Para quem curte, uma lista aleatória dos sons que (me)
tocaram em 2012
e que continuarão (me) tocando em 2013 e depois:
e que continuarão (me) tocando em 2013 e depois:
Abraçaço - Caetano Veloso: Talvez o mais direto e menos
metafórico (no que diz respeito às mensagens) dos três discos até agora
lançados com a Bandacê. Os sujeitos cancionais criados por Caetano se ressentem
e cantam a solidão, o intertido e suas convicções político-estéticas-afetivas.
Um discaço! Para ouvir
Treme - Gaby Amarantos: Gaby é a erupção do vulcão (de led e
aparelhagem) gerado pela cena sonora do Pará. Unindo tradição (vozes da
floresta) com tecnologia e mirada de mercado, Gaby abre caminho para que os
viciados ouvidos brasileiros se voltem para outras luminosas e amplas direções. Para ouvir
Tudo esclarecido - Zélia Duncan: Um disco que lança luz
sobre a obra singular de Itamar Assumpção. Aqui, a voz elegante de Zélia e as
soluções de produção são a cama sonora precisa para as dores e alegrias
poéticas de nosso pretobras. Para ouvir
Tropicália lixo lógico - Tom Zé: não bastassem a vitalidade
e o tesão que Tom Zé demonstra ao cumprir sua função-cancionista, este disco
seminal defende sua complexa tese do tal "lixo lógico" de modo lúdico,
como o grande analfatótele-tropicalista que ele é. Para ouvir
Metal Metal - Metá Metá: Talvez, ao lado do disco de Tom Zé,
o disco mais inventivo de 2012. O trio formado pelo compositor e violonista
Kiko Dinucci, a cantora Juçara Marçal e o compositor e saxofonista Thiago
França traduz em canção a antropofagia oswaldiana: transmutam em totem o tabu
de misturar tradição (extratos sonoros dos orixás) e modernidade (novas
sonoridades para os mitos). Para ouvir
The moon 1111 - Otto: Reinventando-se, como um moleque solto
e livre pelas ruas da cidade, Otto oferece ao ouvinte um disco solar e desigual.
Sempre mais interessado em "dizer" através da percussão (do ritmo),
Otto compõe um disco para ser curtido aos poucos, posto que cheio de
filigranas. Para ouvir
Feitiço caboclo - Dona Onete: Por si, Dona Onete é um motor
da luz, da malemolência-tabu tropical-brasileira. Ela concentra as sabedorias
de uma grande mãe com o coração carregado de vontade de ser sapeca: canto e
mambo criolo, caboclo, misto, amalgamado, gamado no desejo de ser feliz do
jeito-que-é. Sem lamentações, só canção. Para ouvir
A revolta dos ritmos - Moraes Moreira: O cancionista mostra
que está mais novo (baiano) que nunca. Os sujeitos das canções do disco cantam
as forças que alimentam o poeta (cantor) e a poesia (canção). Moraes faz de sua
inquietação particular uma "aula" (nada didática, luminosa) sobre
brasilidade - diferença e mistura - sonora. Para ouvir
O deus que devassa mas também cura - Lucas Santtana: Com
sons eletrônico-orgânicos, Lucas tem causado pane nas definições de
cancionista. Rompendo as fronteiras entre as artes, misturando imagens sonoras,
paisagens poéticas e performances vocais, o trabalho de Lucas Santtana é o que
de mais antenado há em canção. Para ouvir
Rita Lee - Reza: Zombeteira, sambando na cara dos caretas,
Rita continua sendo ela. O disco cheio de autoreferências divaga sobre temas
importantes para o Brasil (mundo) contemporâneo: liberdade religiosa, velhice,
feminilidade. De um modo que só quem é Rita Lee sabe fazer. Para ouvir
Sotaque carregado - DJ MAM: O título do disco já diz muito
do trabalho deste DJ ornado de cocar. O empenho no amalgamar floresta,
negritude e asfalto faz do disco um libelo à brasilidade, à festa. Além de
reafirmar que é no corpo brasileiro que o afrobeat de Fela Kuti ainda tem
encontrado melhor tradução. Para ouvir
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