Pesquisar neste blog

domingo, fevereiro 26, 2012

Oscar 2012: os candidatos

Em ordem alfabética do título (em português):

A árvore da vida: O tratamento dado à transição e ao equilíbrio entre inocência e desilusão é digno de nota. O filme acompanha a empreitada em busca da consciência-de-si e é comovente em alguns bons momentos.
A invenção de Hugo Cabret: Um tocante elogio ao cinema, à arte cinematográfica. Digna homenagem ao trabalho de Georges Méliès. Feito para o suporte 3D, o filme tem tomadas de tirar o fôlego e um roteiro muito bem armado. Pastelão, sentimentalismo e ótimas atuações se equilibram bem e montam um filme inesquecível. É meu candidato número dois.
Cavalo de guerra
: Pretensioso, cheio de clichês e gradiloquências dignas de alguns filmes deste diretor, apesar da boa história e do roteiro confuso, mas funcional dentro da proposta.
História cruzadas
: Contundente! Propício para o momento em que vivemos: quando o pseudo "politicamente correto" é mal entendido e praticado, engessando afetos e limitando conhecimentos.
Meia-noite em Paris
: É uma bela homenagem à história da literatura e da arte. Qual é a melhor época para se viver? Esta pergunta atravessa o filme de Woody Allen e leva o personagem Gil (Owen Wilson) a ir fundo no labirinto do tempo até encontrar seu lugar ficcional no mundo.
O artista
: Um filme todo perfeitinho, montado para emocionar e ganhar prêmios. Jean Dujardin está soberbo. O filme todo é um elogio ao cinema e ao silêncio em tempos barulhentos e ensurdecedores. É meu candidato número um.
O homem que mudou o jogo
: Até agora não entendi como este filme entrou na lista da Academia. Tudo bem que o Brad Pitt está enganando melhor como ator, mas o drama fílmico é tão batido.
Os descendentes
: Foca no "novo homem", um ser mais sensível, que chora e sofre de problemas familiares e pessoais outrora limitados ao universo feminino. Com narrativa simples, mostra um George Clooney desglamourizado.
Tão forte e tão perto
: Luto e superação são as forças que movimentam as personagens do filme. Lágrimas, alguns sorrisos e força para continuar surgem como respostas possíveis ao trágico 11 de setembro. Mas tudo orquestrado com a segurança habitual do diretor Stephen Daldry.

sábado, fevereiro 25, 2012

As canções que você dançou pra mim

O espetáculo de dança As canções que você dançou pra mim é cartático: atinge o público naquele lugar onde a vida pulsa: na memória - na sede da individuação. E é exatamente quando assume o viés espetacular que a catarse alcança picos de estesia.
Alex Neoral é o responsável pela difícil, mas prazerosa, tarefa de editar fragmentos de discursos cancionais entoados pela voz de Roberto Carlos ao longo da carreira: as várias fases e faces do rei. E de criar situações que induzam os corpos em cena ao movimento, à dança, à tradução plástica.
E são tantas canções! Muitas reiteram o amor e suas consequências emocionais, físicas. Outras convidam à festa, à vida em coletivo. E a coreografia e direção de Neoral sabe utilizar bem tais conjunções e disjunções.
Além do próprio Alex Neoral, Carol Pires, Clarice Silva, Marcio Jahú, Marisa Travassos, Mônica Burity, Rodrigo Werneck e Thiago Sancho dão vida às personagens – sempre tão próximas dos desejos e dos anseios do público – cantadas por Roberto Carlos, não à toa, considerado rei.
Queira, ou não queira, as canções que Roberto cantou fazem parte de nossa história, estão entranhadas ao nosso imaginário cotidiano. Mais uma dificuldade enfrentada com rigor e sem assombro pelas personagens em cena.
Assim, As canções que você dançou pra mim dignifica a obra de Roberto: mistura diversos registros, de épocas diferentes, em um rodopio cancional propiciado pela mixagem técnica e figurativizado em cena nas gestualidades corporais passionais - enche os olhos e mexe com o coração.
A luz de Binho Schaeffer e o figurino de André Vidal também merecem atenção, pois criam o ambiente-momento-mais-perfeito à movimentação das personagens. Não há um fio narrativo, muito menos temporal. O que impera são os estilhaços, as idas e vindas, perdas e danos de sensações do amor mais que indiscreto cantado pelo rei.
As canções que você dançou pra mim é sensível e cheio de tesão, como as canções que Roberto Carlos cantou e imortalizou em performances vocais inconfundíveis: algumas já esquecidas até pelos fãs mais dedicados e pelos pesquisadores de canção, como eu.
Sem receio de mandar o mais para o inferno, e aqui mora o segredo do espetáculo, a Focus Cia. de Dança recolhe pérolas raras e lugares comuns do rei, para transformá-los em vigor, dança e glória.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Heartbeat - Nan Goldin

Enquanto passeava na abertura da exposição Heartbeat (MAM RJ), fiquei procurando os motivos que levaram o trabalho de Nan Goldin a ser proibido em outro centro cultural da cidade. A censura e a proibição são sempre assustadoras, ainda mais para nós que já passamos por isso há pouco tempo.
Confesso que não encontrei os tais motivos.
De fato, revi o trabalho de uma fotógrafa que consegue tão grande intimidade com seu(s) fotografado(s) que faz da câmara um objeto completamente ôrganico (hibridizado) à cena capturada.
Cheguei à conclusão de que Nan Goldin fotografa pessoas em estado-de-vida, ela quer capturar os afetos (agrados e desagrados) que movem seus parceiros de cena.
Há erotismo? Há. Há genitálias à mostra? Há. Mas aí está a assinatura de Goldin: o erotismo e o sexo explícito estão em consonância com os afetos das pessoas.
Levo-me a crer que talvez seja isso que incomode tanto, num país onde mantemos a moral por um fio (dental).
Em tempo: a exposição Heartbeat fica em cartaz até 08 de abril.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Criolo

Criolo
Nó na orelha
Circo Voador
04/02/2012

Porque vergonha para um homem
é não ter caráter e se passar por artista.
Não precisa morrer para ver Deus
Não precisa sofrer para saber o que é melhor pra você.
Fique atento irmão,
quando te oferecem o caminho mais fácil
Onda para na pedra / Pedra não segura mar
Quem segura mar é lua / Num agrado pra Iemanjá
Aqui ninguém vai pro céu.