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terça-feira, setembro 18, 2007

A “Capricho” gay?

Já está nas bancas desde a última sexta-feira (14/09) a revista Junior. Dirigida pelo competente André Fischer, também diretor do MixBrasil, maior site GLS do país.
A expectativa era grande. Depois da orfandade deixada pela Sui Generis, que até hoje é a referência para este tipo de publicação, seria de esperar que a nova revista oferecesse novos olhares sobre o universo gay, se é que existe mesmo um universo paralelo. Mas a primeira impressão, no passar das folhas – rápido e ainda na rua - foi a de folhear uma Capricho, agora gay. Até truque da pele perfeita tinha. Porém, um olhar mais cuidadoso revela que Junior é mais que isso.
A revista não decepciona, ela cumpre seu objetivo. Está cheia de gente bonita, divertida e jovem. Só não se percebe nenhuma inovação no discurso da corpolatria, aliás matéria de um bom dossiê na revista.
Como diz o editorial, assinado por Fischer, a revista é “assumida sem ser militante e sensual sem ser erótica”. No entanto, a afirmação de que quem faz a revista conhece “bem de perto as especificidades da ‘comunidade’ gay no Brasil” é, no mínimo, equivocada. Gera incômodo (de um modo negativo) esta visão reducionista da questão.
O nome da revista já sugere o que será encontrado dentro dela, mas é questionável que as “especificidades” gays, no Brasil, se limitem à vida noturna, música,
corpo e afins.
As fotos têm um trabalho muito cuidadoso e correto, sem falsos pudores. Destaque para a bela foto do bailarino Marco Silva e as 12 páginas com o modelo da capa, Lucas Pitioni.
As matérias em geral são curtas, sem aprofundar as questões, porém não é certamente a proposta ser uma versão gay de Piauí, Bravo ou Cult. Ainda assim merecem atenção o texto de Hermano Silva “Boys wanna dance” - depoimentos sobre a descoberta da paixão pela dança, a relação com os pais, sonhos e inspirações de alguns bailarinos -, o dossiê “(H)alter-ego”, e o texto de Tino Monetti sobre o trabalho do polêmico Bruce LaBruce.
Comentários no orkut previam que
Junior seria uma fonte de informação para quem busca alternativa à cultura de massa e uma antecipadora de tendências. Mas cabe perguntar: mostrar uma repetição de corpos com perfil idêntico, apresentar produtos da indústria cultural, prontos para serem jovialmente consumidos, mesmo em estado de distração, não é cair na massificação débil e dependente?
É interessante, como exemplo disso, ler a matéria de depoimentos de quatro homens, de 20/30/40/50 anos. O de 25 anos revela que não gosta de malhar, "mas me disciplino”; o de 32 conclui que “é nítida a mudança no meu rosto depois que comecei a trabalhar menos, sair mais, me divertir mais”; o de 42 diz malhar “cinco vezes por semana," ... "ajuda a relaxar, além de ser um ótimo ambiente para socializar”; e o de 56 afirma “que o corpo já não funciona da mesma maneira. Mas isso não quer dizer que não funcione bem”. Perceber essa linearidade e unificação de pensamento em gerações distintas é assustador.
Se a proposta de agora é atingir, com linguagem fluida, o jovem-gay-moderno,
Junior parece cumprir seu papel. Porém, falta e sobra muita coisa. A cultura, por exemplo, como em muitas outras revistas e jornais, é erroneamente reduzida às matérias de comportamento e entretenimento.
Salvaguardadas as aspas e comentários críticos, que aqui só querem ser construtivos, há que se parabenizar quem faz a revista, haja vista as dificuldades envolvidas. Vale a pena conferir este baby que nasce com pretensões de gente grande.
Que venha o segundo número para que se possa acompanhar seu crescimento.

18 comentários:

Henrique Oliveira disse...

Sabe que ainda não li a Junior, mas vou ler amparado pelos seus comentários prévios. Não tenho hábito de comprar revistas e vou esperar que me caia uma nas mãos. Outro dia falando com amigos sobre a Capricho soube que é a publicação mais antiga para as adolescentes, faturamento absurdo pela tiragem, e patrocinadores fixos pelo público alvo bem consumista. Que a Junior tenha a mesma vida longa, quem sabe breve passe a ser mensal. Por agora estou mais interessado na Nova Consciência, da qual sou colaborador e que breve estará nas bancas do país todo, mensalmente. Forte abraço!

Anônimo disse...

Leonardo, teu blog é ótimo. Aliás, é melhor do que a revista Júnior.

Anônimo disse...

adorei a revista
Pensei até que fosse hétero porque este negócio de metrossexual as vezes confunde a gente, mas acho que esta era intenção. Gostei das matérias super leves como um drops de melão. Não gostei da matéria sobre corpo e academia, achei que precisava de uma adaptação para ficarar coerente com a revista estava muito acadêmica. A parte visual é um comentário a parte, finalmente uma revista que tem muito homem gostoso sem ser pintosa, uma delícia. Torço para que tudo dê certo e a revista vire logo mensal.
Percebi que faltou uma agenda cultural das principais capitais. Será um desafio interessante por que a proposta da revista é sair do gueto mas quais lugares frequentar sem se preocupar em achar que está ofendendo os outros, se sentindo confortável e seguro? Os points gays são muito óbvios, aqui no Rio tem partes da Lapa, mas vejamos.
Quanto ao blog, gostei muito do que escreveu e a análise está bem detalhada achei muito interessante e concordo que tem que haver ênfase na parte cultural.
E quase que esqueci as matérias que mais gostei foi a do sul americano fã da Elke e do escritor Nazarian.
Também achei que a revista estava muito musical e pouco cinematográfica.
O bom é que sei que vai melhorar, continuem com modelos lindos na capa e mantenham e inclementem a confusão da mesma sobre sua sexualidade embora saibamos que ela está bem definida.
Ah! Pensei que a revista fosse até uma versão nacional da Men's Health portuguesa.
Tomara que no futuro ao invés de CAPRICHO a compare com a VIP.
Viu como eu gostei, falei demais.
Só mais uma coisa, fiquei tão emocionado com a revista que a li de uma sentada.

Anônimo disse...

INTERESSANTE TEU COMENTÁRIO!!!!
Acho que a trajetória é esta - porpostas - que se vá o que é ruim e que permaneça e apareçam coisa boas - Nunca é demais lembrar que o "juninho" acabou de nascer!

Anônimo disse...

Gostei do comentário sobre a revista ser uma capricho gay. Antes de mais nada vamos dar uma revisada no que está sendo escrito. É chato e desagrádavel ler comentários com palavras erradas.
Acredito na revista e torço p novas e boas mudanças.

Anônimo disse...

Gostei da revista por completo. Acho que tem tudo na medida certa. Musica, Moda, Cinema. Já me conquistou!

Anônimo disse...

O conceito de 'Capricho' gay é muito relativo e eu acho que ele só tem a ver quando enxergamos que a JUNIOR é uma revista que tem como público alvo o homem gay bem informado e crítico, diferente daquelas bichinhas toscas e idiotas que acham a G Magazine "o futuro".

Anônimo disse...

Eu não tenho nada contra a G Magazine, tem boas matérias e bons profissionais nela! É uma revista com outra conotação, não vou ficar comparando! Apenas se torna uma revista limitada, pois tem conteúdo erótico, ou seja não se pode ler em qualquer lugar!

Anônimo disse...

Rodrigo, Eu adoro a G.Compro ela mensalmente a 3 anos.Tem um otimo conteudo e colunas.E leio ela em qualquer lugar.No taxi,ônibus,colegio.Só não passo pelas fotos de nudez.A G tem uma certa tradição,tanto é,que a 10 anos é a melhor revista gay do país.Como vc falou,não dá pra coomparar a G com a Junior,pois são segmentos diferentes.Seria como comparar a Playboy com a VIP ou Men's Hearth.
Junior inova e deixa uma sensação,pelo menos em mim,de quero mais,de ânsia...

Anônimo disse...

pois é, não tem como comparar as duas...
cada uma voltada p/ um público 100% distinto.
mas cada um tem sua opinião, e eu não curto mesmo a G.
desde a diagramação até o conteúdo final...

Anônimo disse...

Gostei da revista por completo. Acho que tem tudo na medida certa. Musica, Moda, Cinema. Já me conquistou!

Anônimo disse...

Leonardo é como vc disse:

"Que venha o segundo número para que se possa acompanhar seu crescimento."

Fui muito crítico a 1º edição da revista, porém sei que ela está sendo um novo marco na linha editorial relacionada ao mundo gay e que tem muito ainda o que caminhar.

Acredito sim que a revista tem muito que crescer, e vamos acompanhar esse crescimento...

Anônimo disse...

Está longe de ser uma "capricho", se vcs querem algo diferente, comprem a G magazine pra ver o pau do Alexandre Frota...

Anônimo disse...

Acho que ela está bem além...
A Capricho é muito "imatura", acho que a Revista Junior é mais consistente e aborda os temas com um conteúdo mais refinado.

Sou fã!

Anônimo disse...

Talves seja um capricho para alguns, ou simplesmente uma super revista para outro, o importante é que a revista vem para mostrar que ser "gay" no Brasil é muito mais que ser uma "bicha". Adorei o formato da revista, pois tras cultura e muitas novidades, na medida certa com um pouco de cada coisa.
Além de diversas dicas de moda e points de muito bom gosto. Torço para que revista continue com as grandes grifes e mantenha um formato para um publico mais selecionado.

Parabéns aos idealizadores!

Anônimo disse...

Adorei.
As fotos... e só... porque não consegui parar e ler alguma página... deve ser porque já passei da idade que eles querem alcançar kkkkk

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom

Anônimo disse...

Infelizmente a nudez masculina encontra-se massificada, algo como se fosse lavada, escovada com desinfetante e plastificada. Os homens estão, todos, quase iguais, não existem mais diferenças entre eles. Corpo musculoso e pelos indefectivelmente raspados. Parei de comprar a G Magazine e cheguei a pensar em assinar a JUNIOR, mas não vale a pena.