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sexta-feira, abril 11, 2008

Delicadeza perdida

José Datrino, o profeta Gentileza, tornou-se conhecido a partir de 1980 por fazer inscrições sob um viaduto no Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e longa barba. Hoje ele faria 91. Em tempos da delicadeza perdida, a mensagem deixada pelo profeta ainda é um alerta para nós. Para quem não conhece, um pouco da sua história:
No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um trágico incêndio no "Gran Circus Norte-Americano". Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças.
Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, Datrino acordou alegando ter ouvido "vozes astrais", que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói. Aquela foi sua morada por quatro anos.
Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido da palavra Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “Profeta Gentileza”.
Após deixar o local que foi denominado “paraíso Gentileza”, o profeta começou a sua jornada como andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho.
Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, ele faleceu. Com o decorrer dos anos, os murais do viaduto foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. O apagamento das inscrições foi criticado e posteriormente organizou-se o projeto “Rio com Gentileza”, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.
Aos que o chamavam de louco, ele respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".

2 comentários:

Bruno Lima disse...

Léo, não conhecia a biografia do Gentileza. Obrigado.

deco disse...

Já tinha ouvido falar desse cidadão, porém desconhecia sua biografia! Sua síntese m despertou interesse em conhecê-lo melhor... Tbm merece destaque, em termos de criatividade artística, na flutuante fronteira entre a arte e a "demência", Artur Bispo do Rosário, sobre quem a GRES Unidos do Porto da Pedra já retratou em uma de suas alegorias, qdo "discutiu" a questão da relação arte/loucura...
Curioso como ambos - Profeta e Bispo do Rosário - têm alcunhas q remetem ao plano espiritual... tá aí uma coisa instigante!

Abçs
André Adriano