Pesquisar neste blog

quinta-feira, novembro 06, 2014

Há mundo por vir?

Tencionar as potências e as fragilidades do desejo (vontade e impossibilidade), desse desejo direcionado ao saber, o que já é em si uma ação política, me parece, é o que define a vida moderna. Mas isso pode ser expandido ao nosso tempo.
É por aí que leio a contundente beleza terrível de um capítulo como o “Um mundo de gente”, do livro Há mundo por vir?, de Déborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro. Estar na travessia entre a irreversibilidade do feito e o desejo de fazer parece nos constituir.
Concluí o livro com a sensação de que urge falharmos mais como homem para podermos onçar, como no conto rosiano “Meu tio o Iauaretê”. Querer ser homem, diferenciando-nos ao máximo dos outros animais, parece, tem nos levado ao colapso. Antes tivéssemos querido ser onça. Ou jabuti.

Miss violence

Só digo uma coisa: se você ainda não viu, procure ver "Miss violence". O filme tematiza a ferrugem patriarcal. E o quão cúmplices todos nós somos na manutenção dessa ferrugem. A cumplicidade, aliás, é matéria formal do filme, já que vira e mexe as personagens parecem confrontar a passividade do espectador. Filmaço seco e denso.