Não há como ir a São Paulo e não aproveitar algo da
programação dos Satyros.
Com o mote de que a terra está tão atulhada de divindades
que é mais fácil encontrar um deus do que um homem e, portanto, estando à
procura destes e de suas humanidades, fragilidades e finitudes, a adaptação dos
Satyros para o clássico da literatura - o Satyricon – mistura a mitologia
romana à vida noturna dos michês da grande metrópole.
Descolados do tempo literário e postos na roda viva da
noite, dos mictórios públicos, as personagens de Petrônio – o trio Encólpio,
Ascilto e Gitão – adaptam-se muito bem ao novo contexto também repleto de
mitos, riscos e busca pela sobrevivência à beira do abismo. E a proposta se
agiganta por se manter muito distante do filme de Felini.
Os destaques do espetáculo ficam por conta da luz e da
direção. Além da trilha sonora e dos objetos de cena. Sem contar o modo sempre
singular com que os atores dos Satyros se atiram no salto mortal da encenação,
fazendo juiz à classificação indicativa da peça.
Crônica e lirismo se mesclam para montar o império sucateado
em que vivemos. Crepúsculo do macho. Resta-nos aceitar a sina escravocrata
imposta pela sociedade do espetáculo. Eis a proposta do Satyricon dos Satyros.
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