Depois de ser lançado como novidade/revelação, em geral, o artista (como qualquer profissional) precisa passar pela fase da (auto)afirmação. Foi assim, por exemplo, com Ney Matogrosso que, egresso do grupo Secos e molhados, se despiu da máscara para investir na voz e dizer a que veio: ser um dos nossos melhores intérpretes.
Guardadas as devidas proporções (contextuais, principalmente), o mesmo gesto acontece, agora, com Silvia Machete. Depois do mais que merecido sucesso do disco anterior (que rendeu CD e DVD ao vivo), a cantora, cujo epíteto de performática lhe cai como uma luva, quer mostra em Extravaganza (2010) que é mais do que uma entretecedora que canta: e consegue.
Feita nos palcos da vida, e nos picadeiros do mundo, Silvia Machete tem algo que canta nossa alma brasileira (tropical): um misto de timidez (versos em primeira pessoa) e espalhafato (deboche de si): simplesmente mulher. Uma voz feminina que canta, com coração valente, as paisagens femininas (frágeis, ou não).
Mesmo quando canta "Manja de reis", de Jorge Mautner e Nelson Jacobina - canção com teor homoerótico masculino, pela descrição do sexo oral, em que as personagens mudam de lugar durante a canção – a voz feminina Silvia, com malandragem peculiar, sustenta a malícia da cena cantada.
Usando boa palheta sonora e pictural do Brasil, as canções de Extravaganza valorizam bem a altura da voz de Silvia, com letras e melodias que, de certo modo, não deixam o universo circense ficar para trás. É o caso de "Sábado e domingo", de Domenico Lancellotti e Alberto Continentino. A canção trás um acompanhamento de (quase) fanfarra que remete o ouvinte às idas ao circo nos finais de semana.
O cheiro de pipoca paira no ar e nos arrasta (cansados de fazer todo dia tudo sempre igual) para o sábado e domingo do descanso, dos encontros e da recarga de energia. Aliás, ouvir (e assistir) Silvia Machete é recarregar as baterias do motor da alegria.
A metáfora do "desvio de rotina" é usada também para se referir a tempos mais feliz: para além do outono. Passado que, sem demora, retorna alegrando o sujeito da canção. Esperas e saudades se dissipam na certeza da notícia boa.
Resta extravasarmo-nos e torcer para que Silvia não perca de vista seu potencial lúdico e de (auto)ironia: que driblam com safadeza os corações caretas, e outros nem tanto.
Feita nos palcos da vida, e nos picadeiros do mundo, Silvia Machete tem algo que canta nossa alma brasileira (tropical): um misto de timidez (versos em primeira pessoa) e espalhafato (deboche de si): simplesmente mulher. Uma voz feminina que canta, com coração valente, as paisagens femininas (frágeis, ou não).
Mesmo quando canta "Manja de reis", de Jorge Mautner e Nelson Jacobina - canção com teor homoerótico masculino, pela descrição do sexo oral, em que as personagens mudam de lugar durante a canção – a voz feminina Silvia, com malandragem peculiar, sustenta a malícia da cena cantada.
Usando boa palheta sonora e pictural do Brasil, as canções de Extravaganza valorizam bem a altura da voz de Silvia, com letras e melodias que, de certo modo, não deixam o universo circense ficar para trás. É o caso de "Sábado e domingo", de Domenico Lancellotti e Alberto Continentino. A canção trás um acompanhamento de (quase) fanfarra que remete o ouvinte às idas ao circo nos finais de semana.
O cheiro de pipoca paira no ar e nos arrasta (cansados de fazer todo dia tudo sempre igual) para o sábado e domingo do descanso, dos encontros e da recarga de energia. Aliás, ouvir (e assistir) Silvia Machete é recarregar as baterias do motor da alegria.
A metáfora do "desvio de rotina" é usada também para se referir a tempos mais feliz: para além do outono. Passado que, sem demora, retorna alegrando o sujeito da canção. Esperas e saudades se dissipam na certeza da notícia boa.
Resta extravasarmo-nos e torcer para que Silvia não perca de vista seu potencial lúdico e de (auto)ironia: que driblam com safadeza os corações caretas, e outros nem tanto.
Texto publicado no jornal A União-PB, em 17/08/2010
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
= Show Brasileirinho - Comandado pelo Trio Madeira Brasil, com participações de Yamandú Costa, Tereza Cristina, Jorginho do Pandeiro, Marcos Suzano, Zé da Velha, Pedro Miranda, entre outros, o show é o grande encontro do choro contemporâneo. Vale muito a pena curtir o DVD.
= Show Extravaganza (Sílvia Machete) - Afirmação da beleza que é viver.
= Filme Aprendiz de feiticeiro - Booooobo.
= Filme O príncipe da Pérsia - Bons efeitos que remetem ao vídeo game inspirador do filme.
= Peça A loba de ray ban - Forte: o texto é cheio de citações, colagens. Apesar da encenação ser um tanto arrastada.
= Exposição Sérgio Rodrigues: Um designer dos trópicos - Boa amostra do trabalho deste grande artista. Caixa Cultural/RJ até 19/10.
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