Estivemos em São Paulo neste feriadão de Corpus Christi e alguma coisa aconteceu com o meu coração, quando cruzei a Ipiranga e a Avenida São João.
Brincadeiras à parte, São Paulo é uma cidade linda, a Av. Paulista com seus postes enfeitados com vasos de flores, seus belos jovens deselegantemente discretos, seu bauru, seus museus, seus Campos... Ficarão guardados na memória, além do fato de ter encontrado amigos que até então eram apenas do universo virtual.
Sim, há uma dura poesia concreta em suas esquinas, ainda mais pra quem vem de outros sonhos felizes de cidades (João Pessoa e Rio). Mas há uma mística de cultura e civilização que ainda não tinha experimentado. Tudo bem, pode-se dizer que romantizo demais as coisas que vivo, mas esta é a minha lei e a minha questão.
A primeira parada foi no MASP, onde fiquei, pela primeira vez, frente-a-frente com o quadro A Canoa sobre o Epte, de Monet (paixão especial e singular), entre tantas outras obras.
Sim, há uma dura poesia concreta em suas esquinas, ainda mais pra quem vem de outros sonhos felizes de cidades (João Pessoa e Rio). Mas há uma mística de cultura e civilização que ainda não tinha experimentado. Tudo bem, pode-se dizer que romantizo demais as coisas que vivo, mas esta é a minha lei e a minha questão.
A primeira parada foi no MASP, onde fiquei, pela primeira vez, frente-a-frente com o quadro A Canoa sobre o Epte, de Monet (paixão especial e singular), entre tantas outras obras.
Mais tarde foi a vez de caminhar pela Av. Paulista e parar noutros espaços de arte muito interessantes, como a nova Livraria Cultura. Ao chegar ao Itaú Cultural, fui surpreendido pela presença do poeta e professor, meu amigo e orientador de projeto acadêmico, Amador Ribeiro Neto, que foi de João Pessoa especialmente para o evento Encontros de Interrogação. Assistimos juntos ao debate da noite, no qual estavam presentes Daniel Galera, Márcio Souza, Luiz Costa Lima e o grande Glauco Mattoso.
A discussão tinha como tema os sentidos e os valores da Literatura. Ouvir Glauco Mattoso é sempre uma delícia. Muito pontual, ele não faz voltas para chegar a uma resposta. Talvez por isso o mediador – Nelson de Oliveira – tenha deixado sempre Glauco tecer suas considerações após os outros debatedores.
Para quem conhece a obra, sabe que Glauco Mattoso é dono de um rigor métrico e estético que chega a perfeição. E se recusa a publicar em uma grande editora (e ficar ausente da mídia), porque, segundo ele, não quer ter seus textos cortados ou modificados, como "um copidesk de jornal". Sem meias palavras, lembrou abertamente um caso particular dessa ordem, na editora Brasiliense. Enfim, fiquei encantado ouvindo uma pessoa com uma bagagem teórica e prática como Glauco falar.
O debate questionou ainda a onda de biografias e autobiografias, levantando-se a indagação: Será que alguém que escreveu uma carta (objeto privado – teoricamente) gostaria de vê-la publicada? O que faz de uma carta, por exemplo, uma obra literária? O autor contemporâneo está retratando o seu contexto?
No dia seguinte visitamos o Museu da Língua, que até setembro apresenta a exposição Clarice Lispector – A hora da estrela (fiquei bobo em saber que temos um espaço como aquele aqui no nosso Brasil); a Pinacoteca do Estado; o Mercado Municipal; a torre do Edifício Banespa (vista incrível); e etc e tal.
Sobre o avesso do avesso do avesso do avesso? Acho que preciso voltar lá novamente e ser mais um paraioca passeando por sua garoa, numa boa!
Ah, sim, fomos à 11ª Parada GLBT, mas sobre isso escrevi um texto pro blog Transitar, caso queira ler:
http://verboemmovimento.blogspot.com/
Glauco, Daniel e Márcio, no Itaú Cultural
Muito se discutiu sobre a relação escritor versus público (recepção), escritor versus crítica, sobre o que Glauco, militante no movimento “geração mimeógrafo”, falou lucidamente: “Me recuso a ser criticado por alguém que não tenha o mínimo de conhecimento métrico e teórico”, apontando o dedo para a ferida da chamada “crítica literária” do Brasil, que discute muito mais temas e sociologias do que a estrutura dos textos, a arte literária em si.Para quem conhece a obra, sabe que Glauco Mattoso é dono de um rigor métrico e estético que chega a perfeição. E se recusa a publicar em uma grande editora (e ficar ausente da mídia), porque, segundo ele, não quer ter seus textos cortados ou modificados, como "um copidesk de jornal". Sem meias palavras, lembrou abertamente um caso particular dessa ordem, na editora Brasiliense. Enfim, fiquei encantado ouvindo uma pessoa com uma bagagem teórica e prática como Glauco falar.
O debate questionou ainda a onda de biografias e autobiografias, levantando-se a indagação: Será que alguém que escreveu uma carta (objeto privado – teoricamente) gostaria de vê-la publicada? O que faz de uma carta, por exemplo, uma obra literária? O autor contemporâneo está retratando o seu contexto?
No dia seguinte visitamos o Museu da Língua, que até setembro apresenta a exposição Clarice Lispector – A hora da estrela (fiquei bobo em saber que temos um espaço como aquele aqui no nosso Brasil); a Pinacoteca do Estado; o Mercado Municipal; a torre do Edifício Banespa (vista incrível); e etc e tal.
Sobre o avesso do avesso do avesso do avesso? Acho que preciso voltar lá novamente e ser mais um paraioca passeando por sua garoa, numa boa!
Ah, sim, fomos à 11ª Parada GLBT, mas sobre isso escrevi um texto pro blog Transitar, caso queira ler:
http://verboemmovimento.blogspot.com/
PS: as fotos (exceto a do quadro) são do Carlos.
2 comentários:
Belas palavras meu amigo, regozijo-me em saber que a minha terra cinzenta, empoeirada e poluída, mas ainda assim muito charmosa e encantadora, está deixando de ser apenas uma terra de "turismo de negócios" e apaixonando "paraiocas" que enxergam mais que as torres da Av. Paulista. Eu mesmo, paulistano nato, legítimo e nascido na Moóca, tenho um olhar atípico dessa cidade, conheço pontos que muitos desconhecem e amo apresentá-los aos amigos que nos visitam. Quanto ao tal do avesso do avesso do avesso do avesso que o Veloso sugeriu, isso é ainda um enigma para nós paulistanos. E para mim, Rita Lee existe desde que me entendo por gente! Voltem mais vezes, quem sabe da próxima com mais tempo e de carro. Adorarei levá-los para conhecer a Pedra Grande, no extremo norte da cidade, de onde é possivel avistar a cidade com um disco cinza de poluição. Ainda assim, encantador! Um forte abraço!
"Mais um paraioca passeando por sua garoa, numa boa!" =)
ótimo texto sobre Sampa Leo, é só colocar Caê no som para completar o clima.
Sempre que leio algo teu fica impressão de ter acabado de conversar pessoalmente contigo. Sua marca já está assim... delineada.
@br@ço!
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