A maioria dos trabalhos acadêmicos ficam restritos a um pequeno número de leitores, sejam porque os assuntos são tratados de forma hermética, dada as exigências da academia, seja porque falta a divulgação de tais trabalhos, confinados a serem apenas um amontoado de textos coletados nos Anais dos eventos.
Sabemos que alguns trabalhos notáveis muitas vezes perecem pela falta de espaço para atingir um público mais amplo. Oxalá isso não ocorra com a tese de doutoramento defendida semana passada (19/03), na UERJ, por Lúcia Facco.
Antes, para quem ainda não conhece o trabalho dela, uma rápida apresentação. Lúcia é autora de As Heroínas Saem do Armário (Edições GLS, 2004), sua dissertação de mestrado apresentada em formato ficcional. O livro analisa cinco romances escritos por lésbicas, e investiga que, diferente de ser uma subliteratura, tais textos são “paraliteratura”, devido à marginalização imposta a eles. Não há arcabouço crítico sobre estes textos, observa a autora.
Outro livro publicado por Lúcia é Lado B: História de Mulheres (Edições GLS, 2006). Trata-se de uma coletânea de contos com histórias sensíveis, inteligentes e sutis de mulheres que vivem seus amores por outras mulheres sem levantar bandeira e sem culpa.
Agora Lúcia defende sua tese Era uma vez um casal diferente: a temática homossexual na educação literária infanto-juvenil. Não tive acesso ao texto, o que poderia limitar meus comentários e/ou torná-los duvidosos, caso eu não tivesse presenciado a positiva avaliação feita pelos componentes da banca examinadora. Além disso, conheço os trabalhos anteriores de Lúcia Facco, o que, para mim, já serve como argumentação.
Neste mais recente trabalho, a autora discute, entre muitas outras coisas relacionadas ao assunto, os compromissos estáticos do currículo escolar, que tende a padronizar e unificar os alunos. Para tanto ela investiga dos cânones literários aos livros paradidáticos utilizados especificamente nas aulas de literatura. O que não impede que ela trace nos primeiros capítulos o percurso de violência, de discriminação, da cultura camp, etc, que permeia a vivência homoerótica.
Discutir um tema ainda polêmico e direcioná-lo a um público em formação, quando, na maioria das vezes, são os educadores quem precisam de educação, não deve ter sido tarefa fácil. Só por isso merece nossa atenção. Porém, não bastasse isso, a emoção que tomou conta da banca durante a defesa da tese mostra que o trabalho tem qualidade e merece ultrapassar os muros acadêmicos.
Se na dissertação As Heroínas Saem do Armário Lúcia Facco criou uma personagem, nesta tese usa a primeira pessoa correndo todos os riscos. Talvez porque, como ela mesma expressou, “não dava para se colocar de fora daquilo que estava defendendo”.
Aguardo ansioso que o trabalho vire livro e possa atingir seu objetivo que é, conforme as palavras da autora, “dar às pessoas a oportunidade de conhecer mais a necessidade de mudar as relações de poder e dominação”.
Antes, para quem ainda não conhece o trabalho dela, uma rápida apresentação. Lúcia é autora de As Heroínas Saem do Armário (Edições GLS, 2004), sua dissertação de mestrado apresentada em formato ficcional. O livro analisa cinco romances escritos por lésbicas, e investiga que, diferente de ser uma subliteratura, tais textos são “paraliteratura”, devido à marginalização imposta a eles. Não há arcabouço crítico sobre estes textos, observa a autora.
Outro livro publicado por Lúcia é Lado B: História de Mulheres (Edições GLS, 2006). Trata-se de uma coletânea de contos com histórias sensíveis, inteligentes e sutis de mulheres que vivem seus amores por outras mulheres sem levantar bandeira e sem culpa.
Agora Lúcia defende sua tese Era uma vez um casal diferente: a temática homossexual na educação literária infanto-juvenil. Não tive acesso ao texto, o que poderia limitar meus comentários e/ou torná-los duvidosos, caso eu não tivesse presenciado a positiva avaliação feita pelos componentes da banca examinadora. Além disso, conheço os trabalhos anteriores de Lúcia Facco, o que, para mim, já serve como argumentação.
Neste mais recente trabalho, a autora discute, entre muitas outras coisas relacionadas ao assunto, os compromissos estáticos do currículo escolar, que tende a padronizar e unificar os alunos. Para tanto ela investiga dos cânones literários aos livros paradidáticos utilizados especificamente nas aulas de literatura. O que não impede que ela trace nos primeiros capítulos o percurso de violência, de discriminação, da cultura camp, etc, que permeia a vivência homoerótica.
Discutir um tema ainda polêmico e direcioná-lo a um público em formação, quando, na maioria das vezes, são os educadores quem precisam de educação, não deve ter sido tarefa fácil. Só por isso merece nossa atenção. Porém, não bastasse isso, a emoção que tomou conta da banca durante a defesa da tese mostra que o trabalho tem qualidade e merece ultrapassar os muros acadêmicos.
Se na dissertação As Heroínas Saem do Armário Lúcia Facco criou uma personagem, nesta tese usa a primeira pessoa correndo todos os riscos. Talvez porque, como ela mesma expressou, “não dava para se colocar de fora daquilo que estava defendendo”.
Aguardo ansioso que o trabalho vire livro e possa atingir seu objetivo que é, conforme as palavras da autora, “dar às pessoas a oportunidade de conhecer mais a necessidade de mudar as relações de poder e dominação”.
3 comentários:
Leonardo, mais uma vez quero registrar a satisfação que tive com a sua presença na minha defesa. Fico super feliz com a análise do meu trabalho. Espero que ele realmente tenha repercussão, não por uma questão de vaidade pessoal, mas por acreditar em tudo o que nele escrevi.
Como você mesmo me disse, tenho muita vontade de lutar e colaborar para que este mundo se transforme em um lugar "mais transitável". E, pelo visto, você também.
Beijão,
Lúcia Facco
O trabalho parece realmente interessante, sem falar na relevância do tema! Léo, lembro de minha apresentação no ENLIJE em 2006, aquela em que eu discuti o homoerotismo em um conto infanto-juvenil de Oscar Wilde... Os olhares de reprovação foram intensos, inclusive uma professora universitária parecia querer voar no meu pescoço! O clima de intolerância foi flagrante, a repulsa pela temática ficou evidente! Não há dúvida de como os profissionais estão despreparados para lidar com o homoerotismo nas escolas (e eu senti vontade de falar isso após a apresentação, mas não fiz, até pq extrapolei o tempo), seja na questão dos temas abordados no ensino, seja quanto ao próprio comportamento dos alunos. É um tabu, e mt gente prefere que continue assim.
Mt bem vindo, pois, o trabalho de Lúcia Facco, espero ter acesso em breve. Tem de ser publicado!!!
É com imensa alegria que informo aos leitores deste blog que a minha tese será publicada pela Summus em 2009. A previsão é que o lançamento aconteça em março.
Beijos a todos,
Lúcia Facco.
Postar um comentário