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terça-feira, outubro 14, 2008

Maratona Festival do Rio 2008

Entre outros vi:

Chris & Don = Documentário sobre a vida do artista Don Bachardy e seu relacionamento com o famoso escritor Christopher Isherwood (autor dos textos que deram origem a Cabaret e Adeus Berlim, por exemplo). O filme é narrado, em sua grande parte, por Bachardy e tem cenas bem cuidadas com imagens dos dois - realizada pelos próprios Chris e Don nos anos de 1950. Destaque para as animações feitas a partir de desenhos íntimos trocados entre os dois durante a relação.

O homem que engarrafava nuvens
= O documentário-musical apresenta a vida e a obra do compositor, advogado, deputado federal e criador das leis de direito autoral, Humberto Teixeira, "o doutor do baião", como denominou Luiz Gonzaga, seu parceiro em muitas canções. O filme tem depoimentos importantes para o entendimento da evolução de nossa música. Não fosse o egotrip da filha de Teixeira, a atriz Denise Dumont, o filme seria perfeito.

Se nada mais der certo
= Cauã Reymond em eficiente atuação. Destaque para a personagem andrógina de Caroline Abras (trabalho incrível). A densidade do papel de João Miguel. E atuação sempre inquietante de Milhem Cortaz, agora como um travesti.

De repente, no inverno passado = Trata da reação da Igreja, de políticos e da sociedade italiana contra os direitos de união civil entre homossexuais italianos, a partir da visão de um casal gay que sai com uma câmera pelas ruas, entrevistando políticos e sociedade civil. As respostas são de assustar. Eles se dão conta de que vivem em uma bolha. Interessante para pensar nas nossas esferas de controle e proteção particulares.

Verônica
= Andréa Beltrão vive a professora/protagonista que dá nome ao filme. Certo dia, a professora descobre que os pais de um de seus alunos foram assassinados e o menino está sendo seguido pelo tráfico e pela polícia corrupta. Assim, ela decide proteger o garoto e salvar a própria vida, que andava sem graça. O filme tem excelentes cenas de ação e é uma oportunidade de ver a atriz num papel distante da comédia. Muito bom perceber que já somos capazes de criar um thriller policial tão bom!

Vingança = Apresenta a história de um jovem (Eron Cordeiro) do interior do Rio Grande do Sul que se vê envolvido numa trama em busca do homem que violentou sua noiva. A partir deste mote, o diretor Paulo Pons direciona o olhar do expectador para os jogos entre o sentimento de ira e a real natureza da personalidade de Miguel (Cordeiro). Só do meio para o fim do filme, quando os personagem mostram suas faces, é que a história ganha fôlego. Até então, o argurmento se arrasta por cenas dispensáveis. Mas vale a pena conferir o filme.

Paulo Gracindo, O bem amado = Paulo Gracindo (1911-1995) foi um dos atores mais populares do país. Através de depoimentos de colegas e amigos e de um rico material, o filme trata da trajetória do ator, com todas as dificuldades enfrentadas por uma vida dedicada à arte.

A guerra dos Rocha = Ary Fontoura reforça seu importante e competente trabalho como ator. O filme é mais um "cinema pipoca" do Jorge Fernando, em que três filhos vivem em pé de guerra sobre quem deve ficar com a mãe (Fontoura). Só vale mesmo pela atuação de Fontoura, no mais o roteiro é confuso e as atuações (não todas) são caricatas e estereotipadas.

Palavra (En)Cantada = De Helena Solberg o filme é fundamental para quem estuda ou pretende estudar poesia. Ele trata da aproximação entre letra e melodia, ou seja, da canção, e tenta desmistificar, a partir de argumento, tanto de teóricos, quanto de artistas a distinção entre poesia e letra de música.

Rinha = Filme com cenas reais traz à tona a polêmica sobre as lutas clandestinas em um contexto de festa regada a álcool, drogas, sexo e muitos dólares, em que ricos pagam para pobres lutarem. Filme denso, com cenas fortes e humor negro interesante. Interessante para perceber como certos conceitos hierárquicos continuam fortes na nossa sociedade.

Feliz Natal = A estréia de Selton Mello como diretor prova que ele soube tirar excelente proveito de seus trabalhos como ator. "Lavoura Arcaica", por exemplo. Com fotografia a la Antonioni, o filme "Feliz Natal" apresenta um homem que decide retornar à capital após muitos anos e encontra sua complicada família, emaranhando por recordações e problemas complexos. O filme exige atenção do público, pois tudo fica no campo da subjetividade. Nenhuma informação é dada gratuitamente.

A Erva do Rato = Baseado em dois contos de Machado de Assis - "A Causa Secreta" e "Um Esqueleto", Júlio Bressane cria um clima claustrofóbico sobre a relação de Ele (Selton Mello) e Ela (Alessandra Negrini). De textos ditados por Ele e copiados por Ela a relação passa à fotos eróticas dela que são roídas por um rato. Ele vai a loucura, enquanto Ela tem tesão. O filme causou desconforto diante de cenas em que Ele tira fotos de Ela nua em posições "ginecológicas".

Pan-Cinema Permanente = Documentário que tem como eixo temático o poeta Waly Salomão, artista que se manifestava em múltiplas direções. O filme tenta seguir, com sucesso, uma proliferação de meios para apresentar uma personalidade que sempre procurou romper a fronteira entre realidade e ficção.

3 comentários:

Moreira disse...

Que maratona deliciosa. suas observações estão ótimas. vontade de ver todos. devia publicá-las na folha. beijos

Anônimo disse...

Léo meu amigo, parabéns pelo texto, muito bem escrito, deu até vontade de ver alguns desses filmes (se eh que eles vão chegar por aqui...)
Aqui era muito pequeno pra você!

bjoss!!

Anônimo disse...

isto, esnoba mesmo.
deixa a gente aqui na província no maior complexo de culpa.
judia, judia, judia com força....

eu queria ver o rato do bressane.
adoro bressane in totum.