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domingo, março 25, 2012

Gaby Amarantos

Gaby Amarantos
Sonoridades
23/03/2012
Oi Futuro Ipanema

Com Lia Sophia e Nina Becker

domingo, março 18, 2012

Moreno Veloso

Moreno Veloso
Sonoridades
Oi Futuro Ipanema
17/03/2012

Pedro MirandaPedro Miranda e Luis Filipe de Lima

sexta-feira, março 16, 2012

Criolo

Criolo
Nó na orelha
Sonoridades
Oi Futuro Ipanema
22/03/2012
“Legal esse momento que estou vivendo.
Mas legal mesmo seria não precisar cantar o que canto.
Sentir essa dor no peito”
(Criolo, Revista Trip)Emicida

sexta-feira, março 02, 2012

Adeus à carne

Ao invés dos camarotes refrigerados das cervejarias da Sapucaí, é nos puleiros populares e gratuitos da Av. Presidente Vargas – famosos pelo esgoto exposto do Mangue – que Michel Melamed coloca o público para assistir ao desfile de Adeus à carne. O roteiro é estruturado a partir dos quesitos que norteiam os desfiles das escolas de samba, mas em nada, ou em tudo, lembra um luxuoso espetáculo.
O espetáculo vai se construindo por pedaços, quase esquetes, que aparentemente não se conectam. Porém, essa falsa impressão logo é desfeita quando o espectador começa a perceber que está diante de um grande painel, algo como Guernica, onde tudo é potência de dor, miséria e indignação do artista.
Tudo é metáfora: enquanto o carnaval da Sapucaí estetiza a alegria, Adeus à carne estetiza o real. No lugar do samba-enredo, o sussurro; do brilho, o fosco; do colorido, o branco e preto. O autor borra o brilho que cega os espectadores comuns, porque teleguiados, e mira no universo ao redor: no lixo que sustenta o lamê. E, mais que tudo, reflete e refrata a truculência disseminada no país.
A violência – o som da bateria transformada em tiros – com que Michel Melamed aborda a festejada pujança da sexta economia do mundo é de uma brutalidade que beira o absurdo exatamente por negar o sublime, por mirar única e exclusivamente no trágico.
Há algo mais trágico do que o símbolo da escola de samba não poder sambar? Como sabemos, o casal de mestre-sala e porta-bandeira bailam e não podem deixar o samba sambar. É por aí que Melamed entra. Mas não revelo aqui a solução cênica utilizada para não estragar o impacto.
Se no carnaval é que o Brasil respira e extravasa, Melamed oferece o irrespirável, o desconforto, o brutal pré-pós luzes da Sapucaí. Ele foca naquilo que a TV não mostra, ou mostra demais, como a super lente que flagra o choro (a emoção?) dos componentes do desfile. É tudo imagem, pose sob luz, em um processo muito bem compreendido por Adriana Ortiz, que assina a iluminação da obra.
Se a alegria é também a consciência de que a dor faz parte do jogo, em Adeus à carne a dor não tem contrapartida: tudo é esforço e suor, sem perspectiva de restauração.
É eliminada qualquer jubilação: é o trágico sem sublime: tudo dói e arde. Confete por confete, o maior espetáculo a céu aberto da terra, é apresentado naquilo que ele tem de mais cruel: sem alegorias, nem máscaras – a pele por traz da pintura – pele negra esbranquiçada e branca enegrecida.
Livre pensador/atirador, Melamed não deixa de fora do seu carnaval a descendência das procissões católicas. Lá está o São Cu num recurso cênico aquém do pensamento visceral do autor, e que remete às travessuras estéticas dos anos sessenta, mas sem comprometer o resultado do ritual à deusa carne.
Além do próprio Melamed, os corpos em cena de Bruna Linzmeyer, Pedro Monteiro, Rodolfo Vaz, Thalma de Freitas e Thiare Maya promovem o sambicídio estético: transformam a crítica e o atrito sociais em estética.
Adeus à carne é o sacrifício da carne, representado com precisão cirúrgica pelas passistas que sambam, sem deixar de sorrir, movidas pela dor da cera quente de velas acesas que choram sobre seus corpos.
Outro momento de extrema complexidade (e perplexidade) é quando Thalma de Freitas canta um prismático mashup de canções que se interligam pela palavra “tristeza”. Aliás, a trilha sonora, sob direção musical de Lucas Marcier e Fabiano Krieger, é originalíssima: o suporte fundamental para a agonia que Melamed estraçalha (curto-circuita) com sua profusão de ideias.
A cenografia e os objetos de Bia Junqueira promovem os avanços e empecilhos dos movimentos dos atores-trans-foliões em cena. E o figurino de Luiza Marcier aponta para a luta entre o esfarrapo e o excesso dos amores vãos da festa.
Adeus à carne é o carnaval nunca visto, ou que de tão presente não queremos ver: em sua radicalidade, Melamed brocha a fofura, gela os ânimos e aterroriza até nossos pensamentos menos sublimes sobre a festa que não é mais festa: é máscara sem recheio.

Em cartaz no Sesc Ginástico até 15 de abril.

quinta-feira, março 01, 2012

Real in Rio

"Real in Rio", de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, é a cama sonora, o ar e o pólo orgânico perfeitos para a profusão alegórica do filme Rio. Contagiante, apoteótica e gloriosa, "Real e Rio" traduz em som aquilo que Carlos Saldanha mostra em cores e imagens.
Dito isso, gosto da canção: "Real in Rio" funciona para o que foi feita: ser o motor da festa esfuziante de Rio. E é assim que uma canção feita para compor trilha sonora precisa ser avaliada: na contribuição que ela oferece ao todo fílmico. Se ela vai ter vida independente, isso é outra história.
No mais: "All birds we can sing to / Sun and beaches they call / Dance to the music, passion and love / Show us the best you can do // You can feel it happen / You can feel it all by yourself // That's why we love carnaval // Everything can be for real, in Rio".