
Definida como “peça de câmara sobre a obra de Shklovsky, Elsa Triolet, Vladimir Maiakowsky e Lilia Brik”, mas sem um autor definido para o texto encenado, Não sobre o amor, do diretor Felipe Hirsch, tem a liberdade de manipular as citações da melhor forma a atingir a metáfora sobre a morte emocional de um homem exilado de sua pátria.
A cena é dividida entre a narração das “lembranças” de Shklovsky e acontecimentos produzidos em sua mente, terreno onde Alya toma forma. Alya representa “a juventude e a autoconfiança perdidas”. O personagem é uma metáfora porque, de fato nunca existiu. O verdadeiro alvo da paixão de Shklovsky era a escritora Elsa Triolet, quem pedia veementemente que ele não falasse de amor nas cartas que lhe enviava. Esta, aliás, é a razão do estranho título da peça.
Assim, amor e exílio, nostalgia e memória, realidade e forjamento, compõem os elementos dramáticos que resultam num inquietante desconforto. Reforçados pelas inusitadas marcações cênicas que levam Leonardo Medeiros e Arieta Corrêa, Shklovsky e Alya respectivamente, a subir pelas paredes. Além disso, compõem a encenação não-realista, projeções e o cenário minimalista (ao extremo) de Daniela Thomas, onde se supõe um quarto de hospedagem qualquer – com toda a impessoalidade.
Hirsch disse, em entrevista a revista Carta Capital: “Trata-se de um espetáculo muito delicado. O mais difícil da minha vida”. O que demonstra toda a precisão e o cuidado com que o diretor trabalha a obra.
Não Sobre o Amor é um belo exemplo de como atores com formação clássica, aliados a uma encenação sutilmente moderna e uma direção consciente e inspirada podem resultar em um espetáculo sensível e íntimo para qualquer público.
A cena é dividida entre a narração das “lembranças” de Shklovsky e acontecimentos produzidos em sua mente, terreno onde Alya toma forma. Alya representa “a juventude e a autoconfiança perdidas”. O personagem é uma metáfora porque, de fato nunca existiu. O verdadeiro alvo da paixão de Shklovsky era a escritora Elsa Triolet, quem pedia veementemente que ele não falasse de amor nas cartas que lhe enviava. Esta, aliás, é a razão do estranho título da peça.
Assim, amor e exílio, nostalgia e memória, realidade e forjamento, compõem os elementos dramáticos que resultam num inquietante desconforto. Reforçados pelas inusitadas marcações cênicas que levam Leonardo Medeiros e Arieta Corrêa, Shklovsky e Alya respectivamente, a subir pelas paredes. Além disso, compõem a encenação não-realista, projeções e o cenário minimalista (ao extremo) de Daniela Thomas, onde se supõe um quarto de hospedagem qualquer – com toda a impessoalidade.
Hirsch disse, em entrevista a revista Carta Capital: “Trata-se de um espetáculo muito delicado. O mais difícil da minha vida”. O que demonstra toda a precisão e o cuidado com que o diretor trabalha a obra.
Não Sobre o Amor é um belo exemplo de como atores com formação clássica, aliados a uma encenação sutilmente moderna e uma direção consciente e inspirada podem resultar em um espetáculo sensível e íntimo para qualquer público.
Não Sobre o Amor – Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil – até 04 de maio.