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quinta-feira, junho 16, 2011

A suprema felicidade

Finalmente assisti ao filme A suprema felicidade, de Arnaldo Jabor.
Acho que nunca fiquei tão constrangido numa experiência estética como diante das cenas de nudez deste filme.
A semi-nudez das personagens das competentes atrizes Maria Flor, Mariana Lima e Tammy Di Calafiori em nada acrescentam ao desenvolvimento das ações fílmicas.
Os seios surgem tão gratuitamente desnudados que nem as próprias atrizes sabem como se portar nas cenas. Que dirá os espectadores!
É constrangedor e se foco neste ponto é porque isso, sob diferentes aspectos, se repete ao longo do filme: seja nas sequências dramáticas pintadas com tintas pesadas demais resultando no riso do descrédito, seja até mesmo na interpretação de Marco Nanini que parece perdido sem saber para onde direcionar a personagem que lhe coube.
A fotografia que tenta oferecer um clima forçado de época, e adensador do lirismo superficial, choca-se com locações desconectadas do tempo narrativo.
Aliás, os três(?) tempos narrativos parecem tão iguais em sua apresentação individual que fica difícil saber qual deles está sendo exposto.
Enfim, a melhor coisa que o filme A suprema felicidade oferece é mesmo a participação de Elke Maravilha: uma grande artista que ainda tem muito a oferecer à arte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Davino,

O constragimento é recíproco em relação aos corpos desnudos, sobretudo pelo fato da atriz Thammy de Calafiori, por exemplo, ter um corpo infantil, um rosto infantil, que em tempos de pedofilia resulta num incômodo pertubador.

Contudo, consegui entrar na narrativa pelo que ela tem de memória. Acredito que a escolha pela exibição dos corpos das atrizes pin'ups seja uma escolha intencional do Jabor que, em sua adolescência, tinha esse tipo de estímulo sexual para idealizar suas musas, bem como as atrizes de cinema.

O filme peca em muitos aspectos, até mesmo de continuísmo. Por exemplo: a história do amigo do personagem principal que se compreende homossexual e se perde numa nuvem misteriosa ficou incompleta na trama.

Nanini acaba sendo a melhor presença no filme. É só transferir a representação daquele avô afetuoso e indisciplinado para o avô que temos na memória. Sei que vamos encontrar.

Em resumo: Jabor não consegue transferir para o público uma história pessoal a ser transformada em narrativa coletiva, na memória social de todos nós. É um filme para agradar a si mesmo.