Semana passada tive a oportunidade de assistir a uma palestra da historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco num auditório da UERJ, superlotado, com pessoas sentadas até ao redor da mesa.
Abordando o tema “Perversão e homossexualidade”, Roudinesco traçou o percurso da perversidade na história, mostrando como a questão sempre esteve ligada ao sexo e ao desejo homoerótico, já que neste tipo de relação não há a procriação, considerada a séculos nas culturas predominantes (incluindo religiões) a “finalidade sublime” do sexo.
Mas para a psicanalista, a perversão de fato são as relações onde há a negação do outro enquanto sujeito. Nesse sentido ela destaca o pedófilo como “o grande perverso” de nossos tempos, uma vez que ele nega ao seu “objeto de desejo” o direito de escolha. Sublinhando a relatividade na questão, Roudinesco lembra que quase todos os crimes que levaram o Marques de Sade à prisão não seriam considerados tão graves hoje.
Formada também em Letras, a historiadora usou exemplos de textos literários, citando, entre outros, o livro “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde. Para ela, uma fábula sobre o extremo da perversão, pois mostra alguém bonito e bom metamorfosear-se completamente. Mesmo sendo avesso à “análise psicanalista” da obra literária, não pude deixar de me impressionar pelas lúcidas questões que Elisabeth lança sobre os personagens de Genet, Proust e Wilde, como exemplo da perversidade da linguagem e a forma “perversa” que a utilizamos para realização do desejo nosso de cada instante.
Por fim, Roudinesco, que veio ao Brasil lançar seu 11º livro "A Parte Obscura de Nós Mesmos - Uma História dos Perversos", e foi uma das estrelas da FLIP, destacou a importante contribuição dos grupos gays e das “liberdades” pós 60 para impor aos psicanalistas o estudo de tais temas. Penso que para todas as áreas do saber.
Assim, longe da “incompetência crítica” apontada pertinentemente por Daniel Sampaio, sem sua coluna no jornal A União, em alguns comentários sobre literatura, Elisabeth Roudinesco alertou contra o medo de lidar com o “diferente” e o “novo”, indicando o estudo para além da mediocridade diante da complexidade da existência.
Se eu pudesse resumir as investigações da historiadora sobre perversão em poucas palavras, relembraria uma frase de Jean-Paul Sartre que diz: “admiro como alguém pode mentir pondo a razão do seu lado”. Mas não posso, não devo fazê-lo, isso não acontece.
Mas para a psicanalista, a perversão de fato são as relações onde há a negação do outro enquanto sujeito. Nesse sentido ela destaca o pedófilo como “o grande perverso” de nossos tempos, uma vez que ele nega ao seu “objeto de desejo” o direito de escolha. Sublinhando a relatividade na questão, Roudinesco lembra que quase todos os crimes que levaram o Marques de Sade à prisão não seriam considerados tão graves hoje.
Formada também em Letras, a historiadora usou exemplos de textos literários, citando, entre outros, o livro “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde. Para ela, uma fábula sobre o extremo da perversão, pois mostra alguém bonito e bom metamorfosear-se completamente. Mesmo sendo avesso à “análise psicanalista” da obra literária, não pude deixar de me impressionar pelas lúcidas questões que Elisabeth lança sobre os personagens de Genet, Proust e Wilde, como exemplo da perversidade da linguagem e a forma “perversa” que a utilizamos para realização do desejo nosso de cada instante.
Por fim, Roudinesco, que veio ao Brasil lançar seu 11º livro "A Parte Obscura de Nós Mesmos - Uma História dos Perversos", e foi uma das estrelas da FLIP, destacou a importante contribuição dos grupos gays e das “liberdades” pós 60 para impor aos psicanalistas o estudo de tais temas. Penso que para todas as áreas do saber.
Assim, longe da “incompetência crítica” apontada pertinentemente por Daniel Sampaio, sem sua coluna no jornal A União, em alguns comentários sobre literatura, Elisabeth Roudinesco alertou contra o medo de lidar com o “diferente” e o “novo”, indicando o estudo para além da mediocridade diante da complexidade da existência.
Se eu pudesse resumir as investigações da historiadora sobre perversão em poucas palavras, relembraria uma frase de Jean-Paul Sartre que diz: “admiro como alguém pode mentir pondo a razão do seu lado”. Mas não posso, não devo fazê-lo, isso não acontece.
* Texto Publicado no Jornal A União 12/07/2008.
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
= Filme Wall.E – Filme para adulto com técnica impecável. Difícil não se apaixonar pelo robô que tem um desenho gráfico tão parecido com o E.T. de Spielberg. Prestar atenção aos créditos, finais. Ainda aí é possível perceber o cuidado com que o filme foi concebido.
= Exposição Mulheres Reais – A exposição que ocupou a Casa França-Brasil é, sem dúvidas, uma das melhores que já vi. Tudo era incrivelmente pensado e interligado. Os criadores conseguiram (re)compor ambientes que colocavam o visitante "dentro" do tempo da família real aqui no Brasil.
= Até dia 20/07 tem Anima Mundi, aqui no Rio.
4 comentários:
Ótimo, rapaz. Com classe.
oi querido, eu bem queria ter ido a essa palestra. Pelo menos enviei um grande espião pra me contar o oque aconteceu hahah
bjos
Renan Ji
Meu Caro: Esse post é apenas para agradecer a sua visita no meu CAFE: Tambem gostei de termos nos encontrado: gente como vcs estao em extinçao.As pessoas hoje em dia estao sempre com pressa e seesquecer ue nada como um 'dedo de prosa'para enriquecer a obra vista ( outro dia, assisti AMARELO MANGA com alguns amigos e, depois da nossa conversa um deles mudou completamente a visao sobre o filme e acabou trazendo muitas coisas para a roda ) pena que esse debate tenha ido apenas para o mundo digital. ..é muito bom poder sentar em algum lugar após as sessoes de cinema e dissecar o filme. Costumava fazer muito isso nas saidas dos filmes da mostra. atualmente faço no meu Laptop mesmo.
Depois voltarei para ler o seu texto sobre os PERVERSOS.
Abracao WEB-Amigo!!!
Depois me explique como faço pra adicionar o endereco de vc e do cosme no meu blog com sugestao.
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