante de um corpo cheio de informações, memórias fragmentadas e histórias conectadas com movimentos e pensares outros que não "apenas" os exigidos comumente tanto numa performance, quanto numa coreografia de balé clássico. O trânsito entre os movimentos corporais e sonoros e a palavra falada faz André Masseno repensar, adensar, e condensar referências e questionamentos que enriquecem sua obra.
Para se criticar algo é preciso conhecer o objeto alvo da crítica muito bem. Masseno enfrenta o desafio com rigor e apresenta uma homenagem que se confunde com uma revisão crítica. Quando ele questiona se o cisne em cena (apresentado por Pavlova) é o mesmo imaginado por Fokine, ele tenciona todo um mecanismo histórico de efeito crítico e intervenção estética. Quem está em cena? "I’m not here" dá pistas.
Não há personagens. Em "I’m not here ou A morte do cisne" André Masseno põe na roda criativa uma pomba-gira branca que nos arranha com a agonia da dúvida entre ser e estar (n)aquilo que se é, que quer ser ou que forças estranhas determinam que seja.

Texto publicado no Jornal A União em 30/05/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Filme Fälscher, die (Os falsários) - IMPERDÍVEL!!!
= Filme Star Trek - Efeitos e roteiro em perfeito equilíbrio.
= Filme Synecdoche, New York - Philip Seymour Hoffman somatiza nova Iorque com todas as repercussões que isso pode ter. Total esboroamento de arte e vida do personagem.
= Filme X-Men origins: Wolverine - Um belo presente para os fãs do personagem.
= Exposição Legado Sagrado - Excelente oportunidade para ver o trabalho etnográfico e artístico de reconstituição da história dos índios norte-americanos feito por Edward Curtis. Caixa Cultural RJ até 28/06.
= Show Os Matutos - Pesquisa sobre chorinho e canção é incrivelmente bem utilizada pelo grupo.
= Show Revirão (Jorge Mautner) - Um prazer imenso ouvir as canções e filosofia deste grande pensador da nossa cultura na canção.
= Show Orquestra Contemporânea de Olinda - Ótimo trabalho de percussão e pesquisa. Destaque para o "possuído" Gilú.
= Peça Quebra-quilos - Ótimo trabalho engajado do Coletivo de Teatro Alfenim sobre fatos da história do interior da Paraíba. É sempre muito bom ver Sôia Lira em cena.