Nasci no final de 1978, por isso não tenho noção do impacto da estréia naquele ano de “Dancin’Days”, considerada como obra-prima de Gilberto Braga. Conto isso porque, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som, semana passada, Braga revelou que foi aí “a primeira vez que a elite se viu na TV” (!).
Muito a propósito, li no programa de uma série de encontros promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, intitulada “Eu vejo novela”, que “de um gênero alienante, a telenovela brasileira evoluiu e trouxe para suas tramas as contradições sociais”.
Pergunto-me se quando incorpora o “real” a novela deixa de ser alienante mesmo e em que medida isso é positivo para a obra. Pois, se querem afirmar a novela como gênero artístico digno de análises acadêmicas, como está no programa da série do CCBB, penso que seja importante primeiro definir qual é o objeto artístico da novela.
Particularmente, não tenho a resposta, caro leitor. Mas, por hora, cabe lembrar Sergei Eisenstein quando disse que não é refletindo a realidade tal como ela é que se conseguem os melhores efeitos em arte.
Voltando a questão inicial, pergunto-me se o Brasil se vê nas telenovelas, como sugeriu Gilberto Braga. Ou, o que é mais difícil de responder, se o Brasil precisa se identificar nas novelas que nossas emissoras produzem.
Como exemplo, recentemente esteve no ar uma novela, pretensamente realista, que tratava o chefe de uma milícia de favela (onde todos se vestiam bem e tinham casas até mesmo luxuosas) como figura digna de exemplo social, interpretada pelo ator principal da produção. No mesmo momento em que os jornais mostravam a batalha sangrenta que ocorre nas favelas do Rio entre seus moradores carentes, milicianos e polícia. Já, noutro canal, temos uma novela sobre mutação humana que, longe de ser “apenas” alienante, afronta a nossa inteligência.
Penso, porém, que cada povo cria suas necessidades estéticas e, como profissional de Letras, percebo que a novela é o maior referencial de literatura no Brasil, senão o único, para grande parte da população. Assim, feita para educar ou não, a novela educa e são essas contradições que fazem da novela um objeto que merece a atenção da academia, além da pluralidade de enfoques, que diz muito da nossa cultura.
Muito a propósito, li no programa de uma série de encontros promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, intitulada “Eu vejo novela”, que “de um gênero alienante, a telenovela brasileira evoluiu e trouxe para suas tramas as contradições sociais”.
Pergunto-me se quando incorpora o “real” a novela deixa de ser alienante mesmo e em que medida isso é positivo para a obra. Pois, se querem afirmar a novela como gênero artístico digno de análises acadêmicas, como está no programa da série do CCBB, penso que seja importante primeiro definir qual é o objeto artístico da novela.
Particularmente, não tenho a resposta, caro leitor. Mas, por hora, cabe lembrar Sergei Eisenstein quando disse que não é refletindo a realidade tal como ela é que se conseguem os melhores efeitos em arte.
Voltando a questão inicial, pergunto-me se o Brasil se vê nas telenovelas, como sugeriu Gilberto Braga. Ou, o que é mais difícil de responder, se o Brasil precisa se identificar nas novelas que nossas emissoras produzem.
Como exemplo, recentemente esteve no ar uma novela, pretensamente realista, que tratava o chefe de uma milícia de favela (onde todos se vestiam bem e tinham casas até mesmo luxuosas) como figura digna de exemplo social, interpretada pelo ator principal da produção. No mesmo momento em que os jornais mostravam a batalha sangrenta que ocorre nas favelas do Rio entre seus moradores carentes, milicianos e polícia. Já, noutro canal, temos uma novela sobre mutação humana que, longe de ser “apenas” alienante, afronta a nossa inteligência.
Penso, porém, que cada povo cria suas necessidades estéticas e, como profissional de Letras, percebo que a novela é o maior referencial de literatura no Brasil, senão o único, para grande parte da população. Assim, feita para educar ou não, a novela educa e são essas contradições que fazem da novela um objeto que merece a atenção da academia, além da pluralidade de enfoques, que diz muito da nossa cultura.
* Texto publicado no jornal A União/PB em 28/06/2008.
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
+ Filme Hulk – Desta vez o verdão mais parece um kingkong, que anoitece no Brasil e amanhece na Quatemala, correndo. Destaque para a presença de Lou Ferrigno, que fez o "Hulk" da série de TV e aparece como porteiro de um edifício, numa rápida seqüência do filme.
+ Show Comportamento Geral (Daniel Gonzaga) – Na tentativa de "recriar Gonzaguinha no palco", Daniel cai na diluição vocal e em interpretações pra lá de "coladas" no estilo do pai.
+ Livro A utopia brasileira e os movimentos negros (Antonio Risério) – O autor faz uma interpretação apurada, aprofundada e iluminadora do chato "politicamente correto" que impera nos nossos dias. Ele mostra como, quando querendo ser policitamente corretos, cometemos graves inadaptações de conceitos e atitudes, pela simples falta de conhecimento da história. Imprescindível!
2 comentários:
Léo, posso mudar de opinião, mas sem refletir detidamente sobre o tema, não incluo as telenovelas como objetos de arte. Não me explicarei porque precisaria escrever outro texto para isso, mas quis registrar minha opinião.
Abraços
Bruno
O título é ótimo Leo, assim como todos os títulos que oferecem dubiedade. Tô com uma idéia interessante para um texto... Vou te enviar algo para ver se desenrolamos.
@br@ço!
Jeff.=D
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