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quarta-feira, julho 04, 2007

Herança e Cenas de uma história

Num país como o nosso, com dimensões continentais, e que se constrói com base em uma cultura cada vez mais visual e imagética, a busca por meios de comunicação que abranja a maior quantidade de diversidades possíveis, com qualidade, parece quase impensável.
Porém, creio que a TVE Brasil, por todos os esforços visíveis na sua grade de programas, procura entender e apresentar a educação e a cultura em um sentido plural.
A história dessa “resistência” ao comercial e ao facilmente digerível foi registrada em dois livros lançados ontem no Espaço Cultural TVE Brasil/Rádio MEC, no Rio Janeiro.

Sob a pesquisa, organização e edição da jornalista Liana Milanez, os livros Rádio MEC – Herança de Um Sonho e TVE Brasil – Cenas de Uma História, além de recuperar as trajetórias das duas mais importantes emissoras públicas do Brasil, trazem também algumas fotografias e documentos históricos.
Entre as imagens destaco uma de 1982, com o encontro de dois grandes atores, no programa Os Astros, apresentado por Grande Otelo, entrevistando Ítalo Rossi. (Como eu gostaria de ter assistido a tal programa, e a muitos outros como o Patati-Patatá, Canto Conto... momentos, do tempo da delicadeza, dos quais só tenho notícias através de registros como estes.).
Durante a cerimônia, discursaram Franklin Martins, Ministro Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e Luiz Paulo Conde, secretário de Cultura do Governo Sérgio Cabral Filho/RJ. Ambos elogiaram a importante atuação das emissoras Rádio MEC e TVE Brasil frente à preservação e manutenção da qualidade na comunicação.
Entre os convidados, estavam presentes aqueles que fizeram e fazem esta história acontecer, como: Bia Bedran, do
Canto Conto; Leda Nagle, apresentadora do Sem Censura, Michel Melamed, antenadíssimo e excelente com o seu Re[corte] Cultural; Sergio Britto, pelo seu programa sobre arte, a atriz Julia Lemmertz, que apresenta o Revista do Cinema Brasileira, etc, etc.
Entre esses ainda aponto a presença de Fernanda Montenegro, com a merecida honraria de sempre. Emocionante vê-la conversando com o Sergio Britto, relembrando “causos” das emissoras homenageadas.
Os livros trazem muitas histórias e curiosidades importantes para a formação da nossa memória cultural. Verdadeiras lutas já foram travadas, seja contra a censura, seja a favor da consciência ética. O programa Sem Censura, que entrou no ar logo depois d
a abertura política, numa clara referência ao fim da censura, como o próprio nome informava, procurou ser um exemplo disso.
Questiona-se muito a qualidade da programação da TV, no Brasil, o que me faz recordar a famosa frase de Groucho Marx:

Acho que a televisão é muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala e leio um livro

Concordo (em partes), pois quando a TV, através do uso da imagem, oferece ferramentas para o conhecimento, suje a educação. E quero crer que, com a missão, que deveria ser da comunicação pública em geral, de unir cultura e educação, buscando na tradição os rumos e as raízes para as ações do presente, a TVE Brasil e a Rádio MEC continuarão fazendo da herança de um sonho (de Roquette-Pinto e Tude de Souza) as matérias para as cenas de nossa história.

Um comentário:

Homem, Homossexual e Pai disse...

poxa! deve ter sido um encontro muito legal mesmo! que bom que vc teve chance de participar e nos contar!
abs
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