Apesar das controvérsias ainda hoje é possível perceber como o barroco exerce poder sobre o gosto e o estilo de vida dos brasileiros. Esse “poder” está em exposição na mostra "O barroco no popular e o popular no barroco", na CAIXA Cultural-RJ.
Sob curadoria da antropóloga Gisele Catel e da historiadora Cristina Ávila, a exposição apresenta, entre outras possibilidades, o barroco, com sua linguagem sinestésica, como “a arma ideal da colonização para a dominação de novas terras e novos povos”. Os fiéis eram arrebatados pelo deslumbre visual das peças e ritos religiosos. Tudo era motivo de festa naquele período. Não muito diferente de hoje, como observa Affonso Ávila no livro “Circularidade da ilusão” (2004).
Através da mostra observamos que, desde as exóticas pérolas baroquias – encontradas no século XVI pelos portugueses e que terminaram por dar nome ao estilo – até as procissões, cavalhadas, congados, maracatus e carnaval, o barroco é a explosão de alegria e resposta antropofágica. Affonso Ávila vai além e afirma que “o choque entre fantasia e realidade no discurso poético e literário do barroco” está presente tanto na “ludicidade artesanal” quanto na “ludicidade tecnológica da era da informática”.
De fato, a liberdade barroca nos permitiu construir a forma de vida que adotamos para o nosso país e a nossa identidade. Quando a “baroquia” se metamorfoseia em “barroca”, para nomear toda arte bizarra e irregular, ao mesmo tempo, cria o “vigor e a criatividade exuberante presentes em todas as formas da arte popular”, como sugerem as curadoras.
Entre as peças da mostra merece destaque o colar de pérolas baroquias criado por Antonio Bernardo e um altar de umbanda, consagrado pela Tenda Espírita Pai Jerônimo. Acerca deste último as curadoras lembram que “a convergência entre as religiões africanas e o catolicismo foi facilitada pelo fato das duas tradições serem fortemente ancoradas em suportes materiais e visuais de impacto sensorial profundo”. Para elas “a mão do povo é guiada pelo barroco que impregna cada gesto de artista e artesãos nos quatro cantos do país”. País que tem a fusão do sacro e do profano como marca de sua arte e estilo de vida.
Em tempo, cabe prestarmos mais atenção não somente ao barroco histórico, mas às suas repercussões e contribuições para nossa cultura, repleta de prazeres, labirintos e nós.
Texto Publicado no Jornal A União-PB 13/12/2008
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
= Show Sticky And Sweet Madonna – Muita tecnologia, imagens lindas nos telões, equipamento de som impecável (até para ajudar a voz sofrida da cantora)... tudo incrivelmente profissional e impecável. Quando ela cantou 'Like A Prayer' todo mundo foi ao delírio... Ver aquele povo todo, Maracanã lotado, banhado de chuva, suor e luz é indescritível!.
= Peça Inveja dos Anjos – Texto, cenografia e iluminação excelentes do grupo de Teatro Armazém. A boa direção só poderia ter exigido menos gritos "dramáticos" dos atores. Fundição Progresso-RJ.
= Peça Quartet – Com um texto tão complexo, confesso que fiquei com receio de assistir a uma encenação feita por dois irmãos (Beth Goulart e Paulo Goulart Filho), mas o resultado é incrivelmente impactante. Teatro Leblon-RJ
= Peça 2 p/viagem - Despretensiosa peça encena pelos jovens Miguel Thiré e Mateus Solano que agrada o público em busca de risos fáceis. Bom trabalho de voz e corpo no teatro. Teatro Cândido Mendes-RJ
= Peça Clandestinos - João Fonseca acertou em cheio na escolha do elenco. Todos interpretando (entre ficção e realidade) a saga de jovens talentos (personagens interessantes) que vêm para o Rio de Janeiro em busca de fama. Teatro da Glória-RJ.
Através da mostra observamos que, desde as exóticas pérolas baroquias – encontradas no século XVI pelos portugueses e que terminaram por dar nome ao estilo – até as procissões, cavalhadas, congados, maracatus e carnaval, o barroco é a explosão de alegria e resposta antropofágica. Affonso Ávila vai além e afirma que “o choque entre fantasia e realidade no discurso poético e literário do barroco” está presente tanto na “ludicidade artesanal” quanto na “ludicidade tecnológica da era da informática”.
De fato, a liberdade barroca nos permitiu construir a forma de vida que adotamos para o nosso país e a nossa identidade. Quando a “baroquia” se metamorfoseia em “barroca”, para nomear toda arte bizarra e irregular, ao mesmo tempo, cria o “vigor e a criatividade exuberante presentes em todas as formas da arte popular”, como sugerem as curadoras.
Entre as peças da mostra merece destaque o colar de pérolas baroquias criado por Antonio Bernardo e um altar de umbanda, consagrado pela Tenda Espírita Pai Jerônimo. Acerca deste último as curadoras lembram que “a convergência entre as religiões africanas e o catolicismo foi facilitada pelo fato das duas tradições serem fortemente ancoradas em suportes materiais e visuais de impacto sensorial profundo”. Para elas “a mão do povo é guiada pelo barroco que impregna cada gesto de artista e artesãos nos quatro cantos do país”. País que tem a fusão do sacro e do profano como marca de sua arte e estilo de vida.
Em tempo, cabe prestarmos mais atenção não somente ao barroco histórico, mas às suas repercussões e contribuições para nossa cultura, repleta de prazeres, labirintos e nós.
Texto Publicado no Jornal A União-PB 13/12/2008
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
= Show Sticky And Sweet Madonna – Muita tecnologia, imagens lindas nos telões, equipamento de som impecável (até para ajudar a voz sofrida da cantora)... tudo incrivelmente profissional e impecável. Quando ela cantou 'Like A Prayer' todo mundo foi ao delírio... Ver aquele povo todo, Maracanã lotado, banhado de chuva, suor e luz é indescritível!.
= Peça Inveja dos Anjos – Texto, cenografia e iluminação excelentes do grupo de Teatro Armazém. A boa direção só poderia ter exigido menos gritos "dramáticos" dos atores. Fundição Progresso-RJ.
= Peça Quartet – Com um texto tão complexo, confesso que fiquei com receio de assistir a uma encenação feita por dois irmãos (Beth Goulart e Paulo Goulart Filho), mas o resultado é incrivelmente impactante. Teatro Leblon-RJ
= Peça 2 p/viagem - Despretensiosa peça encena pelos jovens Miguel Thiré e Mateus Solano que agrada o público em busca de risos fáceis. Bom trabalho de voz e corpo no teatro. Teatro Cândido Mendes-RJ
= Peça Clandestinos - João Fonseca acertou em cheio na escolha do elenco. Todos interpretando (entre ficção e realidade) a saga de jovens talentos (personagens interessantes) que vêm para o Rio de Janeiro em busca de fama. Teatro da Glória-RJ.
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