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quarta-feira, maio 09, 2007

Música em cena I

Para falar sobre um concerto de Ennio Morricone, acredito que bastava lembrar que este ano ele recebeu um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra – que inclui trilhas para Cinema Paradiso, Os Intocáveis, A Missão e Era uma Vez na América, entre muitos outros – e postar aqui o programa da noite, mas houve mais...
O evento no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (05/05/2007) começou com a apresentação dos organizadores e a leitura de um discurso do Ministro da Cultura Gilberto Gil que, com gripe, foi lido pelo ator José Wilker.
No discurso sobre o 1º Encontro Internacional de Música de Cinema, Gil fez um apanhado da obra de Ennio Morricone, com alusões às investigações de John Cage, músico experimentalista, além de exaltar a importância da música no universo cinematográfico com um levantamento histórico do tema na produção cinematográfica do Brasil, relembrando as transformações impulsionadas pela inserção da “sétima arte” por aqui, citando a canção de Noel Rosa que diz: “O cinema falado é o grande culpado da transformação”, lembrando ainda a canção-exaltação “Cinema novo”, dele – Gil – com Caetano Veloso.
Houve uma tentativa de vaias abafadas pelos aplausos. Vejamos a versão, para isso, publicada pelo Estado de São Paulo:

"A figura mitológica do mais clássico dos compositores para cinema foi reduzida à de um "tropicalista italiano" no discurso do ministro Gilberto Gil, que não compareceu ao concerto alegando doença, encarregando a tarefa ao ator José Wilker. Motivo de riso e perplexidade geral, o interminável pronunciamento extrapolou o suportável, agravado pelo tom arrogantemente alto da voz de Wilker. Fez por merecer o princípio de vaia que tomou da platéia. Mas não vamos desperdiçar tempo e espaço com comentários sobre a intenção de polêmica implícita no discurso. A música de Morricone dispensa essas farofadas." Lauro Lisboa Garcia

Discordo de Garcia, ainda mais quando ele fala de “polêmica implícita”, pois, além de, como bem me apontou o Carlos, vaiar o Gil significar, na cabeça estreita de alguns, vaiar o Lula, isso restringe a capacidade inegável de concisão histórica elaborada pelo Ministro no texto lido, por Wilker.
Enfim, depois, acompanhado da Orquestra Petrobras Sinfônica, Morricone mostrou ao que veio. O concerto se dividiu em duas partes:

Primeira parte: Os intocáveis; Era uma vez na América; A lenda do pianista do mar; H2s; Os sicilianos; Metti una sera a cena: 2 temi; Maddalena; Três homens em conflito; Era uma vez no oeste; e Quando explode a vingança.

Intervalo: A hora de esbarrar com as celebridades presentes: Camila Pitanga, Julia Lemmertz, Wagner Moura, Letícia Spiller, Cristiani Torloni e etc e etc...

Segunda parte: A batalha de Argel; Investigações de um cidadão acima de qualquer suspeita; Sostiene Pereira; A classe operária vai ao paraíso; Pecados de guerra; Queimada; O deserto dos tártaros, Ricardo III; e A missão.

Devido aos insistentes aplausos e pedidos de bis, Morricone retornou três vezes ao palco e regeu trilhas já apresentadas. Por fim ele mesmo tirou suas partituras do púlpito para não dar margem a outros pedidos do público.
Uma noite mais que demais.

2 comentários:

Jefferson Cardoso disse...

ótimo texto!
Gostaria de ter ido! :(

Anônimo disse...

Leozinho, sem comentários pois você se supera a cada dia, visito leio e fico mais maravilhada. um abração.