O Rio de Janeiro está completando 445 anos. A cidade, pela generosidade da natureza e por servir como cenário de fatos decisivos da política e da cultura, é musa de odes e antiodes. Desde os tempos em que o Rio era mais tocado do que cantado (choros, polcas e maxixes), até os cantos falados do rap.
O livro “Canções do Rio – A cidade em letra e música”, organizado por Marcelo Moutinho, tenta registrar as mudanças da canção na cidade e da cidade na canção. Para tanto, o livro reúne seis ensaios de pesquisadores apaixonados pela cidade e pelo tema.
Seguindo a linha histórica, João Máximo abre os trabalhos escrevendo sobre a Lapa idealizada e a Mangueira vista como um céu no chão, do início do século 20. A favela e o Rio “por inteiro” se destacam e o jeito carioquês de sobreviver começa a ser formado.
Pegando o bastão, Sérgio Cabral escreve sobre as marchinhas. Para o autor, são elas que, com humor (carioca) e olhar agudo, abordam as questões sérias do cotidiano.
Em seguida, Nei Lopes, em uma espécie de texto-testemunho, observa o Rio através do samba. O subúrbio é cartografado e o autor defende que a violência está disseminada e influenciando os compositores. Ora mãe, ora mulher, o sambista tem sempre uma relação uterina com a cidade.
Já Ruy Castro, como não poderia deixar de ser, escreve sobre a Bossa Nova. O outro lado da cidade partida: a Zona Sul. Ele lembra que através da geografia de Copacabana e Ipanema o mundo conhece um Rio ensolarado. Pelo menos até as abordagens sociais, na década de 60, quando surge o “Nordeste de cartão-postal”, como tema.
Hugo Sukman amplia a abordagem da dissonância carioca. As injustiças e a consequente violência. O cantado arrastão é metáfora tanto do golpe militar, quanto dos assaltos coletivos. E é do centro dessa brutalidade que surge a MPB.
Sílvio Essinger fecha o livro com um texto sobre o rock (das bermudas), o rap e o funk. Ele aponta como estes ritmos se “descontraem” no contato com a carioquice, sem deixar de polemizar e criticar a beleza e o caos da cidade.
Por fim, vaza de todos os ensaios a vontade de entender a construção de identidade do Rio de Janeiro feito canção. O livro “Canções do Rio”, irregular, como a cidade, resulta em leitura leve, ideal para uma tarde quente de verão.
Texto publicado no Jornal A União em 17/04/2010
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:Seguindo a linha histórica, João Máximo abre os trabalhos escrevendo sobre a Lapa idealizada e a Mangueira vista como um céu no chão, do início do século 20. A favela e o Rio “por inteiro” se destacam e o jeito carioquês de sobreviver começa a ser formado.
Pegando o bastão, Sérgio Cabral escreve sobre as marchinhas. Para o autor, são elas que, com humor (carioca) e olhar agudo, abordam as questões sérias do cotidiano.
Em seguida, Nei Lopes, em uma espécie de texto-testemunho, observa o Rio através do samba. O subúrbio é cartografado e o autor defende que a violência está disseminada e influenciando os compositores. Ora mãe, ora mulher, o sambista tem sempre uma relação uterina com a cidade.
Já Ruy Castro, como não poderia deixar de ser, escreve sobre a Bossa Nova. O outro lado da cidade partida: a Zona Sul. Ele lembra que através da geografia de Copacabana e Ipanema o mundo conhece um Rio ensolarado. Pelo menos até as abordagens sociais, na década de 60, quando surge o “Nordeste de cartão-postal”, como tema.
Hugo Sukman amplia a abordagem da dissonância carioca. As injustiças e a consequente violência. O cantado arrastão é metáfora tanto do golpe militar, quanto dos assaltos coletivos. E é do centro dessa brutalidade que surge a MPB.
Sílvio Essinger fecha o livro com um texto sobre o rock (das bermudas), o rap e o funk. Ele aponta como estes ritmos se “descontraem” no contato com a carioquice, sem deixar de polemizar e criticar a beleza e o caos da cidade.
Por fim, vaza de todos os ensaios a vontade de entender a construção de identidade do Rio de Janeiro feito canção. O livro “Canções do Rio”, irregular, como a cidade, resulta em leitura leve, ideal para uma tarde quente de verão.
Texto publicado no Jornal A União em 17/04/2010
= Peça O Ensaio - Montagem e atuações precisas para um roteiro cheio de meandros.
= Peça As cochambranças de Quaderna - As peças de Ariano Suassuna, quando montadas com o cuidado que elas exigem, como é o caso, rendem excelente entretenimento inteligente.
= Peça Tango, bolero e cha cha cha - A certeza de muita risada. Edwin Luise está impecável na pele da transexual Lana Lee.
= Peça Amadeus - Texto excelente desperdiçado em cruas atuações.
= Show Amor, festa e devoção - A diva Maria Bethânia em plena forma.
= Filme Um homem sério - Uma espiral de fumaça alimentada pelo humano em nós.
= Peça As cochambranças de Quaderna - As peças de Ariano Suassuna, quando montadas com o cuidado que elas exigem, como é o caso, rendem excelente entretenimento inteligente.
= Peça Tango, bolero e cha cha cha - A certeza de muita risada. Edwin Luise está impecável na pele da transexual Lana Lee.
= Peça Amadeus - Texto excelente desperdiçado em cruas atuações.
= Show Amor, festa e devoção - A diva Maria Bethânia em plena forma.
= Filme Um homem sério - Uma espiral de fumaça alimentada pelo humano em nós.
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