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sexta-feira, dezembro 07, 2007

Briga de Espadas e Muito Grito

Como comentei no rodapé anterior, aconteceu a 15ª edição do Festival de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, aqui no Rio. Além do merecido destaque dado ao grupo carioca Dzi Croquettes (foto), que nos anos 70 inspirou uma geração de artistas no Brasil com sua atitude, essa edição demonstrou a maturidade de um evento que se consolidou como um dos mais importantes do gênero.
A referência oriental foi o mote do Festival. Desde o discutível slogan “brigas de espada como você nunca viu”, passando pelo delicado filme de abertura, Spider Lilies, até o catálogo em formato de mangá. Aliás, começar o Festival com um filme de temática lésbica foi muito interessante, porque as meninas sempre fizeram queixas sobre o exíguo espaço que elas têm em eventos como esse.
A diversidade de filmes e de t
emáticas, sempre sobre o viés da sexualidade, é o que mais chama atenção para o Festival do Mix Brasil, cuja competente direção geral é de Suzy Capó. A mostra “Desbunde Total”, por exemplo, trouxe os excelentes documentários The Cockettes (grupo que inspirou o nosso Dzi Croquettes) e Os Doces Bárbaros. a “Retrô-Erótiko” reuniu os filmes americanos Nigths in Black Leather, do ícone Peter Berlin (foto), Pink Narcissus e All Male Mash Up, sempre tematizando o ambiente criativo da época do desbunde.
Quanto ao ineditismo dos filmes... Alguns deles já tinham estado na programação do Festival de Cinema do Rio e, além disso, em tempos de
banda larga, fica difícil ser inédito. Mas o esforço do Festival é exemplar. Até porque o evento vai além da mera exibição de filmes. Serve para manter em discussão esse tipo de estética.
Já entre os curtas chamou atenção a qualidade das produções. Destaco , do brasileiro Felipe Sholl, Gay Zombie, Possessão, Cowboy Forever, o trash Kali ma e VGL-Hung, entre outros.
Todas as noites entre 21h e 0h o foyer do Cine Palácio (palco dos longas, enquanto que a CAIXA Cultural abrigava os curtas) recebia um Dj diferente para fazer o povo ferver. Aliás, no dia 05 foi a festa de lançamento da 2ª edição da Revista Junior. Ainda não li toda, mas está visivelmente superior a anterior. Sinal de que experiência gera maturidade que gera
qualidade.
Mas a festa maior é sempre o esperado Show do Gongo, comandado por Marisa Orth. A fila da entrada virou pela rua ao lado. “Foi o melhor Show do Gongo da história dos shows do Gongo no Rio de Janeiro”, comentava-se. E foi sensacional mesmo. A platéia estava impossível, houve quase uma unanimidade nos aplausos, gritos, vaias e gongadas, e Marisa estava simplesmente perfeita, com sua franqueza e afetação própria para o momento.
Tirando o júri, formado por Ciro Barcellos (dos Dzi Croquettes), o ator Thiago Mendonça e as atrizes Mel Lisboa e Zezeh Barbosa, que não teve nada de interessante para acrescentar.
O curta premiado foi merecidamente A Drag a Gozar, de Kiko César, com a participação da impagável Thália Bombinha no papel da drag. Uma homenagem à obra do cineasta Humberto Mauro, A Velha A Fiar, de 1964.
Aliás, não estaria na hora de dividir o Show do Gongo por categorias? Não dá pra julgar comparativamente um vídeo amador (a maioria) com uma produção de alto nível técnico (e artístico, porque não?) como A drag a gozar. Fica a observação, mas foi uma noite memorável.
No balanço final, ficam os parabéns aos 15 anos deste Festival que com esforço e competência leva a questão da diversidade sexual para vários lugares.

TEATRO EM DIA II

Assistimos à brilhante performance de Edwin Luisi - “Eu sou minha própria mulher”, na apaixonante história de Charlotte Mahlsdorf, uma mulher no corpo de um homem, Lothar Berfeld. História real de um travesti que enfrentou as atrocidades de Hitler de roupão vermelho e colar de pérolas. Texto e interpretação impecáveis. Vale a pena curtir este delicado e elegante espetáculo.
Depois foi a vez do grandioso “
7 - o musical”. Muito bom e merece as críticas que tem recebido, porém achamos um tanto cansativo a duração de algumas cenas, além de alguns anacronismos. Situações que poderiam ser resolvidas de maneira mais rápida se estendem, talvez para justificar o gênero musical. Mas é um belo espetáculo, desde os figurinos até as performances dos atores.
E fomos arrebatados pelo sensacional “
Cada Um Com Seus Pobrema”, de Marcelo Médici. Ele vive um ator em seu camarim e leva ao palco alguns personagens. Destacamos o Último Mico-leão-dourado do Mundo (gay), Mãe Jatira (vidente que incorpora o espírito da Branca de Neve) e Smurfete (drogada e prostituída). Longe dos estereótipos, ele constrói com versatilidade e inteligência cada uma das personagens, que parecem surgir do contato direto com o mundo. Incrível!!!

5 comentários:

Anônimo disse...

Achei o vídeo sensacional! Mas acho sacanagem ele ter competido. Ele é mais sofisticado que os outros dessa categoria. Deviam ter passado na mostra comum.

Anônimo disse...

Cada vez mais estimulante o teu blog! Adoro o que vc escreve!!!
Grande abraço!

Anônimo disse...

suas palavras sao tao expressivas, q nos induz a ler td o q vc posta... demoro a aparecer, mas sempre me arrependo de ter ficado tanto tempo longe daqui; bjs, leo

Anônimo disse...

Eitá nós ai Léo! Bem nordestinamente aprendendo e trocando as culturas
com os cariocas.Simplesmente maravilhoso a quantidade e qualidade do
nivel cultural e a oportunidade que você estar tendo.Aproveite.Xêro
Grande! Elisângela (lafiana).

Anônimo disse...

Achei o festival desse ano super fraco.
A gama de filmes diminuiu. Ano passado foi muuuuuuuuuito melhor. Matei aula horrores na faculdade pra poder assistir aos filmes. E mesmo assim acabei perdendo Amor em tempos de guerra. Eu saía do CCBB e ia correndo pra Laura Alvim e saía de lah tardão pra voltar pra casa. Valeu cada dia.
Esse ano fui bastante, mas nenhum filme me motivou muito. Gostei muito do "Amor com A" e do programa de curtas "Sexy Boys"

Enfim, o unico problema foi a quantidade de filmes te diminuído significamente.
Aguardo o próximo!

Abraço