Quem nunca ouviu o velho chavão “dinheiro não dá em árvore"? Fosse a mãe que não podia comprar uma bobagem que a gente pedia na infância, fosse no dia-a-dia... Mas esta idéia está sendo subvertida até o dia 04 de maio no foyer do Centro Cultural Banco do Brasil, aqui do Rio. É lá que está a suntuosa instalação O sonho da planta do escritório, dos suíços Gerda Steiner e Jörg Lenzlinger. Nela, a partir de uma planta viva sobre uma mesa de escritório comum, sai uma vasta folhagem, que preenche os 30 metros de altura e 12 de largura da maravilhosa rotunda do CCBB.
Para um olhar menos atento ou ainda para aqueles que têm preconceitos contra arte feita de material reciclado, tudo não passa de um amontoado de objetos. Mas basta dedicar uns minutos a mais para que o observador possa perceber a riqueza de detalhes e as delicadezas do projeto. Exatamente embaixo da grande árvore há acolchoados - de onde eu tirei esta foto - para que os visitantes possam se deleitar.
A instalação faz parte da exposição "Os Trópicos – Visões a Partir do Centro do Globo", com cerca de 130 obras de arte, entre antigas e trabalhos contemporâneos de países tropicais, vindas, na maioria, do Museu Etnológico de Berlim. É a oportunidade de ver as moedas Real, Euro, Dólar... metamorfoseadas ora em pétalas de flores tropicais, ora como enfeites de um mundo que precisa repensar urgentemente suas perspectivas e projetos de sustentabilidade sócio-ecológicas.
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Mudando de linguagem artística, assistimos El Orfanato, de Juan Antonio. Com uma história muito bem “amarrada”, o roteirista Sérgio Sánches consegue ir ampliando a dimensão de suspense à medida que o filme se desenrola. Nada é dado por antecedência, apesar de em alguns momentos o espectador ter certeza do que estar por vir. As soluções imagéticas surpreendem. Mesmo sabendo que o enredo, nada original, se espelha claramenteem Los Otros (2001) ou em The Da rk (2005), etc.
Laura (Belén Rueda), o marido (Fernando Cayo) e o pequeno filho Simón (Roger Príncep) formam o núcleo protagonista, que se muda para um antigo casarão, onde funcionava um orfanato em que Laura passou a infância.
Tudo vai bem até que o menino passa a receber a visita de amiguinhos imaginários, que começam com brincadeiras até chegar a coisas mais sérias, culminando com o desaparecimento de Simón, quando toda a ação efetivamente engata.
O filme tem produção de Guillermo del Toro que, depois de ter perdido a mãoem El Laberinto del Fauno (2006), consegue apresentar um trabalho em que a metafísica e o sobrenatural encontram a verossimilhança correta para prender o espectador.
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Mudando novamente o campo temático, quero registrar a alegria que tive ao ouvir o álbum de Maria Bethânia e Omara Portuondo. Como é bom saber que apesar da turva geléia geral musical sempre é possível contar com o trabalho de artistas irrepreensíveis, tanto na técnica quanto na emoção.
Conheci Omara no grande dvd Buena Vista Social Club e a voz da cubana me encantou.
A idéia de juntar as duas divas partiu da cantora cubana quanto esteve setembro do ano passado em turnê no Brasil, e faz parte de seu projeto de gravar em dueto com grandes cantoras latinas para reafirmar os laços culturais do continente.
O resultado deste encontro é de uma delicadeza comovente e apaixonante. O repertório e a voz dessas duas dadivosas divas precisavam mesmo se juntar, como um raro presente aos ouvintes.
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Falandoem divas... Apesar de já estar circulando pela internet há duas semanas, 4 minutes, novo single do álbum “Hard Candy” de Madonna, está sendo lançado oficialmente hoje 17/03, pela sua gravadora.
A espera do lançamento de um novo álbum de Madonna, sempre envolve expectativas e especulações. Independente de gostar ou não de Madonna, o fato é que ela tem importância decisiva na história da música pop recente. Talvez sua música "pouco acrescente", como aponta o crítico Antônio Carlos Miguel, mas, como ele mesmo observa, "Madonna tem algo".
A primeira imagem que tenho de Madonna é do Girlie Show. Foi puro impacto para um moleque do brejo paraibano ver cenas de pura permissividade e afrontamento, contra os preconceitos e tabus imbecis que ainda teimam em enrugar a vida. Ela mostra que sabe manter, com mão de ferro, uma carreira que transita entre teatro, performance, show, vídeo, música e o diabo-a-quatro. Sempre lançando novos recursos visuais e coreográficos (imediatamente imitados), seus shows/cds/dvds trazem a marca da polêmica, que por vezes passeia do profano ao sagrado.
Com promessa de ser diferente (sempre) de tudo com que já flertou nos álbuns anteriores “Hard Candy” promete tornar, mais uma vez, Madonna como tema de muito papo por aí.
A instalação faz parte da exposição "Os Trópicos – Visões a Partir do Centro do Globo", com cerca de 130 obras de arte, entre antigas e trabalhos contemporâneos de países tropicais, vindas, na maioria, do Museu Etnológico de Berlim. É a oportunidade de ver as moedas Real, Euro, Dólar... metamorfoseadas ora em pétalas de flores tropicais, ora como enfeites de um mundo que precisa repensar urgentemente suas perspectivas e projetos de sustentabilidade sócio-ecológicas.
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Mudando de linguagem artística, assistimos El Orfanato, de Juan Antonio. Com uma história muito bem “amarrada”, o roteirista Sérgio Sánches consegue ir ampliando a dimensão de suspense à medida que o filme se desenrola. Nada é dado por antecedência, apesar de em alguns momentos o espectador ter certeza do que estar por vir. As soluções imagéticas surpreendem. Mesmo sabendo que o enredo, nada original, se espelha claramente
Laura (Belén Rueda), o marido (Fernando Cayo) e o pequeno filho Simón (Roger Príncep) formam o núcleo protagonista, que se muda para um antigo casarão, onde funcionava um orfanato em que Laura passou a infância.
Tudo vai bem até que o menino passa a receber a visita de amiguinhos imaginários, que começam com brincadeiras até chegar a coisas mais sérias, culminando com o desaparecimento de Simón, quando toda a ação efetivamente engata.
O filme tem produção de Guillermo del Toro que, depois de ter perdido a mão
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Mudando novamente o campo temático, quero registrar a alegria que tive ao ouvir o álbum de Maria Bethânia e Omara Portuondo. Como é bom saber que apesar da turva geléia geral musical sempre é possível contar com o trabalho de artistas irrepreensíveis, tanto na técnica quanto na emoção.
Conheci Omara no grande dvd Buena Vista Social Club e a voz da cubana me encantou.
A idéia de juntar as duas divas partiu da cantora cubana quanto esteve setembro do ano passado em turnê no Brasil, e faz parte de seu projeto de gravar em dueto com grandes cantoras latinas para reafirmar os laços culturais do continente.
O resultado deste encontro é de uma delicadeza comovente e apaixonante. O repertório e a voz dessas duas dadivosas divas precisavam mesmo se juntar, como um raro presente aos ouvintes.
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Falando
A espera do lançamento de um novo álbum de Madonna, sempre envolve expectativas e especulações. Independente de gostar ou não de Madonna, o fato é que ela tem importância decisiva na história da música pop recente. Talvez sua música "pouco acrescente", como aponta o crítico Antônio Carlos Miguel, mas, como ele mesmo observa, "Madonna tem algo".
A primeira imagem que tenho de Madonna é do Girlie Show. Foi puro impacto para um moleque do brejo paraibano ver cenas de pura permissividade e afrontamento, contra os preconceitos e tabus imbecis que ainda teimam em enrugar a vida. Ela mostra que sabe manter, com mão de ferro, uma carreira que transita entre teatro, performance, show, vídeo, música e o diabo-a-quatro. Sempre lançando novos recursos visuais e coreográficos (imediatamente imitados), seus shows/cds/dvds trazem a marca da polêmica, que por vezes passeia do profano ao sagrado.
Com promessa de ser diferente (sempre) de tudo com que já flertou nos álbuns anteriores “Hard Candy” promete tornar, mais uma vez, Madonna como tema de muito papo por aí.
... sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo...
(J. Guimarães Rosa)
(J. Guimarães Rosa)
6 comentários:
Gostei bastante de "O Orfanato", mas não entendi o porquê da crítica a "O Labirinto do Fauno", que achei excepcional.
Sobre a Madonna, fiquei com um pé atrás com essa história de trabalhar com os grandes nomes do hip-hop, porém a capa do "Hard Candy" parece dizer que a boa e velha Madonna sabe o que está fazendo.
Cara, acabei de ler teu blog!
Não entendi direito, ou vc não gostou de Labirinto? Fiquei meio confuso.
Rpz me emocionei mesmo vendo aquele filme, não sei se era o momento, mas tive uma crise quando o filme terminou. Fiquei pensando nele por muito tempo.
Estou curioso para ouvi o novo da Madonna! E que nome cretino para o CD! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
@br@ção!
Amigooooo... VOgue Vogue VOgue Madonna Forever...
Amei td aqui... saudades... xeruu
Bacanérrimo, Leo. Sua análise sobre o filme e a exposição no CCBB estão bem próximas da excelência na escrita. .. Atuação jornalística no mais alto nível literário, tenho certeza que blogs como o teu substituirão nossa sêde de conhecimento hoje tão desprezada pela mídia impressa aqui no Rio de Janeiro. Nossos jornais, com efeito, são um LIXO e deixam à desejar toda a intelectividade sequiosa de boa arte e literatura! Parabéns! Eu gostei do que tenho lido no seu blog!
beijos!
Meu Caro: Depois me ensine como LINKAR um BLOG no outro -como vc disse que faria com as nossas 'lascas digitais'....
Abraçao
Vejo que vc tambem escrevewu sobre o ORFANATO!
Léo, ainda não vi "O orfanato", apesar de já ter baixado... hehehe... Mas confesso que me chamou a atenção a sua crítica a "O labirinto do fauno", um filme belo, contundente e mt bem construído... ao menos pra mim! rsrsrs
Gosto sempre de saber sua opinião, mesmo que discordemos... Isso é otimo, pois sempre me dá o que pensar...
Adoro o que vc escreve, nem preciso repetir isso, né? Os seus e os de Amador são textos que sempre leio com prazer e admiração.
Grande abraço!
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