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quarta-feira, fevereiro 16, 2011

127 horas

Em 127 horas James Franco prova - para quem ainda tinha dúvidas - que é um competente ator. A fluidez com que ele esmiúça o cromatismo da alma da personagem é impressionante.
Humor, febre alucinatória, desejo sexual, fé, desperança... tudo está presente de forma complexa, instigante, prazerosa e desconfortante no filme dirigido por Danny Boyle.
O diretor consegue fazer de uma experiência singular - ficar com o braço preso por uma rocha numa fenda nas desérticas montanhas de Utah - em uma experiência fílmica eletrizante. O espectador não percebe o tempo passar: a sensação claustrofóbica e maçante das tais 127 horas do título ganha fôlego com as pequenas narrativas agregadas à nervura da história.
A fotografia é auxiliada pelo deslumbrante cenário natural de Utah e os jogos de sol e sombra adensam a vivência da personagem. Aliás, o tempo é o tempo interno em que um conjunto de instantes psicológicos - memórias, lembranças, planos... - prendem a atenção do espectador.
Chama atenção a relação entre Ralston (James Franco) e a água que carrega na mochila: quanto mais escassa a água, mais a personagem mergulha dentro de si, lutando para manter a lucidez. As limitações de mobilidade física são compensadas por excelentes ângulos.
Diretor de Trainspotting e Quem quer ser um milionário, em 127 horas Danny Boyle chega na fronteira da espetacularização do acontecimento: aliás, é este limiar que torna 127 horas um grande filme: cru (algumas pessoas podem se chocar com a carne - literalmente - viva e exposta) e ao ponto; agridoce - feito para James Franco brilhar.

2 comentários:

Lou Porto disse...

Nossa, que fôlego pra escrever críticas de cinema, hein, Leo? Tô gostando! Fiquei com mais vontade ainda de assistir ao filme. Beijão.

Fabiana Farias disse...

Ahhhhh vou ver hoje!!!!!

Adoro uma boa crítica!