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segunda-feira, dezembro 31, 2012

Sons de 2013



Para quem curte, uma lista aleatória dos sons que (me) tocaram em 2012
e que continuarão (me) tocando em 2013 e depois:
 
Abraçaço - Caetano Veloso: Talvez o mais direto e menos metafórico (no que diz respeito às mensagens) dos três discos até agora lançados com a Bandacê. Os sujeitos cancionais criados por Caetano se ressentem e cantam a solidão, o intertido e suas convicções político-estéticas-afetivas. Um discaço! Para ouvir

Treme - Gaby Amarantos: Gaby é a erupção do vulcão (de led e aparelhagem) gerado pela cena sonora do Pará. Unindo tradição (vozes da floresta) com tecnologia e mirada de mercado, Gaby abre caminho para que os viciados ouvidos brasileiros se voltem para outras luminosas e amplas direções. Para ouvir

Tudo esclarecido - Zélia Duncan: Um disco que lança luz sobre a obra singular de Itamar Assumpção. Aqui, a voz elegante de Zélia e as soluções de produção são a cama sonora precisa para as dores e alegrias poéticas de nosso pretobras. Para ouvir

Tropicália lixo lógico - Tom Zé: não bastassem a vitalidade e o tesão que Tom Zé demonstra ao cumprir sua função-cancionista, este disco seminal defende sua complexa tese do tal "lixo lógico" de modo lúdico, como o grande analfatótele-tropicalista que ele é. Para ouvir

Metal Metal - Metá Metá: Talvez, ao lado do disco de Tom Zé, o disco mais inventivo de 2012. O trio formado pelo compositor e violonista Kiko Dinucci, a cantora Juçara Marçal e o compositor e saxofonista Thiago França traduz em canção a antropofagia oswaldiana: transmutam em totem o tabu de misturar tradição (extratos sonoros dos orixás) e modernidade (novas sonoridades para os mitos). Para ouvir

The moon 1111 - Otto: Reinventando-se, como um moleque solto e livre pelas ruas da cidade, Otto oferece ao ouvinte um disco solar e desigual. Sempre mais interessado em "dizer" através da percussão (do ritmo), Otto compõe um disco para ser curtido aos poucos, posto que cheio de filigranas. Para ouvir

Feitiço caboclo - Dona Onete: Por si, Dona Onete é um motor da luz, da malemolência-tabu tropical-brasileira. Ela concentra as sabedorias de uma grande mãe com o coração carregado de vontade de ser sapeca: canto e mambo criolo, caboclo, misto, amalgamado, gamado no desejo de ser feliz do jeito-que-é. Sem lamentações, só canção. Para ouvir

 A revolta dos ritmos - Moraes Moreira: O cancionista mostra que está mais novo (baiano) que nunca. Os sujeitos das canções do disco cantam as forças que alimentam o poeta (cantor) e a poesia (canção). Moraes faz de sua inquietação particular uma "aula" (nada didática, luminosa) sobre brasilidade - diferença e mistura - sonora. Para ouvir

O deus que devassa mas também cura - Lucas Santtana: Com sons eletrônico-orgânicos, Lucas tem causado pane nas definições de cancionista. Rompendo as fronteiras entre as artes, misturando imagens sonoras, paisagens poéticas e performances vocais, o trabalho de Lucas Santtana é o que de mais antenado há em canção. Para ouvir

 Rita Lee - Reza: Zombeteira, sambando na cara dos caretas, Rita continua sendo ela. O disco cheio de autoreferências divaga sobre temas importantes para o Brasil (mundo) contemporâneo: liberdade religiosa, velhice, feminilidade. De um modo que só quem é Rita Lee sabe fazer. Para ouvir

 Sotaque carregado - DJ MAM: O título do disco já diz muito do trabalho deste DJ ornado de cocar. O empenho no amalgamar floresta, negritude e asfalto faz do disco um libelo à brasilidade, à festa. Além de reafirmar que é no corpo brasileiro que o afrobeat de Fela Kuti ainda tem encontrado melhor tradução. Para ouvir

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