O livro Quartas histórias foi lançado pela Editora Garamond em 2006 para homenagear os 60 e 50 anos da publicação de Sagarana e Grande Sertão: veredas, respectivamente. Mas ele é muito mais que isso. É uma amostragem do que está acontecendo de mais significativo na literatura brasileira contemporânea. Além de ser uma excelente leitura para este ano de 2008, centenário de Guimarães Rosa – autor das obras homenageadas – ele desperta a curiosidade dos mais jovens pela obra do grande escritor.
O livro é o resultado do desafio que o pesquisador e professor de literatura Rinaldo de Fernandes lançou a 40 escritores brasileiros: recriar contos de Sagarana ou trechos de Grande Sertão: Veredas. O resultado são textos curtos que não se limitam a imitar o texto rosiano, até porque ele é "em princípio inimitável", como destaca o organizador na introdução do volume. Mas amplia seu universo temático com alternativas criativas.
Em Quartas histórias o leitor tem a oportunidade de entrar em contato com um imaginário único de linguagem e apropriação do sertão. Sertão que não significa apenas um espaço geográfico, pois, como disse o escritor homenageado, “o sertão está em toda parte”. O sertão é tudo e está, na verdade, dentro e não fora dos homens.
Mesmo aqueles que não conhecem as histórias de Guimarães Rosa não sentirão dificuldade em acompanhar os contos do livro. Pela diversidade de escritores, cada um com seu estilo e invenção, o livro estabelece um diálogo entre diferentes aspectos do Brasil e da literatura de maneira independente.
Destaco como exemplo o conto “Caso na roça”, do poeta e ensaísta Amador Ribeiro Neto. Aqui os primos Ribeiro e Argemiro, protagonistas do conto “Sarapalha” – uma das histórias mais ricas de nossa literatura –, aparecem entre “ícones da cultura pop e referências ao mundo cyber”. Se no conto rosiano os primos sofriam pelo abandono de Luísa e por causa da malária, na recriação de Ribeiro Neto, usando como aliado o “processo de collage e pastiche neobarrocos”, eles são inseridos na experiência homoerótica dos desejos e (des)amores.
Há ainda que se destacar as belas gravuras de Arlindo Daibert, que ilustraram os livros de Guimarães Rosa. Assim, Quartas histórias, fazendo parte da recente enxurrada editorial que marca as comemorações, sejam das obras, sejam do aniversário de Guimarães Rosa, destaca-se pela qualidade singular que vai da escolha dos escritores até a capacidade inventiva de cada um. Leitura imperdível!!!
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E o Oscar foi para No country for old men (“Onde os fracos não têm vez”), dos irmãos Joel e Ethan Coen. Acredito que merecido, apesar de não ter me empolgado por nenhum filme concorrente deste ano, mesmo com a qualidade que cada um tem. Fiquei feliz mesmo foi com a premiação do excelente Javier Bardem, como ator coadjuvante do filme vencedor, e a da disciplinada e talentosa Tilda Swinton, como melhor atriz coadjuvante por Michael Clayton ("Conduta de risco"). Aliás, interessante ver que nenhum dos atores premiados é americano (dois ingleses, uma francesa e um espanhol). No mais, nada de novo sobre o red carpet, que este ano ficou encharcado pela chuva. Cadê a Cher!?!?!... O Oscar tá muito certinho. E Oscar sem breguice perde 90% da graça, né verdade?
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A propósito, destacado aqui no blog, no texto “Briga de espadas e muito grito”, sobre o Festival MixBrasil de Cinema 2007, o curta Tá, do estreante Felipe Sholl, recebeu um dos Prêmios Teddy para filmes de temática gay, em Berlim. Parabéns, merecido!
Em Quartas histórias o leitor tem a oportunidade de entrar em contato com um imaginário único de linguagem e apropriação do sertão. Sertão que não significa apenas um espaço geográfico, pois, como disse o escritor homenageado, “o sertão está em toda parte”. O sertão é tudo e está, na verdade, dentro e não fora dos homens.
Mesmo aqueles que não conhecem as histórias de Guimarães Rosa não sentirão dificuldade em acompanhar os contos do livro. Pela diversidade de escritores, cada um com seu estilo e invenção, o livro estabelece um diálogo entre diferentes aspectos do Brasil e da literatura de maneira independente.
Destaco como exemplo o conto “Caso na roça”, do poeta e ensaísta Amador Ribeiro Neto. Aqui os primos Ribeiro e Argemiro, protagonistas do conto “Sarapalha” – uma das histórias mais ricas de nossa literatura –, aparecem entre “ícones da cultura pop e referências ao mundo cyber”. Se no conto rosiano os primos sofriam pelo abandono de Luísa e por causa da malária, na recriação de Ribeiro Neto, usando como aliado o “processo de collage e pastiche neobarrocos”, eles são inseridos na experiência homoerótica dos desejos e (des)amores.
Há ainda que se destacar as belas gravuras de Arlindo Daibert, que ilustraram os livros de Guimarães Rosa. Assim, Quartas histórias, fazendo parte da recente enxurrada editorial que marca as comemorações, sejam das obras, sejam do aniversário de Guimarães Rosa, destaca-se pela qualidade singular que vai da escolha dos escritores até a capacidade inventiva de cada um. Leitura imperdível!!!
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E o Oscar foi para No country for old men (“Onde os fracos não têm vez”), dos irmãos Joel e Ethan Coen. Acredito que merecido, apesar de não ter me empolgado por nenhum filme concorrente deste ano, mesmo com a qualidade que cada um tem. Fiquei feliz mesmo foi com a premiação do excelente Javier Bardem, como ator coadjuvante do filme vencedor, e a da disciplinada e talentosa Tilda Swinton, como melhor atriz coadjuvante por Michael Clayton ("Conduta de risco"). Aliás, interessante ver que nenhum dos atores premiados é americano (dois ingleses, uma francesa e um espanhol). No mais, nada de novo sobre o red carpet, que este ano ficou encharcado pela chuva. Cadê a Cher!?!?!... O Oscar tá muito certinho. E Oscar sem breguice perde 90% da graça, né verdade?
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A propósito, destacado aqui no blog, no texto “Briga de espadas e muito grito”, sobre o Festival MixBrasil de Cinema 2007, o curta Tá, do estreante Felipe Sholl, recebeu um dos Prêmios Teddy para filmes de temática gay, em Berlim. Parabéns, merecido!