Desde que Rodrigo Faour verticalizou sua pesquisa (e interesse) sobre canção para o campo do sexo, somos brindados pelo seu ouvido atento, de quem coleciona e come música desde sempre, com raros objetos de desejo. De fato, Rodrigo exerce um papel fundamental e louvável, em um país que teima em esquecer sua história, no caso, sonora.
Depois de ter lançado o imprescindível livro História sexual da MPB, além de apresentar o programa de rádio e a séria de TV Sexo MPB, Rodrigo lança a coletânea de mesmo nome – Sexo MPB – com preciosidades que fazem despertar a libido de qualquer ouvinte afeito ao sabor do gesto cancional brasileiro: dengoso e malandro; solar e passional: tudo junto e agora.
Como a maioria das antologias, Sexo MPB tenta agradar diversos ouvidos e gostos, em uma mistura de ritmos que tem como ênfase o canto da hora da cama: o encontro dos corpos. Por isso, dias cinzentos de outono (as disjunções amorosas) convivem, tête-à-tête, com manhãs de luz (as conjunções afetivas). Aliás, a perspicácia do pesquisar está, justamente, em tornar tão convergentes diferentes miradas sobre as questões do corpo na canção: dar o mesmo tratamento a estilos e formas bem diversas.
As letras picantes e as melodias quentes (cheias de mormaço tropical) atravessam as 30 canções de Sexo MPB estimulando o interesse do ouvinte. Duplo, como dois corpos que se completam (se encaixam), o CD é dividido em “Canções sensuais”, em que o sexo é mais sugerido do que explícito, tratado com certa delicadeza – “Dois pra lá, dois pra cá”, na voz de Elis Regina; e em “Músicas safadinhas”, com o sexo exposto em sua malemolência (os famosos e gostosos “duplos sentidos”) e pletora de alegria – “Só gosto de tudo grande”, interpretada por Marinês, ou “Eu sou o cômico”, na voz de Zenilton; por exemplos.
Energias masculinas, femininas, neutras e demais se misturam e se devoram em uma festa (orgia) de sons e versos no ritmo dos corpos que curtem o barato total das canções. Em tempos de tanta caretice, quando as relações erótico-afetivas são cantadas em um tom que não chegam a afetar a pele das personagens, o trabalho de Rodrigo Fauor, em seu Sexo MPB, aponta que o sexo (a cantada que sanha e arranha o corpo) pede para ser lido, visto e ouvido naquilo que ele é: sexo, simples como fogo.
Texto publicado no jornal A União, em 31/07/2010Como a maioria das antologias, Sexo MPB tenta agradar diversos ouvidos e gostos, em uma mistura de ritmos que tem como ênfase o canto da hora da cama: o encontro dos corpos. Por isso, dias cinzentos de outono (as disjunções amorosas) convivem, tête-à-tête, com manhãs de luz (as conjunções afetivas). Aliás, a perspicácia do pesquisar está, justamente, em tornar tão convergentes diferentes miradas sobre as questões do corpo na canção: dar o mesmo tratamento a estilos e formas bem diversas.
As letras picantes e as melodias quentes (cheias de mormaço tropical) atravessam as 30 canções de Sexo MPB estimulando o interesse do ouvinte. Duplo, como dois corpos que se completam (se encaixam), o CD é dividido em “Canções sensuais”, em que o sexo é mais sugerido do que explícito, tratado com certa delicadeza – “Dois pra lá, dois pra cá”, na voz de Elis Regina; e em “Músicas safadinhas”, com o sexo exposto em sua malemolência (os famosos e gostosos “duplos sentidos”) e pletora de alegria – “Só gosto de tudo grande”, interpretada por Marinês, ou “Eu sou o cômico”, na voz de Zenilton; por exemplos.
Energias masculinas, femininas, neutras e demais se misturam e se devoram em uma festa (orgia) de sons e versos no ritmo dos corpos que curtem o barato total das canções. Em tempos de tanta caretice, quando as relações erótico-afetivas são cantadas em um tom que não chegam a afetar a pele das personagens, o trabalho de Rodrigo Fauor, em seu Sexo MPB, aponta que o sexo (a cantada que sanha e arranha o corpo) pede para ser lido, visto e ouvido naquilo que ele é: sexo, simples como fogo.
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
- Filme Natimorto – Baseado no livro homônimo, um mergulho vertiginoso.
- Filme Toy story 3 – O desempenho e o aproveitamento das personagens são comoventes: muito bem feitos.
- Filme Sex and the city 2 – Um desfile bacana de tipos e modas.
- Filme O bem amado – O clima criado pelo diretor é incrivelmente intenso e pesca o voyeur. Marco Nanini, como sempre, arrebenta.
- Peça O que eu gostaria de dizer – Um espetáculo de ator e diretor. Construções conscientes de personagens.
- Peça Fala comigo como a chuva – Proposta cênica interessante. Mas o texto se perde em atuações confusas.
- Peça Calígula – A entrega de Thiago Lacerda à personagem é surpreendente. Muito além de qualquer expectativa, que, no meu caso, era nenhuma.
- Peça O capitão e a sereia – Linda homenagem aos cavalos marinhos de nordeste.
- Exposição Sergio Rodrigues um designer dos trópicos – Excelente amostra da obra do nosso grande designer de móveis.
- Show TumTumTum (Déa Trancoso) – Confesso que não a conhecia: uma surpresa encantadora, tamanhas simplicidade e competência.
- Show Música de brinquedo (Pato Fu) – A banda conseguiu levar para o palco (trabalho ensandecido) a magia e sonoridades do disco de mesmo nome. Bravo!
- Filme Toy story 3 – O desempenho e o aproveitamento das personagens são comoventes: muito bem feitos.
- Filme Sex and the city 2 – Um desfile bacana de tipos e modas.
- Filme O bem amado – O clima criado pelo diretor é incrivelmente intenso e pesca o voyeur. Marco Nanini, como sempre, arrebenta.
- Peça O que eu gostaria de dizer – Um espetáculo de ator e diretor. Construções conscientes de personagens.
- Peça Fala comigo como a chuva – Proposta cênica interessante. Mas o texto se perde em atuações confusas.
- Peça Calígula – A entrega de Thiago Lacerda à personagem é surpreendente. Muito além de qualquer expectativa, que, no meu caso, era nenhuma.
- Peça O capitão e a sereia – Linda homenagem aos cavalos marinhos de nordeste.
- Exposição Sergio Rodrigues um designer dos trópicos – Excelente amostra da obra do nosso grande designer de móveis.
- Show TumTumTum (Déa Trancoso) – Confesso que não a conhecia: uma surpresa encantadora, tamanhas simplicidade e competência.
- Show Música de brinquedo (Pato Fu) – A banda conseguiu levar para o palco (trabalho ensandecido) a magia e sonoridades do disco de mesmo nome. Bravo!
5 comentários:
Gostei muito de sua resenha sobre o CD. Ao ler foi como se estivesse ouvindo-o. Abraço
Iracema Alencar
Linda resenha. Muito grato pela sua sensibilidade!
Léo, estava aqui pensando comigo... espero um dia ter a mesma intimidade com o meu objeto de estudo que você demonstra ter com o teu.
Abraço
PS: perdeu o encerramento do simpósio com o Gustavo Bernardo, foi sensacional!
oi querido...
nós vamos lançar o livro com fotos do jequitinhonha, "esórias de luz", de Marcelo Oliveira, dia 31 de agosto, 19h, na Modern Sound (copacabana, 502D), com direito a pocket show de déa trancoso. te esperamos lá... beijo seu coração... déa.
Postar um comentário