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sexta-feira, março 02, 2007

O primeiro melhor filme de 2007

2007 nem começou direito, sim, pois só agora passou o carnaval, e já temos um filme com tudo para ser o melhor desse ano: Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América. (Borat, Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan EUA, 2006).
Como o enorme e irônico título deixa claro, o personagem principal, idealizado e interpretado por Sacha Baron Cohen, também roteirista do filme, apresenta a viagem de um repórter de TV do Cazaquistão enviado aos Estados Unidos para uma série de reportagens sobre o modo de vida deste rico e poderoso país.
O filme tem conceito documental. Desde o início, quando Borat começa apresentando sua terra e sua família, percebe-se o tom do discurso que será sustentado durante o filme. A partir de então, somos bombardeados por uma série de situações, as mais inusitadas possíveis.
Em tempos de “politicamente correto”, com a sua conseqüente chatice e marasmo, erroneamente assimilados pela arte (o alardeado Babel sendo um exemplo disso, com uma conclusão em que se reitera a hegemonia americana e “folcloriza” as demais nações), Borat está na contra-mão.
Deficientes, negros, gordos, gays, mulheres etc e tal são ridicularizados o tempo todo, num "desperdício" de imagens e diálogos resultando numa condensação de informações e discussões inteligentes . Destaque para a cena em que o presidente Bush é “exaltado” às avessas no meio de um rodeio no interior dos Estados Unidos; para o momento em que Borat participa de uma parada gay sem saber do que se trata, apenas porque ali, os homens se beijavam, conforme é comum na sua terra; e para a briga que Borat tem com seu diretor. É com, digamos, “ingenuidade e deslumbre de colonizado”, que Borat consegue dar leveza às ácidas críticas e autocríticas do filme.
O roteiro consegue tratar de uma boa quantidade de temas políticos e sociais sem perde o fôlego. No filme, e isso é o mais importante, há o “ridículo pelo ridículo”, causando um esvaziamento absoluto dos conceitos impostos, o que, sem dúvida, gera uma inquietação em quem vê, mas, caso quem está assistindo ao filme se permita, gera também inúmeras reflexões sobre o modo como estamos levando a vida.
Certamente é um daqueles filmes pra gostar ou odiar. Eu gostei muito! Ri muito, ri de mim mesmo, muitas vezes, coisa difícil em épocas tão complicadas quanto a que nossa sociedade está vivendo, em que agimos de forma cada vez mais carrancuda e individual.

2 comentários:

Jefferson Cardoso disse...

Oi Leo, materializaste num blog algo que estive pensando em fazer... comentar sobre os rumos da humanidade hehe!
Claro que a priori sempre na nossa amada tríade: cinema, literatura e música!
Vou criar um para mim assim que puder.
Creio que depois de anos minha inspiração voltou! Depois te mando algo que tenho rabiscado por estas folhas ansiosas por belas palavras!
@br@ço!

Robson de Moura disse...

Leonardo, seu comentário sobre o filme 'tristca' em outro que li, e gostei, feito por um filósofo brasileiro que gosto muito. Estou enviando pra ti para que você mesmo possa imaginar o que gostei no que escreveu sobre o Borat.

Abs!