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sábado, julho 13, 2013

Los Amantes Pasajeros

Para quem, como eu, acompanha a "linha evolutiva" da filmografia de Pedro Almodovar, "Los Amantes Pasajeros" soa estranho à primeira vista. Acho mesmo que Almodovar tinha uma boa ideia mas a perdeu ao longo da história. A ausência de um núcleo duro direcionando o roteiro rompe com as tramas extremamente bem urdidas presentes nos filmes mas recentes do cineasta.
Porém, distanciando-se, em segunda mirada, podemos perceber que os tipos tão bem criados e tratados por Almodovar para causar "pane no sistema" estão todos ali: nas filigranas - do texto ácido às situações aparentemente soltas.
Por exemplo, em "Los Amantes Pasajeros" Almodovar escamoteia a sátira à crise econômica da Espanha na absurdidade das ações das personagens. Ora, o avião não está indo para o México por acaso. Também não é à toa que os passageiros da classe econômica são dopados com sonífero, enquanto os da classe executiva são excitados e entretidos pelos comissários de bordo. Nem a popização da religião e a estetização da sexualidade se misturam por mero preciosismo fílmico. É o Almodovar de sempre. Talvez voltando ao começo para indicar retornos e recuos necessários à afirmação da continuidade.
"Los Amantes Pasajeros" é, talvez, o filme mais queer/camp/gay do Almodovar; rende boas risadas, bons momentos de auto-críticas e isso é bom demais.

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