Bartleby, o escriturário foi escrito por Herman Melville em 1853, mas ainda hoje causa estranhamento: aquele incômodo nos sentidos - que ora é traduzido pelo riso, ora pela tensão.
Pré Kafka, Dickens e Dostoievski, Bartleby representa o indivíduo não adaptável: "Prefiro não (I would prefer not to)", responde a personagem a qualquer proposta de mudança no cotidiano paciente e passivo que criou para si.
"O que conta para um grande romancista, Melville, Dostoievski, Kafka ou Musil, é que as coisas permaneçam enigmáticas e, contudo, não-abstratas", diz Deleuze: apontando a desnecessidade de substanciação das coisas. O mistério de Bartebly permanece irrevelável, mas, ao mesmo tempo, soa radicalmente próximo - íntimo - de quem lhe observa.
Com adaptação e direção de João Batista, em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim, Bartebly, o escriturário consegue apresentar os mundos no mundo (conformado e contundente) do copista Bartebly: cópia, aqui, no sentido de fecundidade (copiosamente), aludindo à própria complexidade da personagem.
Cenário (Doris Rollemberg) e figurino (Mauro Leite) são funcionais para a sugestão estética e as atuações de Duda Mamberti, Gustavo Falcão, Claudio Gabriel, Eduardo Rieche e Rafael Leal se harmonizam no contexto cênico.
Embora tenha algumas cenas sublinhadas em excesso, enfadando a subjetivação do espectador, Bartleby, o escriturário alcança o objetivo de inclassificar o indefinível: as motivações do definhamento progressivo do homem: de Bartebly.
sexta-feira, maio 20, 2011
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