Pesquisar neste blog

terça-feira, março 01, 2011

Labirinto

Fico imaginando como seria a reação do público do final do século XIX diante de Labirinto, encenação de três textos do dramaturgo José Joaquim de Campos Leão - o Qorpo Santo.
Penso nisso pois a acidez do texto encenado - trabalhando sobre questões como liberação sexual, direito ao prazer e emancipação feminina - agora parece não comover do mesmo modo que foi concebido para.
Até porque, ao que tudo indica, estamos ficando cada dia mais careta. O contato com a plateia fica muito mais restrito ao riso - por meio das personagens mais caricaturais - do que à fruição reflexiva.
A direção de Moacir Chaves oferece ao texto aquilo que este pede, mesmo com um elenco desigual. Aliás, muitas vezes não sabemos se a mecanicização (que certamente tem uma função dentro da concepção de Qorpo Santo) do ator em cena faz parte do jogo cênico, ou se sublinha o desempenho do ator.
O figurino é confuso e, ao tentar reforçar o variação linguística das personagens - remetendo o público ao tempo de outrora -, peca por criar paradoxos.
Mas Labirinto é uma peça imperdível: seja pelo autor dos textos - tão cruel e tão pouco montado -, seja para confrontar conceitos, ideologias, lutas... com a mudança dos tempos.

Nenhum comentário: