Tencionar as potências e as fragilidades do
desejo (vontade e impossibilidade), desse desejo direcionado ao saber, o que já
é em si uma ação política, me parece, é o que define a vida moderna. Mas isso pode ser expandido ao
nosso tempo.
É
por aí que leio a contundente beleza terrível de um capítulo como o “Um
mundo de gente”, do livro Há mundo por vir?, de Déborah Danowski e Eduardo
Viveiros de Castro. Estar na travessia entre a irreversibilidade do feito e o
desejo de fazer parece nos constituir.
Concluí
o livro com a sensação de que urge falharmos mais como homem para podermos onçar,
como no conto rosiano “Meu tio o Iauaretê”. Querer ser homem, diferenciando-nos
ao máximo dos outros animais, parece, tem nos levado ao colapso. Antes
tivéssemos querido ser onça. Ou jabuti.