Pesquisar neste blog

quarta-feira, maio 21, 2008

O Mar que É

O requinte e a suavidade de Adriana Calcanhotto são alguns dos atributos mais sensíveis de sua obra. Entre tantos outros identificáveis sob as ondas de sofisticação com as quais a artista imprime seu trabalho.
Agora é a vez de Maré, segundo disco de uma trilogia que tem o mar como tema. O primeiro foi Maritmo (1998).
São 11 faixas em pouco mais de 34 minutos no total.
O repertório é embalado por sons tranqüilos. Um mar que se apresenta íntimo para o navegante. Mas sem perder suas “ondas altas” como no acento country de “Um dia desses” - poema de Torquato Neto, musicado por Kassin; “Porto Alegre” (Péricles Cavalcanti), um calipso dedicado à personagem mitológica Calipso, sublinhado pelos vocalizes de Marisa Monte, insinuando as sereias que tentaram o homérico Ulisses. Ou ainda a pop “Mulher sem razão” (Dé Palmeira, Bebel Gilberto e Cazuza), gravada originalmente por Cazuza no álbum Burguesia (1989).
Como é
difícil atravessar o mar e deixar de ancorar em Dorival Caymmi, Adriana interpreta "Sargaço Mar", acompanhada apenas pelo violão de Gilberto Gil.
Co-produzido por Arto Lindsay, o disco tem ainda a poesia de Ferreira Gullar, “Onde Andarás” (com melodia de Caetano Veloso, de 1967), e de Augusto de Campos o poema interativo “Sem saída”, com seus labirínticos versos musicados por Cid Campos. Nesta faixa temos o arranjo luxuoso de Aldo Brizzi.
Também merecem destaque a primeira parceria de Adriana Calcanhotto com Arnaldo Antunes, na canção “Para lá”, que tem Rodrigo Amarante, ex-Los Hermanos, no piano. E “Seu pensamento”, parceria com Dé Palmeira, com uma única nota da guitarra de Kassin atravessando a música de ponta a ponta, mas sem enjoar, pois é pontuada pela voz tranqüila e exata de Calcanhotto, e por outros instrumentos.
Já “Teu nome mais secreto” é uma parceria de Adriana Calcanhotto com Waly Salomão (1943-2003), a quem o CD é dedicado, e tem o violão (o mesmo usado para tocar no disco Transa, de Caetano Veloso), de Jards Macalé.
Sem esquecer de “Três”, de Marina Lima e Antonio Cícero, e “Maré”, canção que abre e dá nome ao disco.

Se
Maritmo é a fusão entre “mar” e “ritmo”, resultando em um disco mais “dançante”, Maré é o “mar que é”, com adensamentos e implicações variadas. É curtir e esperar para ver aonde o mar cantado por Adriana Calcanhotto ainda irá nos levar. Sem pressa, pois, segundo ela, o terceiro disco da trilogia não tem previsão para sair.

Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:

# CD Novas Bossas (Milton Nascimento e Trio Jobim) – A delicada mistura entre a voz de Milton, o som dos jobins e a Bossa Nova é incrível.
# Peça
Um homem célebre – Inspirado no conto homônimo de Machado de Assis, o musical decepciona. A construção das personagens é fraca e a direção confusa.
# Filme Indiana Jones and Kingdom of the Crystal Skull – Entre as inúmeras referências míticas, importa prestar atenção em Cate Blanchett. Sua personagem nos remete a Sêmele (mãe de Dioniso, na tradição grega). A cena final dela é supreendentemente linda.
# Exposição
Museu Carmen Miranda – Uma lástima perceber que uma figura tão importante para entendermos o Brasil tem sua “memória” tão mal preservada, apesar do esforço de quem coordena o Museu.
# Livro Escritos sobre teatro, de Barbara Heliodora – Organizado por Claudia Braga, o volume com mais de 900 páginas traz escritos (de 1944 a 1994) da mais importante crítica de teatro brasileiro da atualidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do texto. Não gosto de Adriana e estou adorando suas dicas no final do texto.

beijo grande no dois e boa semana.

Anônimo disse...

Oi, meu grandão! como estás? novidades nos estudos?
saudades enormes!
ah! parabéns pelo mirarever, sempre leio suas atualizações e confesso q aprendo bastante, é de grande riqueza p mim. Inclusive essa semana baixei umas músicas do novocd da Adriana Calcanhotto só pq li no blog...hehe

Anônimo disse...

adorei seu post sobre o disco da adriana, eu tb escrevi sobre este disco em meu blog, volta e meia eu visito o seu, parabens, abracao!