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segunda-feira, janeiro 20, 2014

Ricardo III

Ao despojarem a peça shakespeariana de toda pompa circunstancial, Gustavo Gasparani e Sergio Módena criam um Ricardo III singular e não menos potente. O investimento na lucidez vocal de Gasparani faz a peça exigir imaginação e pensamento do público. E só por isso já mereceria atenção, pois nos leva a "ver aquilo que não vemos": eis o golpe da arte.
Porém, aliados a isso, é preciso destacar os jogos cênicos desenvolvidos por um Gasparani ora comentador, e, por isso, próximo ao espectador, porque "humano", ora ator desdobrado num elenco de personagens grandiosas e diversas.
Ao final, o Ricardo que na parte III de "Henrique VI", também de Shakespeare, diz "posso sorrir e assassinar enquanto sorrir; posso gritar 'Contente!' aos que atormentam meu coração; posso molhar meu rosto com lágrimas hipócritas e compor minha face para todas as ocasiões! Afogarei mais marinheiros do que a sereia; matarei mais admiradores do que o basilisco, representarei o papel de orador tão bem quanto Nestor, enganarei mais astutamente do que Ulisses e tomarei outra Tróia como um Sínon. Sou capaz de acrescentar cores ao camaleão, de lutar em metamorfoses como Proteu, de enviar à escola o sanguinário Maquiavel" apresenta-se por inteiro diante de nós.

domingo, janeiro 05, 2014

12 anos de escravidão

O filme 12 anos de escravidão fala das coisas do Brasil e seu racismo antigo intacto. Mostra que autonomia não rima com liberdade. Ou, como cantam Wisnik e Mautner: "A liberdade é bonita, mas não é infinita! Eu quero que você me acredite, a liberdade é a consciência do limite. E o resto, me entenda, é desconcentração de renda!". Deixa a pergunta: até quando tanto horror perante os céus?