Em 127 horas James Franco prova - para quem ainda tinha dúvidas - que é um competente ator. A fluidez com que ele esmiúça o cromatismo da alma da personagem é impressionante.
Humor, febre alucinatória, desejo sexual, fé, desperança... tudo está presente de forma complexa, instigante, prazerosa e desconfortante no filme dirigido por Danny Boyle.
O diretor consegue fazer de uma experiência singular - ficar com o braço preso por uma rocha numa fenda nas desérticas montanhas de Utah - em uma experiência fílmica eletrizante. O espectador não percebe o tempo passar: a sensação claustrofóbica e maçante das tais 127 horas do título ganha fôlego com as pequenas narrativas agregadas à nervura da história.
A fotografia é auxiliada pelo deslumbrante cenário natural de Utah e os jogos de sol e sombra adensam a vivência da personagem. Aliás, o tempo é o tempo interno em que um conjunto de instantes psicológicos - memórias, lembranças, planos... - prendem a atenção do espectador.
Chama atenção a relação entre Ralston (James Franco) e a água que carrega na mochila: quanto mais escassa a água, mais a personagem mergulha dentro de si, lutando para manter a lucidez. As limitações de mobilidade física são compensadas por excelentes ângulos.
Diretor de Trainspotting e Quem quer ser um milionário, em 127 horas Danny Boyle chega na fronteira da espetacularização do acontecimento: aliás, é este limiar que torna 127 horas um grande filme: cru (algumas pessoas podem se chocar com a carne - literalmente - viva e exposta) e ao ponto; agridoce - feito para James Franco brilhar.
quarta-feira, fevereiro 16, 2011
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2 comentários:
Nossa, que fôlego pra escrever críticas de cinema, hein, Leo? Tô gostando! Fiquei com mais vontade ainda de assistir ao filme. Beijão.
Ahhhhh vou ver hoje!!!!!
Adoro uma boa crítica!
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