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terça-feira, outubro 23, 2007

Um Gringo em exposição

Sob a curadoria de Heloisa Buarque de Hollanda e Eva Doris Rosental, está em cartaz só até dia 04 de novembro, no Centro Cultural Correios, no Rio, a exposição “Gringo Cardia de Todas as Tribos”.
Trata-se na verdade de um portfolio de quase três décadas da produção de Gringo Cardia, designer gráfico, cenógrafo, arquiteto, diretor de arte, diretor de videoclipes, de teatro, de desfile de moda, entre outras atividades.
Gringo Cardia de Todas as Tribos” conta o percurso deste artista multimídia, desde suas inspirações às realizações nas artes cênicas, na dança – com a sempre parceira Deborah Colker, além da Intrépida Trupe –, na música, no cinema, em vídeo, design, design gráfico, videografismo, moda e TV.
A mostra reúne maquetes, clipes e vídeos, capas de discos, figurinos, fotografias e peças gráficas.
A exposição dedica um espaço especial a uma amostragem dos mais de 50 videoclipes assinados por Gringo, junto com suas criações em videografismo.
Já o núcleo da arte da periferia reúne seus trabalhos junto ao AfroReggae, à Central Única das Favelas (CUFA), ao Hutúz, e à escola Spectaculu, de arte e tecnologia – dirigida junto com a atriz Marisa Orth – e que integra cerca de 350 alunos adolescentes que aprendem computação gráfica, vídeo, fotografia, design gráfico e consciência crítica.
O gaúcho Gringo Cardia, hoje com 50 anos, começou a desenhar cartazes, convites e programas para o show business no final de 1970. Desde então, passaram pela sua íris de muitos arcos centenas de eventos e artistas. Maria Bethânia, Marisa Monte, Chico Buarque, Rita Lee, Xuxa, Skank, Carlinhos Brown, Lulu Santos, Marina Lima, entre outros. Mais de 100 peças de teatro tiveram cenário assinado por ele.
Na moda, dirigiu e cenografou desfiles, na São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio. Destaco ainda em seu currículo o luxuosíssimo Museu das Telecomunicações no Rio de Janeiro, instalado no prédio da Oi Futuro.
Se a contemporaneidade é realmente marcada pelo produto das inter-relações de diversas mídias, essencialmente visuais: a televisão, o vídeo, o cinema, o DVD, a música, a telefonia, o rádio, os jornais e revistas impressas, a fotografia, a internet, o plasma, a arte de Gringo Cardia exemplifica e tematiza bem isso. Mas há sempre uma nostalgia por traz de sua obra, basta atentar para suas inspirações. Unir clássico e ultra-moderno, cult e pop é o que se percebe como meta do artista.
É, sem dúvida, uma oportunidade excelente de observar não só o produto final, mas todo o processo de feitura das obras, a partir das influências e matrizes, deste designer da linguagem visual.
Vale muito a pena conferir.
Lembrando: só até 04 de novembro. Não perca tempo!

RODAPÉ:
Está em cartaz nos cinemas desde sexta-feira “Superbad”, do mesmo diretor de “O virgem de 40 anos”. O filme tem sido aclamado como a melhor comédia do ano. Até o bonequinho de O Globo está aplaudindo de pé. Aliás, o "crítico" confundiu o estilo rapper do jovem americano de hoje falar com o estilo de Woody Allen... Porém, longe de todos os confetes midiáticos, que tão bem entendemos, e mesmo com um elenco desempenhando bem os razoáveis papéis que lhe cabem, o filme não passa de apenas mais uma comédia sobre o quão é desconcertante ser jovem. E no saldo final, apenas proporciona umas poucas risadas.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Festival do Rio 2007

Adaptações e comentários sobre a sinopse oficial de alguns filmes que assisti no Festival de Cinema do Rio 2007:
Amor e outros desastres
- Jacks é uma jovem americana alegre e cheia de energia. Ela mora em Londres e trabalha na revista de moda Vogue. Hiperativa, não pára de falar e tem como especialidade arranjar “pares perfeitos” para seus amigos próximos: Tallulah, caçadora neurótica de homens e Peter, gay aspirante a escritor, com quem ela divide apartamento. Jacks se gaba de ter o melhor radar para gays da cidade e faz de Peter o principal objeto de suas tramas casamenteiras. Quando o atraente Paolo começa a trabalhar no estúdio da revista como assistente do fotógrafo, Jacks decide armar para juntar os dois. Um filme despretensioso, mas que surpreende com as questões que aborda.
Antes que eu esqueça - Pierre é um escritor de 58 anos, portador do vírus da Aids, que vive na mais completa solidão. Preso ao passado, não consegue inspiração para escrever. Tentando furar o bloque
io criativo, ingere remédios em série. Nesse estado, ele descobre que seu antigo companheiro faleceu. Nos dias seguintes, desesperado, precisará enfrentar a polícia, a família, as doenças, e, com velhos amigos, lembrar da juventude perdida. Com a ajuda de um gigolô, no entanto, Pierre fará um esforço final para realizar suas últimas fantasias. O filme mostra o quão deprimente pode chegar a existência do ser humano.
Grindhouse (dois filmes): Planet Terror - O casal de médicos William e Dakota Block é surpreendido no hospital por uma multidão de homens e mulheres cheios de feridas e mutilações, que vagam com um suspeito olhar perdido. Entre eles está Cherry, uma dançarina de boate cuja perna foi arrancada num ataque noturno. Com uma metralhadora no lugar da perna decepada, ela vai liderar, acompanhada por El Wray, um exército de inválidos assassinos. Eles avançarão sobre a cidade, deixando poucos desesperados sobreviventes num planeta de terror. Filme duplo realizado a quatro mãos com Quentin Tarantino. Death proof
- Ao cair da noite, Jungle Julia, a DJ mais sexy de Austin, pode enfim se divertir com as suas duas melhores amigas. As três garotas saem noite adentro, atraindo a atenção de todos os freqüentadores masculinos dos bares e boates do Texas. Mas nem toda a atenção é inocente. Cobrindo de perto seus movimentos, está Stuntman Mike, um rebelde inquieto e temperamental, que se esconde atrás do volante do seu carro indestrutível. Filme realizado em parceria com Robert Rodriguez. Imperdível! Ambos.
Jihad do amor - Muhsin Hendricks é um imã sul-africano condenado por assumir publicamente a sua homessexualidade. No Egito, onde ser gay é ilegal, o jovem Mazen é obrigado a fugir depois de ser preso e torturado por estar numa boate gay no momento em que esta foi invadida pela polícia. Uma mãe muçulmana na Turquia aceita o casamento lésbico de sua filha mais velha. Quatro gays iranianos fogem de seu país e buscam asilo no Canadá. Estas e outras histórias formam um painel que, pela primeira vez, explora a complexa relação entre o Islã e a homossexualidade, em um documentário muito bem acabado.
La Leon - Álvaro leva uma vida humilde numa ilha remota da Argentina. A pesca e o corte de cana-de-açúcar são suas únicas fontes de renda. Sua inclinação homoerótica o torna tão estranho a este ambiente quanto o seu amor pelos livros. A única ligação entre a ilha e o continente é o pequeno barco El León, comandado pelo marinheiro Turu, que vê em Álvaro uma ameaça aos valores da pequena comunidade. O conflito entre os dois provará que a agressividade de Turu é apenas um modo de esconder a sua própria confusão emocional. A fotografia paga o filme, apesar de sua confusa narrativa.

L’avie em rose - A vida da grande Edith Piaf foi sempre uma batalha. Abandonada pela mãe, foi criada pela avó, dona de um bordel na Normandia. Dos três aos sete anos de idade, fica cega, recuperando-se milagrosamente. Mais tarde vive com o pai alcoólatra, a quem abandona aos 15 anos para cantar nas ruas de Paris. E
m 1935 é descoberta por um dono de boate e neste mesmo ano grava seu primeiro disco. A vida sofrida é coroada com o sucesso internacional. Fama, dinheiro, amizades, mas também a constante vigilância da opinião pública. Altos e baixos da voz que marcou gerações. As idas e vindas do enredo, na pretensão de ser moderno, atrapalha a transmissão dos fatos.
O acompanhante - Carter Page III tem um trabalho bastante atípico. Ele vive de acompanhar senhoras da elite de Washington a óperas, jantares e jogos de cartas. Por isso, quando Lynn Lockner, a esposa de um senador, encontra seu amante morto, é a Carter que ela pede ajuda. Para protegê-la, ele diz ter sido a pessoa que descobriu o corpo. Mas esse gesto de bondade tornará Carter o maior suspeito do assassinato. De repente, ele se vê preso numa rede de intrigas e rumores. Abandonado pelos amigos, só resta a Carter correr contra o tempo e tentar provar sua inocência. Apesar de previsível, o filme tem boas atuações.
Olhe para mim, querido - Através dos depoimentos de Stephen Frears, Gus Van Sant, François Ozon entre outros, é revelada a trajetória do cinema gay nas últimas décadas, desde a sua emergência até a sua tomada de consciência como gênero consolidado. Diretores como Pedro Almodóvar, Ang Lee e Derek Jarman, com as suas expressões cinematográficas particulares e personagens inovadores, transformaram o cinema e os hábitos do público. Trechos de filmes que se tornaram marcos do cinema gay e do cinema como um todo são encenados e
projetados em cenários como um cinema pornô ou um banheiro público masculino. Imperdível e certamente torna-se uma antologia para o gênero, pós-AIDS.
Shortbus - Vários jovens de Nova York encontram-se num salão infame e underground chamado Shortbus, onde se deparam com situações cômicas e trágicas envolvendo amor, música, política e sexo. Sofia é a terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo e por isto fingiu durante anos para seu marido, Rob. Ela conhece Severin, uma dominatrix que tenta ajudá-la. Entre os clientes de Sofia está o casal gay James e Jamie, que começa uma relação aberta com Ceth. O filme sugere uma forma de diminuir a pressão pós-ataques terroristas de 2001 e assim reconciliar melhor as pessoas. Na minha opinião, o melhor filme do Festival.
The notorious Bettir Page - Bettie nasceu numa família interiorana, muito religiosa. Decidida a mudar de vida, a jovem partiu rumo à Nova York. Um dia, passeando pela praia, encontrou um fotógrafo amador, e aceitou fazer algumas poses despretenciosas. Sua beleza e sensualidade chamaram atenção, e Bettie iniciou uma carreira de modelo fotográfica. Rapidamente tornou-se uma das mais famosas pin-up’s do país, esbanjando alegria e erotismo. Mas, em 1955, um senador americano iniciou uma dura investigação sobre a influência da pornografia na juventude do país. E Bettie acabou sendo transformada num exemplo de imoralidade. Maravilhoso, mas muito comportado, até porque foi feito pela HBO.
Tropa de Elite - No Rio de Janeiro de 1997, Nascimento é um capitão do BOPE, a Tropa de Elite da Polícia Militar. Ele é indicado para comandar uma operação que combaterá o tráfico de drogas no morro do Turano. Isso porque o Papa visitará o país e vai dormir uma noite na casa do cardeal-arcebispo perto dali. Chefiando uma missão que lhe parece absurda, Nascimento procura um substituto. É quando os policiais Neto e Matias entram para a corporação. O primeiro se destaca pela coragem, o segundo pela inteligência e ambos pela honestidade. Se pudesse reunir todas essas qualidades num homem só já teria achado o seu candidato. Haja vista tanto barulho por nada, em torno do filme, vale a pena ver.
Zoofilia
- Em 2 de julho de 2005, um homem de Seattle foi deixado, quase morto, às portas de um hospital, com perfuração no cólon. Logo em seguida, os detetives descobriram, perto dali, uma fazenda vazia, onde um grupo secreto de zóofilos, formados por homens vindos dos quatro cantos do planeta, costumava manter relações sexuais com cavalos da raça garanhão árabe. Na fazenda, a polícia ainda descobriu centenas de fitas de video, com imagens registrando as experiências. Explorado pela imprensa de forma sensacionalista, o incidente chocou a sociedade. Com uma boa matéria na mão, o documentário se perde ao exagerar nos limites entre ficção e realidade.

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RODAPÉ: Está no Rio a famosa e divertida "Cow Parade", maior evento de arte de rua do mundo. Mas bem que por aqui poderia se chamar "Cow Zona Sul Parade", pois apenas duas ou três vaquinhas, dignaram-se visitar outras áreas da cidade maravilhosa.