
Mas a perdi de vista. Voltei a vê-la, e ouvi-la, para minha surpresa, no elenco do musical “Cauby! Cauby!”, interpretando a imbatível Ângela Maria. Descobri que Marya Bravo é cantriz: e fiquei encantado com sua presença enriquecedora nos musicais “Beatles num céu de diamantes”, “7: o musical” e “Oui...Oui... A França é aqui”, entre outros.
Foi com expectativa que ouvi seu primeiro disco: “Água demais por ti” (2009), produzido por Carlos Trilha. Aqui se pode perceber a potência da voz de Marya: essa garota má que, através da generosidade com que oferece seu dom – (trans)piração – de cantar, arrasta o ouvinte à afirmação da vida através da música: respirações, silêncios, manejos, alturas, posições do som.
No show do disco, sua presença de palco, com a experiência dramática dos musicais que participa, tem a tragicidade (dor e prazer se autodevorando) que entontece e diz sim: desdobra o expectador para dentro e para fora. Sua voz é sua vida (real) e se torna, de viés, por um tempo, enquanto dura a audição, o show, nossa vida (mais real). Mundos no mundo.
Na pele de uma diva dadivosa, eternamente ressacada (bebericando whisky), dos palcos dos (sub)mundos, Marya – a princesa de botina preta, garota má – coroa e destrona a si mesma, rasga a fantasia, cria outras (mais alegres, mais tristes), para roçar a pele de quem lhe ouve. Com cada nota meticulosamente sentida, penetra e faz eco: forte, rock pesado, sem dó – má.
O show de Marya Bravo, na companhia da excelente Banda Rockz, é delícia e estranhamento (consolo e desconforto); aponta que a ficção cria a realidade: tudo e nada não passam de ilusões, mentiras sinceras que criamos para consolar nossa (eterna) busca por verdade. Aliás, Marya sabe disso, sua voz lhe denuncia, a única verdade possível é a verdade estética, sobre a qual Marya Bravo é dona, rainha e sereia: sempre má.
Texto publicado no jornal A União, em 17/09/2010
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
Foi com expectativa que ouvi seu primeiro disco: “Água demais por ti” (2009), produzido por Carlos Trilha. Aqui se pode perceber a potência da voz de Marya: essa garota má que, através da generosidade com que oferece seu dom – (trans)piração – de cantar, arrasta o ouvinte à afirmação da vida através da música: respirações, silêncios, manejos, alturas, posições do som.
No show do disco, sua presença de palco, com a experiência dramática dos musicais que participa, tem a tragicidade (dor e prazer se autodevorando) que entontece e diz sim: desdobra o expectador para dentro e para fora. Sua voz é sua vida (real) e se torna, de viés, por um tempo, enquanto dura a audição, o show, nossa vida (mais real). Mundos no mundo.
Na pele de uma diva dadivosa, eternamente ressacada (bebericando whisky), dos palcos dos (sub)mundos, Marya – a princesa de botina preta, garota má – coroa e destrona a si mesma, rasga a fantasia, cria outras (mais alegres, mais tristes), para roçar a pele de quem lhe ouve. Com cada nota meticulosamente sentida, penetra e faz eco: forte, rock pesado, sem dó – má.
O show de Marya Bravo, na companhia da excelente Banda Rockz, é delícia e estranhamento (consolo e desconforto); aponta que a ficção cria a realidade: tudo e nada não passam de ilusões, mentiras sinceras que criamos para consolar nossa (eterna) busca por verdade. Aliás, Marya sabe disso, sua voz lhe denuncia, a única verdade possível é a verdade estética, sobre a qual Marya Bravo é dona, rainha e sereia: sempre má.
Texto publicado no jornal A União, em 17/09/2010
Entre outros, ouvi, vi e li, por estes dias:
- Filme Tudo pode dar certo - O tempo só faz bem a Woody Allen. O filme flui leve, mas é cortante como uma folha nova (e em branco) de papel.
- Filme A origem - Une ação e reflexão. Imagens incríveis e tema denso.
- Filme Meu malvado favorito - Peca pelo final "redondo demais".
- Filme Salt - Boas imagens e investigações sobre tema contemporâneo.
- Filme Coco Chanel & Igor Stravinsky - Direção de câmera estonteante!!!.
- Filme A ressaca - Vale pelo mote daquilo que, se pudéssemos voltar atrás, modificaríamos ou não.
- Filme Solomon Kane - Um antiherói com vigor.
- Peça Casting - Para rir a veras.
- Peça Epheitos colaterais Novas methamophosis - Arrebatedor: texto incrível e atuações impagáveis.
- Peça Devassa - O teatro como happening: muito bom!
- Peça Mulheres que bebem vodka - Tiques e afetações no grau exato.
- Peça Hipóteses - Assistir às montagens de Os Satyros é sempre um mergulho para dentro.
- Peça Orfeu - É sofisticado, mas falta certo glamour orgânico ao espaço cênico.
- Dança 4x4 - Plasticamente, o ato com os vasos de cerâmica é lindo.
- Exposição Fernando Pessoa - Apesar de pequena, um banho de Pessoa na pessoa.
- Filme A origem - Une ação e reflexão. Imagens incríveis e tema denso.
- Filme Meu malvado favorito - Peca pelo final "redondo demais".
- Filme Salt - Boas imagens e investigações sobre tema contemporâneo.
- Filme Coco Chanel & Igor Stravinsky - Direção de câmera estonteante!!!.
- Filme A ressaca - Vale pelo mote daquilo que, se pudéssemos voltar atrás, modificaríamos ou não.
- Filme Solomon Kane - Um antiherói com vigor.
- Peça Casting - Para rir a veras.
- Peça Epheitos colaterais Novas methamophosis - Arrebatedor: texto incrível e atuações impagáveis.
- Peça Devassa - O teatro como happening: muito bom!
- Peça Mulheres que bebem vodka - Tiques e afetações no grau exato.
- Peça Hipóteses - Assistir às montagens de Os Satyros é sempre um mergulho para dentro.
- Peça Orfeu - É sofisticado, mas falta certo glamour orgânico ao espaço cênico.
- Dança 4x4 - Plasticamente, o ato com os vasos de cerâmica é lindo.
- Exposição Fernando Pessoa - Apesar de pequena, um banho de Pessoa na pessoa.