No último fim de semana assistimos “Dans Paris”. Terceiro longa-metragem do francês Christophe Honoré, o filme é uma delicada e masculina investigação do amor fraternal.
É importante não se deixar enganar pelos primeiros minutos do filme, que mostram o fim de um relacionamento. A abertura incômoda é apenas a justificativa para o que vem a seguir: uma linda homenagem à Nouvelle Vague de François Truffaut, na forma da história de dois irmãos.
Paul (o ótimo Romain Duris, de “Albergue espanhol”) acabou de sair de um casamento. Romântico, não sabe lidar com a perda e volta para a casa do pai (Guy Marchand), o chefe de família tão amoroso quanto desajeitado em demonstrar seu amor. Paul passa a dividir o quarto com seu irmão Jonathan (o inspiradíssimo Louis Garrel, de “Os Sonhadores”), que se envolve facilmente em conquistas amorosas.
A tristeza de Paul contrasta com a alegria de Jonathan, que resolve fazer de tudo para resgatar o irmão de seu estado melancólico. É aí que o filme estabelece a questão do amor incondicional entre os dois, o que move toda a história. Mas não há nada de convencional nela.
O filme é sobre as relações dos homens entre si e as formas de se demonstrar carinhono universo masculino. Sobre parceria e cumplicidade. As mulheres, sem que isso nunca seja depreciativo, são apenas coadjuvantes. O que importa ao filme são os personagens masculinos e a sutil relação entre "a leveza da forma e a profundidade da palavra".
Outro programa legal no fim de semana foi assistir à peça “A Mandrágora”, montada pelo grupo TAPA, que fica em cartaz, a preços populares, no Teatro de Arena da CAIXA Cultural apenas até este final de semana.
O texto foi escrito em 1503 e publicado pela primeira vez em 1524, por Nicolau Maquiavel. Ele construiu uma trama em que a conquista amorosa, com suas urgências e exaltações, servem como pretexto para desenvolver um tratado prático e saboroso sobre estratégia política, sobre a arte de envolver, manipular, convencer e, por fim, conquistar um objetivo.
Trata-se da história do jovem florentino Calímaco, interpretado por Rodrigo Lombardi – uma boa surpresa para quem conhece apenas seus trabalhos na TV -, que por conta de uma aposta com seu criado Siro (Brian Penido Ross), conhece e passa a desejar furiosamente uma mulher casada, Lucrécia (Patricia Pichamone), que não consegue engravidar de seu marido, Messer Nícia (o excelente Guilerme Santanna). Para conquistá-la, Calímaco usa da ajuda de um embusteiro (Sergio Mastropasqua), de um frei sem escrúpulos (Charles Myara) e da mãe de Lucrécia (Suely Franco), fingindo-se de médico que prescreve um tratamento a base de mandrágora, uma planta afrodisíaca.
O eco da frase do próprio Maquiavel, "Os fins justificam os meios", ressoa durante toda a peça. A partir deste mote, surgem os estratagemas para enganar o tal marido. Percebe-se, pela reação da platéia, o quanto de cartase há em assistir alguém ser ludibriado. Acostumamo-nos com isso. O "meu" desejo deve estar acima de tudo. E tudo é válido para alcançá-lo. É claro que na peça tudo é "justificado" pela personagem ímpar do tal marido, que mais de um século depois poderá ser encontrado em várias comédias de Molière, como o "Burguês Ridículo", etc...
"A Mandrágora" é considerada um marco no teatro ocidental. Mesmo que o diretor Eduardo Tolentino tenha pesado a mão na chanchada, vale a pena conferir esta montagem de um grupo teatral que sempre prima pelas boas escolhas dos textos. Aliás e a propósito, Bárbara Heliodora também recomendou a peça em sua crítica semanal, em O Globo.
Paul (o ótimo Romain Duris, de “Albergue espanhol”) acabou de sair de um casamento. Romântico, não sabe lidar com a perda e volta para a casa do pai (Guy Marchand), o chefe de família tão amoroso quanto desajeitado em demonstrar seu amor. Paul passa a dividir o quarto com seu irmão Jonathan (o inspiradíssimo Louis Garrel, de “Os Sonhadores”), que se envolve facilmente em conquistas amorosas.
A tristeza de Paul contrasta com a alegria de Jonathan, que resolve fazer de tudo para resgatar o irmão de seu estado melancólico. É aí que o filme estabelece a questão do amor incondicional entre os dois, o que move toda a história. Mas não há nada de convencional nela.
O filme é sobre as relações dos homens entre si e as formas de se demonstrar carinho
Outro programa legal no fim de semana foi assistir à peça “A Mandrágora”, montada pelo grupo TAPA, que fica em cartaz, a preços populares, no Teatro de Arena da CAIXA Cultural apenas até este final de semana.
O texto foi escrito em 1503 e publicado pela primeira vez em 1524, por Nicolau Maquiavel. Ele construiu uma trama em que a conquista amorosa, com suas urgências e exaltações, servem como pretexto para desenvolver um tratado prático e saboroso sobre estratégia política, sobre a arte de envolver, manipular, convencer e, por fim, conquistar um objetivo.
Trata-se da história do jovem florentino Calímaco, interpretado por Rodrigo Lombardi – uma boa surpresa para quem conhece apenas seus trabalhos na TV -, que por conta de uma aposta com seu criado Siro (Brian Penido Ross), conhece e passa a desejar furiosamente uma mulher casada, Lucrécia (Patricia Pichamone), que não consegue engravidar de seu marido, Messer Nícia (o excelente Guilerme Santanna). Para conquistá-la, Calímaco usa da ajuda de um embusteiro (Sergio Mastropasqua), de um frei sem escrúpulos (Charles Myara) e da mãe de Lucrécia (Suely Franco), fingindo-se de médico que prescreve um tratamento a base de mandrágora, uma planta afrodisíaca.
O eco da frase do próprio Maquiavel, "Os fins justificam os meios", ressoa durante toda a peça. A partir deste mote, surgem os estratagemas para enganar o tal marido. Percebe-se, pela reação da platéia, o quanto de cartase há em assistir alguém ser ludibriado. Acostumamo-nos com isso. O "meu" desejo deve estar acima de tudo. E tudo é válido para alcançá-lo. É claro que na peça tudo é "justificado" pela personagem ímpar do tal marido, que mais de um século depois poderá ser encontrado em várias comédias de Molière, como o "Burguês Ridículo", etc...
"A Mandrágora" é considerada um marco no teatro ocidental. Mesmo que o diretor Eduardo Tolentino tenha pesado a mão na chanchada, vale a pena conferir esta montagem de um grupo teatral que sempre prima pelas boas escolhas dos textos. Aliás e a propósito, Bárbara Heliodora também recomendou a peça em sua crítica semanal, em O Globo.
Dia 17/01 este blog completou seu primeiro ano no ar. Gostaria de agradecer muitíssimo àqueles que passam por aqui toda semana, ou de vez em quando, ou quase nunca, para dar uma conferida. Muito grato.
Sobre a questão de manter-se contemporâneo, mesmo com o passar do tempo, coisa que tenho pensado por estes dias... quero transcrever a resposta que a diva Rita Lee deu a Arnaldo Antunes quando perguntada “onde fica sua fonte rejuvenescedora”: Fico longe de shopping centers, não acredito em cremes de beleza, fujo de médicos, nunca votei no Maluf, não como cadáveres de animais e desconfio de quem fala muito em Jesus.
Pode ser!
3 comentários:
Parabéns!!!!!!!
Seu blog fica melhor a cada dia!!! Adoro ler seus textos, sempre inteligentes e lúcidos!
Grande abraço!
olá leonardo!
encontrei o seu blog!... gostei de ler o que escreve por aqui!
eu tenho um também [www.desvarios.blogger.com.br]!
Posso te favoritar por lá?!
beijos!!!
[ sou lá do curso de teatro! a Ana Helena! ]
tambem acho seus textos incriveis, acho um desperdicio folhear uma revista e ler colunas de essoas qu nao tem nocao dessa riqueza de palavras, vc poderia muito bem estar no lugar delas.
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