A poesia contemporânea no Brasil avança em múltiplas direções e tem certamente como uma precursora a poesia concreta com suas investigações e soluções, que se originou de uma meditação crítica das formas da poesia. Ela fundiu, por exemplo, poesia, música e artes plásticas.
O poeta multimídia contemporâneo realça a importância de a poesia se incorporar às outras formas de expressão, tais como o cinema e o vídeo, para criar novas formas de linguagem. Mesmo que o livro de papel ainda resista bravamente.
Importa lembrar que, a tentativa de superar a superfície da página sempre foi uma obsessão dos poetas experimentalistas, e teve seu marco inicial com o poema "Um lance de dados", de 1897, de Mallarmé. Desde então, ocorreram as importantes contribuições de Pound, Joyce e Cummings, bem como a tradição das vanguardas européias e do experimentalismo oswaldiano. Até os suportes digitais e líquidos da atualidade.
De fato, a poesia, enquanto expressão, sempre buscou um formato ou "arquitetura" para expor-se como conhecimento registrado. Desde sua origem, o "registro" do texto poético sempre esteve condicionado às evoluções tecnológicas. Assim, a poesia migrou de sua forma oral para a escrita e desta para a impressa, até atingir o estágio atual.
Antes de ser manifestada na escrita, a poesia já requeria, portanto, uma forma de representação das ideias e dos fatos, pela codificação e consequente decodificação dos leitores. O poeta inscreve, arquiteta e diagrama sobre a superfície plana da página, da tela ou parte para suportes como o disco sonoro, o cinema e o vídeo, e a publicação digital, com recursos multimídia.
Este amplo painel de estilos caracteriza a mais recente antologia organizada por Heloisa Buarque de Holanda: "Enter - Antologia digital". No entanto, não é de se estranhar que na festa de lançamento tenha se perguntado onde comprar o livro. Parece que, em termos de recepção do que tem sido produzido, caminhamos em passos lentos.
Heloisa Buarque trata a questão com a mesma coragem com que ela tem tratado o "novo" na produção literária, há bastante tempo. Ela sabe o quanto fica cada vez mais difícil lidar com a velocidade e o efeito descartável que a era da mobilidade nos lança.
Sem dúvida, os 37 autores escolhidos não dão conta do todo, nem parece ter sido esta a pretensão da organizadora, mas constituem uma boa amostra sintomática do quão diversificada e irregular é a produção de poesia hoje, agora. Vale à pena ser acessado.
Texto publicado no Jornal A União em 22/08/2009
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
= Peça Simplesmente Clarice Lispector (Beth Goulart) - O trabalho de atriz é no ponto. Falta dinâmica, mas nada que tire a qualidade do conjunto.
= Peça Vau da Sarapalha (Luiz Carlos Vasconcelos) - É uma das coisas mais belas que já vi em teatro. Assisti pela terceira vez e me emociono com se fosse a primeira.
= Peça Sonho de Outono (Emílio de Mello) - Complicado texto de Jon Fosse tem direção segura e encenação densa.
= Filme Brüno - Absurdo total! Rende boas risadas.
= Filme The hangover (Se beber, não case) - A melhor ressaca de toda! O roteiro é muito bom e cada cena traz elementos novos.
= CD Na veia (Simone) - Bom repertório e samba na veia.
= CD N9ve (Ana Carolina) - Ótimos arranjos e letras trabalhadas.
O poeta multimídia contemporâneo realça a importância de a poesia se incorporar às outras formas de expressão, tais como o cinema e o vídeo, para criar novas formas de linguagem. Mesmo que o livro de papel ainda resista bravamente.
Importa lembrar que, a tentativa de superar a superfície da página sempre foi uma obsessão dos poetas experimentalistas, e teve seu marco inicial com o poema "Um lance de dados", de 1897, de Mallarmé. Desde então, ocorreram as importantes contribuições de Pound, Joyce e Cummings, bem como a tradição das vanguardas européias e do experimentalismo oswaldiano. Até os suportes digitais e líquidos da atualidade.
De fato, a poesia, enquanto expressão, sempre buscou um formato ou "arquitetura" para expor-se como conhecimento registrado. Desde sua origem, o "registro" do texto poético sempre esteve condicionado às evoluções tecnológicas. Assim, a poesia migrou de sua forma oral para a escrita e desta para a impressa, até atingir o estágio atual.
Antes de ser manifestada na escrita, a poesia já requeria, portanto, uma forma de representação das ideias e dos fatos, pela codificação e consequente decodificação dos leitores. O poeta inscreve, arquiteta e diagrama sobre a superfície plana da página, da tela ou parte para suportes como o disco sonoro, o cinema e o vídeo, e a publicação digital, com recursos multimídia.
Este amplo painel de estilos caracteriza a mais recente antologia organizada por Heloisa Buarque de Holanda: "Enter - Antologia digital". No entanto, não é de se estranhar que na festa de lançamento tenha se perguntado onde comprar o livro. Parece que, em termos de recepção do que tem sido produzido, caminhamos em passos lentos.
Heloisa Buarque trata a questão com a mesma coragem com que ela tem tratado o "novo" na produção literária, há bastante tempo. Ela sabe o quanto fica cada vez mais difícil lidar com a velocidade e o efeito descartável que a era da mobilidade nos lança.
Sem dúvida, os 37 autores escolhidos não dão conta do todo, nem parece ter sido esta a pretensão da organizadora, mas constituem uma boa amostra sintomática do quão diversificada e irregular é a produção de poesia hoje, agora. Vale à pena ser acessado.
Texto publicado no Jornal A União em 22/08/2009
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
= Peça Simplesmente Clarice Lispector (Beth Goulart) - O trabalho de atriz é no ponto. Falta dinâmica, mas nada que tire a qualidade do conjunto.
= Peça Vau da Sarapalha (Luiz Carlos Vasconcelos) - É uma das coisas mais belas que já vi em teatro. Assisti pela terceira vez e me emociono com se fosse a primeira.
= Peça Sonho de Outono (Emílio de Mello) - Complicado texto de Jon Fosse tem direção segura e encenação densa.
= Filme Brüno - Absurdo total! Rende boas risadas.
= Filme The hangover (Se beber, não case) - A melhor ressaca de toda! O roteiro é muito bom e cada cena traz elementos novos.
= CD Na veia (Simone) - Bom repertório e samba na veia.
= CD N9ve (Ana Carolina) - Ótimos arranjos e letras trabalhadas.
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