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terça-feira, agosto 25, 2009

Poetas hoje

A poesia contemporânea no Brasil avança em múltiplas direções e tem certamente como uma precursora a poesia concreta com suas investigações e soluções, que se originou de uma meditação crítica das formas da poesia. Ela fundiu, por exemplo, poesia, música e artes plásticas.
O poeta multimídia contemporâneo realça a importância de a poesia se incorporar às outras formas de expressão, tais como o cinema e o vídeo, para criar novas formas de linguagem. Mesmo que o livro de papel ainda resista bravamente.

Importa lembrar que, a tentativa de superar a superfície da página sempre foi uma obsessão dos poetas experimentalistas, e teve seu marco inicial com o poema "Um lance de dados", de 1897, de Mallarmé. Desde então, ocorreram as importantes contribuições de Pound, Joyce e Cummings, bem como a tradição das vanguardas européias e do experimentalismo oswaldiano. Até os suportes digitais e líquidos da atualidade.
De fato, a poesia, enquanto expressão, sempre buscou um formato ou "arquitetura" para expor-se como conhecimento registrado. Desde sua origem, o "registro" do texto poético sempre esteve condicionado às evoluções tecnológicas. Assim, a poesia migrou de sua forma oral para a escrita e desta para a impressa, até atingir o estágio atual.
Antes de ser manifestada na escrita, a poesia já requeria, portanto, uma forma de representação das ideias e dos fatos, pela codificação e consequente decodificação dos leitores. O poeta inscreve, arquiteta e diagrama sobre a superfície plana da página, da tela ou parte para suportes como o disco sonoro, o cinema e o vídeo, e a publicação digital, com recursos multimídia.
Este amplo painel de estilos caracteriza a mais recente antologia organizada por Heloisa Buarque de Holanda: "Enter - Antologia digital". No entanto, não é de se estranhar que na festa de lançamento tenha se perguntado onde comprar o livro. Parece que, em termos de recepção do que tem sido produzido, caminhamos em passos lentos.
Heloisa Buarque trata a questão com a mesma coragem com que ela tem tratado o "novo" na produção literária, há bastante tempo. Ela sabe o quanto fica cada vez mais difícil lidar com a velocidade e o efeito descartável que a era da mobilidade nos lança.
Sem dúvida, os 37 autores escolhidos não dão conta do todo, nem parece ter sido esta a pretensão da organizadora, mas constituem uma boa amostra sintomática do quão diversificada e irregular é a produção de poesia hoje, agora. Vale à pena ser acessado.


Texto publicado no Jornal A União em 22/08/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Peça Simplesmente Clarice Lispector (Beth Goulart) - O trabalho de atriz é no ponto. Falta dinâmica, mas nada que tire a qualidade do conjunto.
= Peça Vau da Sarapalha (Luiz Carlos Vasconcelos) - É uma das coisas mais belas que já vi em teatro. Assisti pela terceira vez e me emociono com se fosse a primeira.
= Peça Sonho de Outono (Emílio de Mello) - Complicado texto de Jon Fosse tem direção segura e encenação densa.
= Filme Brüno - Absurdo total! Rende boas risadas.
= Filme The hangover (Se beber, não case) - A melhor ressaca de toda! O roteiro é muito bom e cada cena traz elementos novos.
= CD Na veia (Simone) - Bom repertório e samba na veia.
= CD N9ve (Ana Carolina) - Ótimos arranjos e letras trabalhadas.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Convite de lançamento

A Editora Zouk, a Livraria Prefácio e o autor
convidam para a noite de autógrafos do livro

O trágico no teatro de Federico García Lorca
de Claudio Castro Filho


Terça-feira, 18 de agosto de 2009
a partir das 19 horas
(Noite em que se completará mais um ano da morte de Lorca.)

Livraria Prefácio:
Rua Voluntários da Pátria, 39 – Botafogo

segunda-feira, agosto 10, 2009

Coração galinha de leão

Com o material bruto para o making of de um dvd que não foi lançado, o diretor Fernando Grostein Andrade foi preciso ao montar um documentário leve e enxuto sobre Caetano Veloso. O filme "Coração Vagabundo" é apenas um delicado registro de um período na vida de Caetano. Não mais que isso. E isso não é pouco.
Para começar Fernando Grostein acerta o alvo ao apontar para universalidade da obra de Caetano exatamente no que ela tem de mais brasileiro. Suas canções carregam uma força imagética insuperável, e o diretor soube explorar isso com destreza, longe do óbvio. Com sensibilidade soube fundir e justapor imagem e som obtendo um resultado correto e eficaz. A magreza técnica das filmagens parece ter ajudado no conceito final da montagem e "Coração Vagabundo" seduz.
Há cenas de grande apuro estético como a tomada no metrô de Osaka ao som de "Neolithic man" e a saturação das imagens captadas nas rocambolescas ruas do Japão. Nestes momentos percebemos como a direção encontrou, talvez inconscientemente, a tradução e a transcriação da obra e do sujeito que "canta o mundo que roda". Sempre pautado sobre fragmentos de diálogos, shows e passeios públicos, "Coração Vagabundo" tenta revelar Caetano como "homem comum", coisa que, também sabemos, por tudo o que ele faz, pensa e diz, não o é.
Fugindo do formato clássico de documentário, aqui o diretor é "apagado". Só há o personagem e o universo deste. Mas não nos enganemos, o olhar por trás da câmera controla tudo e os "monólogos" de Caetano apontam para um ouvinte atento. Sem esquecer da força da personagem, o filme funciona nos termos emocionais atualíssimos. Cortes na hora certa. Falação "desleixada" no ponto.
A qualidade do som e da trilha sonora é incrível. Mesmo os registros mais antigos de Caetano tem bom tratamento final. Destaque para o sol que "arde" no Japão ao som de "Asa Branca". O roteiro é correto e sabe tirar proveito do personagem que dificilmente se deixa captar por inteiro, já que Caetano busca "entrar e sair de todas as estruturas" com mesma integridade.
A perspicaz mirada do diretor diante da obra - além do sujeito - de Caetano e a despretensão de ser definitivo ou definidor fazem de "Coração Vagabundo" um filme totalmente demais.

Texto publicado no Jornal A União em 08/08/2009

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

= Peça Cachorro - Tratamento cuidadoso do universo de Nelson Rodrigues.
= Peça Continente negro - O cenário e a iluminação são incríveis! As nuances e sutilidades que atravessam as personagens é muito bem trabalhada.
= Peça Confronto - Mais uma sob a direção autoral de Domingos Oliveira. O resultado é bom, mas poderia ser menos panfletário.
= Exposição A arte de J. Borges / do cordel à xilogravura - Oportunidade incomparável de ver a reunião de um trabalho singularíssimo.
= Exposição Gary Hill - Taking time from plac - A capacidade de mistura instalação, poesia literária e visual é impressionante. Oi Futuro RJ.
= Exposição Dress Tents - É tenda, mas também é roupa e também é arte. Muito legal! Caixa Cultural RJ.
= Exposição World Press Photo 09 - Excelente seleção de fotografias. A maioria com legendas. O que seria da arte contemporânea se não fossem as legendas? (rsrs). Caixa Cultural RJ.
= CD Maria Gadú (Maria Gadú) - Tudo é muito bom, desde a embalagem, passando pela escolha do repertório e, claro, a voz.
= CD Luz negra (Fernanda Takai) - O show ficou muito bom, as regravações são personalísssimas!

quinta-feira, agosto 06, 2009

Piollin 30 anos

Espetáculo: A Gaivota - alguns rascunhos
Período: 05 a 09 de agosto de 2009
Horário: 20h
Local: Caixa Cultural - Teatro Nelson Rodrigues
Endereço: Av. República do Chile, 230, Rio de Janeiro (RJ)



Espetáculo: Vau da Sarapalha
Período: 12 a 16 de agosto de 2009
Horário: 20h
Local: Caixa Cultural - Teatro Nelson Rodrigues
Endereço: Av. República do Chile, 230, Rio de Janeiro (RJ)



Espetáculo: Silêncio Total
Período: 8 e 19; 15 e 16 de agosto de 2009
Horário: 17h
Local: Foyer da Caixa Cultural
Endereço: Av. República do Chile, 230, Rio de Janeiro (RJ)