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quinta-feira, abril 25, 2013

À beira do abismo me cresceram asas

A peça À beira do abismo me cresceram asas é um espetáculo comovente e sincero. A atuação aristocrática de Maitê Proença se equilibra à perfeição com o trabalho cênico despojado de Clarisse Derzié Luz. Ambas mais atentas em expor a "alma" das personagens, do que na criação das caricaturas de duas velhas-meninas exiladas em uma "casa de repouso". Felizmente. Assim podemos entrar em contato com um texto bem urdido, feito mesmo para expressar as emoções que carregamos por uma vida toda.
Maitê e Clarisse se equalizam porque sentem e transmutam em ação duas personagens de personalidades tão diversas quanto complementares: uma amargurada, outra querendo ainda beber as glórias das coisas mais simples da vida. Ambas meninas-velhas com motivações diversas e honestas para serem como são.
O figurino de Beth Filipecki, o cenário de Cristina Novaes e a luz de Jorginho de Carvalho ajudam na composição de um clima neo-romântico - um pensar despretencioso sobre utopias e ideologias - à encenação. A direção de Clarice Niskier e Maitê Proença sabem utilizar bem tais recursos no aprofundamento das questões discutidas em cena.