“Todas as cartas de amor são ridículas”, diz um célebre poema de Fernando Pessoa. Então, o que esperar de uma peça teatral cujo texto foi concebido sobre as cartas que um homem apaixonado escreveu para sua amada? Muito pouco, se estas cartas não tivessem sido escritas pelo escritor formalista russo Victor Shklovsky.
Definida como “peça de câmara sobre a obra de Shklovsky, Elsa Triolet, Vladimir Maiakowsky e Lilia Brik”, mas sem um autor definido para o texto encenado, Não sobre o amor, do diretor Felipe Hirsch, tem a liberdade de manipular as citações da melhor forma a atingir a metáfora sobre a morte emocional de um homem exilado de sua pátria.
A cena é dividida entre a narração das “lembranças” de Shklovsky e acontecimentos produzidos em sua mente, terreno onde Alya toma forma. Alya representa “a juventude e a autoconfiança perdidas”. O personagem é uma metáfora porque, de fato nunca existiu. O verdadeiro alvo da paixão de Shklovsky era a escritora Elsa Triolet, quem pedia veementemente que ele não falasse de amor nas cartas que lhe enviava. Esta, aliás, é a razão do estranho título da peça.
Assim, amor e exílio, nostalgia e memória, realidade e forjamento, compõem os elementos dramáticos que resultam num inquietante desconforto. Reforçados pelas inusitadas marcações cênicas que levam Leonardo Medeiros e Arieta Corrêa, Shklovsky e Alya respectivamente, a subir pelas paredes. Além disso, compõem a encenação não-realista, projeções e o cenário minimalista (ao extremo) de Daniela Thomas, onde se supõe um quarto de hospedagem qualquer – com toda a impessoalidade.
Hirsch disse, em entrevista a revista Carta Capital: “Trata-se de um espetáculo muito delicado. O mais difícil da minha vida”. O que demonstra toda a precisão e o cuidado com que o diretor trabalha a obra.
Não Sobre o Amor é um belo exemplo de como atores com formação clássica, aliados a uma encenação sutilmente moderna e uma direção consciente e inspirada podem resultar em um espetáculo sensível e íntimo para qualquer público.
A cena é dividida entre a narração das “lembranças” de Shklovsky e acontecimentos produzidos em sua mente, terreno onde Alya toma forma. Alya representa “a juventude e a autoconfiança perdidas”. O personagem é uma metáfora porque, de fato nunca existiu. O verdadeiro alvo da paixão de Shklovsky era a escritora Elsa Triolet, quem pedia veementemente que ele não falasse de amor nas cartas que lhe enviava. Esta, aliás, é a razão do estranho título da peça.
Assim, amor e exílio, nostalgia e memória, realidade e forjamento, compõem os elementos dramáticos que resultam num inquietante desconforto. Reforçados pelas inusitadas marcações cênicas que levam Leonardo Medeiros e Arieta Corrêa, Shklovsky e Alya respectivamente, a subir pelas paredes. Além disso, compõem a encenação não-realista, projeções e o cenário minimalista (ao extremo) de Daniela Thomas, onde se supõe um quarto de hospedagem qualquer – com toda a impessoalidade.
Hirsch disse, em entrevista a revista Carta Capital: “Trata-se de um espetáculo muito delicado. O mais difícil da minha vida”. O que demonstra toda a precisão e o cuidado com que o diretor trabalha a obra.
Não Sobre o Amor é um belo exemplo de como atores com formação clássica, aliados a uma encenação sutilmente moderna e uma direção consciente e inspirada podem resultar em um espetáculo sensível e íntimo para qualquer público.
Não Sobre o Amor – Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil – até 04 de maio.
5 comentários:
Hum, adorei a dica! Tentarei conferir.
Abraço!
essa peça é boa, saí de lá com uma ânsia de querer ler todos os maiores escritores russos da literatura.
é muito bonita e o cenário é fantástico...
Eu tb gostei, mas ainda prefiro a vida é cheia de som e fúria...
Eles falam mais com o público do que entre eles, aí vira meio q um "monólogo" estranho... Mas o texto e as citações são encantadoras...
Eu amei!
Também saí com ânsia de ler todos os escritores russos, como a menina aí de cima.
Além de tudo, o cenário é demais!
Adorei, assisti duas vezes, o texto é bárbaro, os atores, a iluminação, cenografia e vídeo são um barato...
Postar um comentário