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segunda-feira, julho 25, 2011

Homme au bain

Faz tempo que o diretor Christophe Honoré vem buscando a quintessência do macho moderno.
Por exemplo: se em Dan Paris ele imprime uma delicada e masculina investigação do amor fraternal e em Les Chansons d'Amour ele sofistica as relações afetivas, com Homme au bain Honoré invade com naturalidade a intimidade de um casal gay em crise. Ou melhor, investiga a vulnerabilidade de um homem no banho.
A imagem de um desolado François Sagat, sentado nu diante de uma estante de livros, depois de ouvir de um apático crítico de arte que sua beleza (musculosa) não consegue excitar pois não ultrapassa a pele, é sintomática e reveladora.
Bem como a cena em que o mesmo Sagat, sozinho em casa, faz faxina dançando ao som de "Insensatez" (cantada por Nancy Wilson).
Afinal, o que há por trás das máscaras sociais que o macho precisa usar? E o que fazemos quando, sozinhos, não precisamos usa-las?
Eis algumas perguntas para quais Honoré sugere respostas esmiuçando fragilidades: tencionando certezas.
E como cenário para isso: Gennevilliers, zona de problemas no que se refere à integração social da capital francesa.
Aliás, a aparição relâmpago de Marina Abramovic - em ação na performance The artist is present - não pode passar despercebida: ela tenciona o jogo claro-escuro, fundo-superfície que o diretor tenta o tempo todo representar em Homme au bain: onde está o masculino no corpo do homem?
Homme au bain é montado com imagens ora do próprio diretor (Honoré), ora forjadamente feitas pela personagem Omar, ironicamente interpretada por Omar Ben Sellem, em viagem a Nova York, onde, despretensiosamente, filma Abramovich, além de manter a câmera fissurada em um novo jovem amante, enquanto acompanha Chiara Mastroianni (L'actrice) no lançamento de um filme.
A propósito, é na montagem que reside a intervenção nouvelle-vaguiana de Honoré. Subúrbio de Paris e cosmopolitismo novaiorquino.
Homme au bain quer sugerir que a ficção cria a realidade. Não é à toa que a personagem de François Sagat - astro pornô na vida real - diz a certa altura do filme: "Não me sinto à vontade com os atores". Tudo é sugestão, ensaio, investigação.
Em Homme au bain, o sexo exposto é tão natural quanto o ato de fazer a barba. Honoré trabalha no lugar onde sexo e amor - e seus desdobramentos - se encontram e se estranham.
Pensado para ser um curta, Homme au bain não é o melhor filme de Honoré, mas são nos olhares infantis lançados por Sagat - cujo corpo é ícone de virilidade - ao longo do filme onde se revela a tradução perfeita à desconstrução do masculino que Honoré vem propondo em sua peculiar filmografia.

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