Jorge Amado e Universal é a melhor exposição temporária que o Museu da Língua já montou.
O fato é que tanto pelo excesso da discutível interpretação da cultura grega, atravessada pela educação e mitologia cristã que privilegiou Apolo, quanto por fugir sem critérios de tudo que possa ser exótico, a Academia ainda hoje não sabe ler Jorge Amado.
Jorge deflagrou e disseminou outros signos, também brasileiros, porém de raiz africana e arcaica. Com isso fotografou e inventou tipos e costumes sensuais e mais próximos de Dioniso do que de Apolo.
Na obra de Jorge, Iemanjá e Oxalá se misturam a Maria e Jesus. Os tambores do candomblé se harmonizam com a lira de Orfeu.
Porém, o "projeto Brasil" de Jorge é gestado na contribuição dos escravos negros africanos, portanto, exige outros dispositivos de interpretação, além dos europeus, posto que tal projeto amplia as noções de brasilidade.
E assim o Brasil de Jorge - um cenário que muitos teimam em reduzir a um pedacinho estranho e exótico da Bahia - não é só verde anil e amarelo, mas também cor de rosa e carvão.
É isso que a exposição Jorge Amado e Universal soube captar muito bem, com seu mar de dendê, com os nomes das personagens feitos em fitinhas (do Bonfim) de amarrar no pulso, suas espreguiçadeiras e seus votos e mimos aos deuses de outras mitologias.
quarta-feira, junho 13, 2012
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