A edição passada causou muitos comentários em diversos países, o que certamente ampliou a presença de diretores estrangeiros na nova edição.
Na programação do Odeon estão sendo apresentados projetos desenvolvidos em diferentes técnicas. Enquanto “Sand”, do americano Peter Sluska, usa stop-motion (técnica em que figuras feitas de massa são animadas quadro a quadro), “O baile”, da brasileira Viviane Valadares, abusa da pesquisa de linguagens, por exemplo.
Porém, a pretensão de provocar fica restrita a poucos curtas. Dentre os quais destaco o divertidíssimo “Bikini”, do sueco Lasse Person, com a história de um jovem que “sai do armário” ao usar, literalmente, o biquíni de bolinha amarelinha de sua mãe e seduzir dois salva-vidas.
Além do ótimo “Sand” em que um macaquinho se deixa iludir por uma macaquinha feita de areia e manifesta sua pulsão sexual. Este curta em particular me chama a atenção para a metáfora de muitas de nossas relações diárias. Algumas simplesmente se desvanecem no ar, como areia que escapa entre os dedos e não nos damos conta de que, desde o início, elas eram assim: fluidas, ou líquidas, como preferem alguns teóricos da modernidade. Outras, e isso o macaquinho expressa bem, tentamos dar forma, ou prende-las a um molde, a todo custo, por mais conscientes, ou não, que sejamos de suas fragilidades. Mas essa é uma análise muito singular para um filme que pretende ser “apenas” engraçado, e consegue.
Outro que chama atenção, pela temática, é “Instinct”, do francês Fréderick Venet, com a história de amor entre um homem e sua gata. Ele a imagina como mulher, mas ela continua selvagem como um animal. O que toca também na relação entre os humanos e seus “animais domésticos”.
E há ainda o americano e interessante “Teat beat of sex”, de Signe Baumane, com palestras sobre sexo oferecidas “por uma especialista no assunto”. Ilário.
O público é quem pontua as animações que são exibidas. As mais bem votadas serão anunciadas na festa de premiação que acontece no último dia do festival, nas categorias "Mais Quente", "Desejo Nacional" e "Desejo Internacional".
Para mim, fica a impressão de que a reprise em tela grande do excelente longa “Wood & Stock – Sexo, orégano e rock’n’roll”, de Otto Guerra, é o melhor do FIAERio deste ano. Além do mais, com tantas parcerias e com o apoio cultural da Playboy TV, For Man e Sex Hot, o Festival merecia maior divulgação e melhor produção.
RODAPÉ:
Saiu o tão aguardado sétimo disco da Nação Zumbi, a banda mais influente dos anos 90 – “Fome de Tudo”. Jorge Du Peixe, vocalista da banda que já foi comandada por Chico Scienci, explicou que “a fome percorre o disco em várias músicas”. Apesar da referencia este é um dos primeiros discos que eles gravam sem um conceito fixo. Sem a quantidade de samplers do disco anterior, "Futura", o novo trabalho tem 12 faixas bastante “orgânicas”. A produção é do norte-americano Mario Caldato Jr, responsável por quase todos os discos do Beastie Boys, além dos artistas brasileiros Marcelo D2 e Bebel Gilberto. Destaco “Carnaval”, “Toda surdez será castigada” e “A culpa”. Mas ficam na mente os versos da faixa-título: "a fome tem uma saúde de ferro / Forte como quem come" e de “Olimpo”: "todos os dias nascem deuses / alguns melhores e alguns piores do que você”.
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