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quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Tetro

O filme Tetro dirigido por Francis Ford Coppola é um novelão, um romanção: tudo gira em torno da história do irmão que não é irmão é pai.
Coppola faz uso de vários artifícios do romance clássico para prender, com eficácia, a atenção do espectador. A todo instante, somos brindados com sublimes torneios no curso da vida das personagens.
Tetro conta uma história - algo considerado impossível de ser feito nos dias de hoje. A trama repleta de citações - principalmente da Ópera - que envolve as personagens do excelente ator Vincent Gallo e de Alden Ehrenreich (que lembra muito - físico e gestos - o jovem Leonardo DiCaprio) é tratada em formato pouco usual, em tempos de narrativas fragmentadas e inconclusas.
Coppola conta uma história com imagens. Imagens que se desdobram ora no espelho estrategicamente deixado na sala do apartamento de Tetro (Vincent Gallo) e Miranda (Maribel Verdú), ora nas sombras que "falam", ora na ida das personagens a Patagonia, ao frio, ao branco total: à verdade?
A fotografia é um deslumbre: o real é preto e branco, enquanto a memória e a imaginação são coloridas. A luz, que vez ou outra deixa o espectador cego diante da profusão de luminosidade, é uma personagem a parte: ou melhor, a luz é, de fato, o narrador do filme.
Tetro investe nas excessivas e dolorosas pequenas tragédias íntimas das personagens para criar no espectador um gozo estético.
A frase pichada em um muro qualquer de Buenos Aires (mais precisamente no belo El caminito de La boca) - NO SUELTES LA SOGA QUE ME ATA A TU ALMA" (Não solte a corda que me prende à sua alma) -, dada ao público nos primeiros minutos do filme, é a condensação exata dos afetos em carne viva engendrados em Tetro.

Um comentário:

Lou Porto disse...

Leo, adorei a crítica. Fantástica a tua percepção da luz enquanto "narrador". Beijão.